Quando disse que não concorreria a mandato, mas não deixaria a política, o então senador Tasso Jereissati (PSDB) falava a sério. Fora do Congresso, o tucano tem se dedicado a uma articulação silenciosa cujos resultados começam a ser vistos agora.
Primeiro foi Élcio Batista, vice-prefeito de Fortaleza antes filiado ao PSB e hoje já de ficha assinada na sigla social-democrata. Agora, Tasso mira em outros nomes.
Um deles é o do prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra. Membro do Podemos, o gestor esteve reunido com o ex-senador em seu escritório ainda em fevereiro.
Segundo interlocutores, há conversas em andamento com vistas a uma possível ida do prefeito para o PSDB como parte de uma estratégia mais geral do partido para fortalecer suas bases no Estado.
A situação de Bezerra no Podemos se alterou com a saída do senador Eduardo Girão da legenda e ingresso no Novo. Com isso, o Podemos no Ceará perdeu a sua maior referência, a quem o prefeito era ligado.
Também próximo de Tasso, o prefeito estuda o futuro político e não descarta mudança. Nesse caso, o endereço de sua preferência seria o PSDB.
Embora o pleito ainda esteja distante, os atores políticos já começaram a se movimentar. Do lado do governismo, o prefeito José Sarto (PDT) tenta garantir coesão da base e reforçar um núcleo no pedetismo de olho na batalha que se avizinha.
Um de seus principais fiadores, o ex-prefeito Roberto Cláudio trava uma queda de braço pública com o senador Cid Gomes, ambos do PDT, a fim de cravar o partido na oposição ao governador Elmano de Freitas (PT) e assim garantir um discurso com viabilidade eleitoral em 2024.
Noutra frente, o ex-deputado federal e secretário de Saúde de Maracanaú, Capitão Wagner (União Brasil), praticamente selou o seu destino ano que vem: será candidato a prefeito da capital cearense pela terceira vez.
Em conversa com O POVO no fim de semana, o dirigente declarou que trabalha com a perspectiva de entrar na corrida eleitoral pelo Paço. "Há uma grande chance de eu ser candidato em Fortaleza. Só se acontecer algo fora do roteiro (para não ser
candidato)", projetou.
O PT, por sua vez, faz seus próprios arranjos internos. No início do ano, o deputado federal José Guimarães, líder do Governo na Câmara, considerou que a tendência é de que o partido apresente candidatura à sucessão de Sarto, que vem tentando arrancar um apoio formal dos petistas a sua reeleição, mas sem sucesso.
É nesse quadro que Tasso em campo para reposicionar o PSDB no jogo. Para isso, conta com uma estratégia de oxigenar a agremiação, trazendo sangue novo e apostando em jovens lideranças, a exemplo de Élcio.
Agora de casa nova, o vice-prefeito terá condições de pensar estrategicamente as eleições de 2024, juntamente com o ex-senador. No PSB, seu ex-partido, não havia tanta margem para que o vice se lançasse a novos desafios.
Entre tucanos, no entanto, não está definido ainda se a sigla terá candidato próprio à Prefeitura, seja com Élcio ou outro indicado pelo tucanato local.
A ideia, porém, é de fato consolidar uma chapa de candidatos com potencial de vitória nos principais colégios eleitorais do Ceará, tais como Juazeiro, Caucaia, Fortaleza, Sobral e municípios da Região Metropolitana.