Logo O POVO+
CNJ afasta juiz Marcelo Bretas
Politica

CNJ afasta juiz Marcelo Bretas

| LAVA JATO |
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
O juiz Federal titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, Marcelo Bretas, fala durante Simpósio de Combate à Corrupção, na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro. (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil O juiz Federal titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, Marcelo Bretas, fala durante Simpósio de Combate à Corrupção, na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu nessa terça-feira, 28, afastar o juiz Marcelo Bretas da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, responsável pelos processos derivados da extinta Operação Lava Jato em tramitação no Estado. O placar foi de 11 votos a 3. Os conselheiros também abriram investigações internas sobre a conduta do juiz. Nesse ponto, o CNJ foi unânime O afastamento vale até a conclusão dos procedimentos.

O julgamento ocorreu a portas fechadas porque o caso foi colocado em sigilo. A transmissão ao vivo da sessão do CNJ foi interrompida e quem acompanhava presencialmente a votação precisou deixar o plenário. Apenas os advogados do juiz puderam permanecer na sala.

Os processos administrativos foram abertos a partir de três reclamações disciplinares. Bretas foi acusado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de negociar penas, orientar advogados, pressionar investigados e combinar estratégias com o Ministério Público Federal (MPF) em acordos de
colaboração premiada.

Outra reclamação foi apresentada pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), que acusa o juiz de usar o cargo para tentar prejudicá-lo na campanha eleitoral de 2018. Trechos de uma delação premiada que atingiam o então candidato a governador foram vazados. Paes acabou derrotado no segundo turno pelo ex-juiz Wilson Witzel, que não terminou o mandato e foi cassado em meio a denúncias
de corrupção.

A terceira reclamação partiu do corregedor do CNJ, Luis Felipe Salomão, após fiscalização extraordinária apontar "deficiências graves" dos serviços judiciais e auxiliares na 7.ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

Bretas ganhou notoriedade na esteira da Lava Jato, sobretudo após decretar a prisão do ex-governador Sérgio Cabral, solto
neste mês.

O juiz federal é mais um expoente da operação a sofrer reveses pela conduta profissional. O ex-juiz Sérgio Moro, que conduziu os processos da Lava Jato em Curitiba, foi considerado parcial pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-procurador da República Deltan Dallagnol, que coordenou a força-tarefa do Paraná, foi punido pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) por publicações nas redes sociais contra o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Ambos decidiram deixar as carreiras na magistratura e embarcaram na vida política: Moro foi eleito senador e Deltan agora é deputado.

O próprio Bretas foi punido administrativamente por participar de eventos ao lado do então presidente Jair Bolsonaro (PL).

O que você achou desse conteúdo?