O ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou que a pasta cogita a implementação de duas versões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para 2024. O objetivo seria reduzir os impactos diante uma possível implantação do Novo Ensino Médio, cujo calendário de implementação foi suspenso por 60 dias.
"Nós ainda temos tempo para construir qualquer mudança ou não no Enem ao longo de 2024. Nosso objetivo será não prejudicar nenhum estudante que já estava no Novo Ensino Médio, porque aí você tem realidades diferentes. Tem estado mais avançado na implantação. Tem estado menos avançado. Se houver necessidade, no final dessa discussão, de ter que fazer dois Enems, nós vamos fazer", defendeu o ministro.
Em entrevista à Rádio O POVO CBN nesta segunda-feira, 10, o petista defendeu que as duas provas podem ser implantadas para que "não prejudique e dê justas opções para todos os alunos que estão no Ensino Médio das escolas públicas e privadas no Brasil".
A perspectiva atual é que o Enem seja adaptado de modo gradual aos conteúdos do Novo Ensino Médio. De acordo com o cronograma divulgado pelo MEC, o Enem deve ser realizado em duas etapas, a partir de 2024.
No primeiro dia, os candidatos fariam as provas gerais, que cobram os conteúdos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), uma espécie de eixo comum.
Já no segundo dia do Enem, seriam aplicadas as provas específicas, relacionadas com a área vinculada ao curso superior que o candidato pretende ingressar. Com as modificações, diversas instituições de ensino já iniciaram o calendário letivo considerando o novo modelo. Diante de uma possível revogação do novo Ensino Médio, impactos no exame tem sido uma recente preocupação por parte alunos e professores.
Na entrevista, Camilo Santana defendeu que o MEC tem avançado nas discussões internas sobre o Novo Ensino Médio. Uma delas seria a instituição de uma consulta pública para avaliar e reestruturar o modelo de ensino aprovado em 2017 e implementado gradualmente em todas as escolas públicas e particulares desde 2022.
O ministro avaliou que uma reforma no Ensino Médio já tinha sido apontado como necessário em relatório final de transição entregue em dezembro do ano passado ao presidente eleito Lula.
"O Novo Ensino Médio ele moderniza do ponto de vista modelos como França e outros países, onde você tem aumento da carga horária, base curricular comum a todos. Tem os itinerários que é uma opção que o aluno faz de acordo com sua vocação", disse Camilo.
O erro, segundo o petista, teria sido a implantação do sistema e a falta de diálogo com os entes federados por parte dos governos anteriores, em espacial da coordenada pela gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
"A falta de diálogo que não houve com os setores educacionais, falta de apoio, de coordenação do MEC. Aliás, o MEC foi omisso nos últimos quatro anos em todas as políticas educacionais que se pode imaginar, inclusive na pandemia", destacou o petista.