Logo O POVO+
Congresso tem dois pedidos de CPI sobre atos golpistas
Politica

Congresso tem dois pedidos de CPI sobre atos golpistas

|8 DE JANEIRO| Uma das propostas é articulada pelo cearense André Fernandes, alvo de pedido de investigação por suposta incitação aos ataques
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
 Cavalaria avança contra apoiadores de Bolsonaro que promoveram depredação em Brasília no 8 de janeiro (Foto: SERGIO LIMA/AFP)
Foto: SERGIO LIMA/AFP  Cavalaria avança contra apoiadores de Bolsonaro que promoveram depredação em Brasília no 8 de janeiro

Dois requerimentos de comissões parlamentares de inquérito (CPIs) para investigar os ataques golpistas de 8 de janeiro reuniram assinaturas necessárias no Congresso Nacional. Uma delas, para uma CPI mista, que reuniria deputados federais e senadores, foi articulada pelo deputado federal cearense André Fernandes (PL). Ele é alvo de pedido da Procuradoria-Geral da República para que o Supremo Tribunal Federal (STF) abra inquérito sobre a participação do próprio Fernandes na incitação dos atos golpistas.

Fernandes conseguiu reunir 189 assinaturas na Câmara e 33 no Senado, número que ultrapassa o mínimo exigido de 171 deputados e 27 senadores. Alguns dos signatários endossam a tese de bolsonaristas nas redes sociais de que a esquerda pôs "infiltrados" nos atos para manchar a imagem dos apoiadores do ex-presidente. Alegam, ainda, que o governo tinha conhecimento prévio das manifestações, mas preferiu se omitir, sugerindo uma ação orquestrada para prejudicar Bolsonaro e seus seguidores. Se instalada, a CPMI terá controle da oposição e representará uma derrota para o Planalto.

Há outro requerimento de CPI para apurar quem financiou os atos antidemocráticos de 8 de janeiro e os mentores intelectuais da tentativa de golpe. O ofício, porém, não é para a instalação de uma comissão mista como a sugerida por Fernandes, mas, sim, para um colegiado composto apenas por senadores. Ganhou apoio de 40 senadores, até mesmo do PT. O número é superior às 27 assinaturas necessárias, mas, como o pedido foi apresentado pela senadora Soraya Thronicke (União Brasil-MS) na legislatura passada, precisará ser atualizado.

"Estão querendo enrolar. Tudo isso é política", protestou Soraya. "Será que eles (os governistas) preferem uma CPMI enviesada, controlada por um deputado investigado, que já tem respostas prontas? Que vai ter CPI, não tenham dúvida. O governo está entre a cruz e a espada. Aqui no Senado, a gente tem uma postura mais imparcial", emendou ela.

Decano do Supremo, o ministro Gilmar Mendes atendeu a mandado de segurança impetrado por Soraya e deu prazo de dez dias para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), explicar por que ainda não leu o ato de criação da CPI na Casa. Soraya repudiou avaliações de que terá de coletar novos apoios ao requerimento porque o pedido não tem mais validade. "Eu não sou palhaça", reagiu ela. "O regimento interno não diz isso em caso de CPI. É inaceitável."

O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse duvidar que a CPMI sugerida por Fernandes saia do papel. "É uma CPMI feita pela oposição em uma ação de sabotagem para barrar as investigações. Tanto é assim que, lá dos Estados Unidos, o principal mandante desses atos disse que tinha 900 inocentes presos", criticou o senador, numa referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O que você achou desse conteúdo?