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Lula viaja à China em busca de papel para o Brasil no processo de paz na Ucrânia
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Lula viaja à China em busca de papel para o Brasil no processo de paz na Ucrânia

Presidente começa hoje visita de Estado estratégica para as relações comerciais brasileiras e com planos de convidar Xi Jinping para o país discutir uma solução para a guerra da Ucrânia
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LULA começa hoje tour pela China que vai até o próximo sábado (Foto: SERGIO LIMA / AFP)
Foto: SERGIO LIMA / AFP LULA começa hoje tour pela China que vai até o próximo sábado

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) partiu ontem com destino à China, maior parceiro comercial do Brasil, onde se encontrará com seu homólogo Xi Jinping na sexta-feira, 14, e o convidará para visitar Brasília. A viagem oficial, que promete ser uma das mais importantes e estratégicas do seu terceiro mandato, estava inicialmente prevista para 25 a 31 de março, mas foi adiada após Lula ter contraído uma pneumonia.

"Vamos consolidar nossa relação com a China. Eu vou convidar o Xi Jinping para vir ao Brasil para uma reunião bilateral. Para conhecer o Brasil, para mostrar os projetos que nós temos de interesse de investimento dos chineses", afirmou o presidente na noite de segunda-feira, 10, ao programa de rádio pública Voz do Brasil, sem especificar uma data para a visita.

O que nós queremos é construir parceria com os chineses, fazer sociedade com os chineses, para que eles possam fazer investimentos em coisas que não existem, uma nova rodovia, ferrovia, hidrelétrica, uma coisa qualquer que signifique algo novo para o Brasil”, acrescentou.

Lula vai à China acompanhado pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social) e Juscelino Filho (Comunicações).

Os governadores Elmano de Freitas (Ceará), Jerônimo Rodrigues (Bahia), Carlos Brandão (Maranhão), Helder Barbalho (Pará) e Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte) também integram a delegação brasileira. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também integra o grupo, que ainda reúne mais de 20 parlamentares, entre deputados federais e senadores, além de empresários.

Antes de embarcar, foram registradas algumas fotos entre Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin, que assume como presidente em exercício na ausência do petista.

A comitiva chegará nesta quarta-feira a Xangai, onde no dia seguinte o presidente participará da posse da ex-presidente Dilma Rousseff (2011-2016) à frente do Banco dos Brics, o grupo de países emergentes que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Em seu encontro com Xi na sexta-feira, em Pequim, Lula conversará especialmente sobre propostas de paz para a Ucrânia. Os dois países, que compartilham o fato de não terem imposto sanções contra Moscou, esperam ter um papel de mediadores no conflito, desencadeado pela invasão russa em fevereiro de 2022.

Lula propõe a formação de um grupo de países para trabalhar em uma saída negociada. Ao retornar da China, esse grupo estará "criado", garantiu. "Estou confiante que quando voltar da China e você me fizer essa pergunta (sobre a guerra), eu vou dizer que está criado o grupo que vai discutir a paz", declarou em um encontro com jornalistas durante a última semana.

A China promove uma proposta de 12 pontos para uma resolução política, que pede o fim das hostilidades e diálogo. "São condições básicas para a paz", disse o chanceler Mauro Vieira, que considerou "muita positiva" a abordagem de Pequim.

Xi Jinping se comprometeu na última sexta-feira, 7, a "apoiar qualquer esforço a favor de um retorno à paz à Ucrânia", em uma declaração conjunta com o presidente francês, Emmanuel Macron, que também visitou Pequim. A Rússia, no entanto, descarta a possibilidade de mediação da China e rejeita no momento "uma perspectiva de solução política" para o conflito na Ucrânia.

Para Lula, em seu terceiro mandato, esta é sua quarta visita oficial ao gigante asiático. O comércio entre Brasil e China registrou um recorde de US$ 150,5 bilhões (cerca de R$ 780 bilhões, aproximadamente) em 2022.

O presidente brasileiro, que visitou Argentina e Uruguai em janeiro e os Estados Unidos em fevereiro, prometeu colocar de volta o Brasil "na nova geopolítica mundial", após o isolacionismo de seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL). Lula também recebeu, em Brasília, o primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz, no fim de janeiro.

Antes de retornar ao país, viajará no próximo sábado para Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, para uma visita oficial de um dia.

Planalto: Cerca de 20 acordos bilaterais deverão ser assinados durante a visita de Lula à China

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve assinar cerca de 20 acordos durante viagem à China. Um deles trata sobre a construção do CBERS-6, o sexto de uma linha de satélites construídos em parceria entre Brasil e China, que permite o monitoramento de biomas como a Floresta Amazônica mesmo com nuvens. A informação foi divulgada na última segunda-feira 10, em nota oficial do Palácio do Planalto.

Com embarque ontem no período da manhã, o presidente chega hoje ao país asiático após duas escalas: uma em Lisboa e outra em Abu Dhabi. De acordo com o governo, a visita da comitiva brasileira começa nesta quinta-feira, 13, em Xangai. À noite, ele viaja para Pequim.

Pela manhã, Lula participará da cerimônia de posse da ex-presidente Dilma Rousseff no comando do Novo Banco de Desenvolvimento, o banco de fomento dos Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). À tarde, ele terá encontros com empresários, e à noite viajará para Pequim.

Na sexta-feira, 14, a agenda de Lula inclui uma reunião pela manhã com o presidente da Assembleia Popular Nacional, Zhao Leji no Grande Palácio do Povo. Depois, o chefe do Executivo irá depositar flores em uma cerimônia na Praça da Paz Celestial.

À tarde, o petista deve se encontrar com lideranças sindicais e depois voltará ao Grande Palácio do Povo, onde se reunirá com o primeiro-ministro da China, Li Qiang, e em seguida será recebido em cerimônia oficial pelo presidente da China, Xi Jinping.

De acordo com a programação, será um encontro aberto, em uma cerimônia para a assinatura de acordos bilaterais. Após isso, haverá um encontro fechado entre ambos os presidentes. Em seguida, está prevista uma cerimônia de troca de presentes, registro de fotos e, por fim, um jantar oficial. (Agência Estado)

Visita de Lula é chance para reforçar cooperação em várias frentes, diz porta-voz chinês

Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin destacou a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país, durante entrevista coletiva nesta terça-feira, 11.

O porta-voz comentou que a visita é uma "oportunidade para atualizar nossa cooperação amigável e mutuamente benéfica em vários setores", além de trazer "mais energia positiva para a solidariedade entre países em desenvolvimento, a cooperação e a resposta conjunta a desafios globais".

Ainda segundo Wang, desde que Lula adiou sua visita "por questões médicas" os dois lados têm mantido comunicação próxima sobre a visita.

"O fato de que o presidente Lula da Silva liderará uma grande delegação para a China em sua visita de Estado em breve, após sua recuperação, é uma mostra da grande importância que os dois lados dão a esta visita e a nossas relações bilaterais", acrescentou. (Agência Estado)

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