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Sarto reclama de "pouca interlocução" com Elmano: "Está abaixo do que eu esperava"
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Sarto reclama de "pouca interlocução" com Elmano: "Está abaixo do que eu esperava"

O prefeito de Fortaleza, que está em Brasília em busca de recursos para a capital, cobra mais diálogo com o governador do Estado
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Elmano, Sarto e Zé Gotinha, na última aparição pública juntos, no fim de fevereiro (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal Elmano, Sarto e Zé Gotinha, na última aparição pública juntos, no fim de fevereiro

O prefeito de Fortaleza José Sarto (PDT) reclamou nesta terça-feira, 11, da "pouca interlocução" entre o governador Elmano de Freitas (PDT) e a gestão da Capital. "Está abaixo do que eu esperava", apontou o pedetista, que está em Brasília para participar de uma série de reuniões com ministros do Governo Lula e parlamentares.

Sarto afirmou, em entrevista ao O POVO, que tem uma "excelente" relação com o governador petista, mas que, do ponto de vista administrativo, está encontrando dificuldades. Algo que ele espera superar quando o petista encontrar espaço em sua agenda.

"Já coloquei que estou aguardando que o governador, a depender de sua agenda, possa marcar pra gente conversar institucionalmente, porque eu sou prefeito de Fortaleza, que é a capital do Estado do Ceará, e a gente, independentemente de questão partidária, ele pertencente a uma partido e eu pertencente a outro. Até ontem, estávamos juntos em uma coligação no Estado do Ceará, a gente, como pessoas adultas, crescidas, maduras, a gente discutir administrativamente que projetos temos juntos para Fortaleza", destacou.

Questionado sobre os  primeiros 100 dias do governo Elmano, completados na última segunda-feira, 10, o prefeito afirmou que "ainda é pouco tempo pra você vaticinar qualquer prognóstico", mas voltou a cobrar diálogo com o chefe do Executivo. 

"O contexto macroeconômico internacional, nacional e regional não é favorável. Tem que ter muita habilidade, tem que ter muita força de trabalho, muita energia positiva, diálogo", acrescentou.

Sarto e Elmano estão com as relações mais estremecidas desde o anúncio do reajuste na tarifa de ônibus de Fortaleza, no início de março. O prefeito jogou nas costas do governo estadual a culpa pelo aumento, devido ao fim de subsídios garantidos durante o pico de pandemia de Covid-19 - R$ 3 milhões por mês -, ainda durante o governo de Camilo Santana (PT).

O governador rebateu as críticas, afirmando que Sarto tentou "transferir responsabilidade" e alegando que o Estado já abre mão de outros recursos referentes ao transporte público em Fortaleza, além de precisar investir em outras áreas e regiões do Ceará.

“O Governo do Estado ajuda a manter o transporte público da Capital há muitos anos com cerca de R$ 30 milhões/ano, através da redução em 66% na base de cálculo do ICMS do Diesel. Além disso, em 2021, deu um apoio financeiro extra para o município, pelo fato do prefeito alegar dificuldades financeiras naquele momento (da pandemia de Covid-19)”, justificou Elmano. 

Além disso, ambos estiveram em campos opostos nas eleições de 2022, quando Sarto apoiou a candidatura do ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT), que acabou em terceiro lugar, atrás do próprio Elmano e do ex-deputado federal e atual secretário de Saúde de Maracanaú, Capitão Wagner (União Brasil).

Agora, uma parte do PDT, sob liderança de RC, defende que a sigla seja oposição à gestão petista. Sarto, por sua vez, cobrava uma contrapartida para o apoio de seu partido a Elmano: que o PT também apoiasse sua administração na Câmara Municipal, algo que já foi descartado pelo comando da legenda. 

com informações do repórter João Paulo Biage, de Brasília

Convenção do PDT deve consolidar domínio de RC no PDT de Fortaleza

Marcada para este sábado, 15, convenção municipal do PDT em Fortaleza poderá consolidar a posição de liderança do ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) sob o partido na Capital. Na ocasião, deverá ser iniciado processo de recriação do Diretório Municipal pedetista, que deve manter o ex-prefeito no comando da sigla.

A tendência é indicada pelo deputado Antônio Henrique (PDT), ex-presidente da Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor) e um dos principais nomes do partido na Capital. “Não sentei com nenhum grupo menor para falar sobre essa questão, mas, na minha avaliação, ele (Roberto Cláudio) continua no comando do partido, até porque tem feito um bom trabalho”, destaca.

“É um grupo grande”, diz ainda, ao ser questionado sobre o tamanho da hegemonia de RC no comando local do PDT.

PDT rachado

Antes uma das forças mais coesas do Estado, o PDT Ceará vive hoje momento de intenso racha local. Com mais de três meses de governo, o partido ainda não decidiu oficialmente se irá se aliar a Elmano de Freitas (PT) ou fazer oposição ao petista. A sigla chegou a realizar reuniões para discutir o tema, que acabaram só em impasse.

No centro da discussão estão duas correntes divergentes, cada uma defendendo posturas diferentes para o partido com relação a Elmano. Estrategista maior do PDT em eleições passadas, o senador Cid Gomes (PDT) lidera hoje grupo que defende que o partido "vire a página" da disputa eleitoral e busque a reaproximação com Elmano.

Esse grupo, no entanto, enfrenta resistência forte de pedetistas mais próximos de Ciro Gomes (PDT) e do ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT), que encampou candidatura ao Governo do Ceará em 2022 e acabou na 3ª posição. Na análise destes líderes, especialmente RC, o partido recebeu "voto de oposição" na eleição do ano passado.

 

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