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Aliados de Elmano e Sarto dizem que "eleição já passou", mas reforçam cobranças mútuas
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Aliados de Elmano e Sarto dizem que "eleição já passou", mas reforçam cobranças mútuas

| Embate | Parlamentares argumentam que relação entre Prefeitura de Fortaleza e Governo do Ceará não pode remoer nem antecipar debates eleitorais, sob pena de prejudicar a população da capital. Entranto, reforçam críticas
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FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 27-02-2023: Prefeito de Fortaleza, José Sarto, e o governador do Ceará, Elmano de Freitas 
acompanham o início da aplicação da vacina bivalente contra a covid-19 na Capital. (Foto: Samuel Setubal/ Especial para O Povo) (Foto: Samuel Setubal/Especial para O Povo)
Foto: Samuel Setubal/Especial para O Povo FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 27-02-2023: Prefeito de Fortaleza, José Sarto, e o governador do Ceará, Elmano de Freitas acompanham o início da aplicação da vacina bivalente contra a covid-19 na Capital. (Foto: Samuel Setubal/ Especial para O Povo)

O embate mais recente entre as gestões do governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), e do prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), indica que a cisão entre petistas e pedetistas no âmbito estadual, registrada durante as eleições do ano passado, continuará a reverberar no cotidiano político do Estado e da capital por mais algum tempo.

O catalisador da atual divergência foi o aumento da tarifa de ônibus em Fortaleza, que rendeu uma guerra de versões entre Estado e Município e troca de acusações de lado a lado. O embate tem pano de fundo político e eleitoral que se desdobra desde 2022 e já esboça contornos para o próximo pleito.

Aliados do governador e do prefeito defenderam seus respectivos líderes, sinalizam entendimento em comum de que a última eleição já passou e de que não se pode antecipar a próxima, mas reforçaram cobranças ao outro lado.

Lúcio Bruno (PDT), vereador que preside a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor), diz que a primeira fase para superar as divergências é "entender que a eleição já passou" e que Elmano foi eleito para governar todos os cearenses. Na avaliação do parlamentar, a tensão entre Prefeitura e Governo não pode remoer mágoas e nem antecipar os debates eleitorais (de 2024), sob pena de "prejudicar a população" da Capital.

"Prefeitura e Estado têm que dar as mãos, trabalhar juntos e deixar essa disputa política para o próximo ano, quando se decidirá quem serão os candidatos", argumenta Lúcio, que cobrou Elmano pela renovação de convênio para baratear a passagem de ônibus na Capital. "É absurdo que o governo não renove esse subsídio, entendendo que Fortaleza é a Capital e que o governador tem que governar para todos, não apenas para os que votaram nele".

"Espero que eles (Sarto e Elmano) conversem e tirem as divergências políticas. Que o embate político fique para o próximo ano", reforçou Lúcio. No ano passado, Fortaleza foi um dos municípios nos quais Elmano não ficou na frente na disputa pelo governo, tendo terminado em segundo lugar na Capital, atrás do então candidato Capitão Wagner (UB).

O deputado estadual De Assis Diniz (PT), também defendeu o entendimento de que a eleição ficou para trás e que o momento é de governar, mas fez críticas a Sarto. "Infelizmente, Sarto trouxe questões mal resolvidas da última eleição para dentro da gestão. Coisas que já deveriam estar superadas. Isso é extremamente ruim para Fortaleza". Sarto tem que governar, fazer nos próximos meses o que não fez até agora e não remoer essas tensões para justificar seus problemas administrativos", argumenta.

Sobre a questão do repasse de subsídios para baratear passagens de ônibus, De Assis reforçou o coro do governo de que a gestão Elmano "repassou subsídio de R$ 30 milhões para as passagens de ônibus" a partir da redução de imposto (ICMS) do diesel, utilizado pelas empresas de ônibus. "A eleição já passou e a hora agora é de governar. Temos que apostar na pacificação e num alinhamento político", concluiu.

Presidente do PT Fortaleza, o deputado estadual Guilherme Sampaio, defendeu a continuidade da boa relação administrativa, mas também reforçou críticas a Sarto pela "inabilidade em conduzir a relação institucional após a derrota eleitoral de seu grupo em 2022". Guilherme e outros petistas já manifestaram entendimento de que o PT deve lançar candidato à Prefeitura de Fortaleza no ano que vem.

Sobre a relação entre Estado e Município, Guilherme apontou que, a depender de Elmano, o governo continuará atuando em Fortaleza a partir de ações diretas e da colaboração com a Prefeitura. "É assim em todo o Estado, independente de questões partidárias. Espero que os episódios recentes possibilitem ao prefeito uma autocrítica", disse o deputado que fazia oposição ao prefeito na CMFor até o início do ano.

Outra liderança pedetista que comentou o caso foi o presidente Nacional e Estadual da sigla, André Figueiredo (PDT). Figueiredo entende que uma eventual disputa eleitoral de 2024 não pode ser antecipada. O pedetista comenta que Sarto se mostrou preocupado por "não ter sido recebido pelo governador" e disse esperar que a situação "se resolva nas próximas semanas".

Na semana passada, Sarto afirmou que tentou se reunir com Elmano em pelo menos seis oportunidades, mas sem sucesso. O prefeito disse ainda que não foi avisado que o Governo deixaria de enviar recursos extras para subsidiar a passagem do transporte público na Capital.

A gestão estadual, por sua vez, rebateu alegando que fora uma redução de 66% na base de cálculo do ICMS do Diesel (cerca R$ 30 milhões), "não existe outro convênio vigente com a Prefeitura para repasse extra" para essa área e que o subsídio citado pela prefeitura era emergencial e referente ao ano de 2021, à época da pandemia de Covid-19.

 

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