A Câmara Municipal de Pacatuba realizou, nesta quarta-feira, 19, a posse do vice-prefeito Rafael Marques (MDB), como chefe do Executivo. Ele assume a gestão do município por 180 dias, após a prisão do seu tio e prefeito da cidade, Carlomano Marques (MDB), em decorrência da operação do Ministério Público (MPCE) que investiga suposta prática de corrupção.
O ato de posse aconteceu por volta das 15h30min e foi acompanhado por diversos moradores, com maioria apoiadora da gestão de Carlomano. O prefeito interino chegou ao plenário João Ferreira Pinto acompanhado de vereadores da Casa e logo realizou seu pronunciamento.
Durante a sessão, Rafael Marques defendeu o tio das acusações e pediu um voto de confiança da população. “Ninguém foi julgado, tudo é investigação. Então, nós estamos sendo chamados por essa decisão. Estou assumindo o cargo de prefeito do município de Pacatuba. Peço a todos que confiem em mim”.
O novo prefeito pediu ainda, ao lado do presidente da Casa, o vereador Fábio Soares (MDB), a colaboração do Legislativo Municipal. "Eu peço ajuda à Câmara de Vereadores para podermos continuar desempenhando um papel para quem não pode ser prejudicado, a população pacatubana", acrescentou o gestor.
Rafael tomou posse após decisão da Justiça ordenando a prisão do prefeito Carlomano Marques, na tarde da última terça-feira, 18. Além do prefeito, oito secretários da gestão foram presos.
A operação Polímata investiga dispensas de licitação em secretarias e órgãos da Prefeitura de Pacatuba, principalmente nos anos de 2021 e 2022. A ação realizou 23 prisões e 37 mandados de busca e apreensão.
Após orientação de advogados, Carlomano e outros investigados devem permanecer em silêncio, enquanto a defesa não tiver acesso a todos os autos investigativos do caso.
O prefeito deu entrada, com escolta policial, numa unidade hospitalar em Fortaleza ainda na terça-feira. Ele teria passado mal ao ser abordado em sua residência por agentes que cumpriam a ordem judicial.
"Ele já estava febril de domingo para segunda. Inclusive quando aconteceu chegou até o próprio promotor que foi na residência, aferiram a pressão que estava 20 por 18, ele tomou a medicação. Mas ele está estável", afirmou Rafael, sobre o estado de saúde do tio.
A operação foi recebida com surpresa pelos vereadores de Pacatuba, afirma o presidente da Câmara, Fábio Soares. O parlamentar avaliou, no entanto, ser cedo para apontar a veracidade dos supostos crimes.
"Particularmente a gente só pode falar alguma coisa com segurança quando for tramitado em julgado. Sobre a operação, não foi só aqui na Pacatuba, foi em vários municípios do Ceará. Quem está no certo não pode temer qualquer tipo de ação", disse.
Segundo o vereador, a relação entre Legislativo e Executivo municipal seguirá a mesma. "Nós vamos só dar continuidade ao trabalho porque o prefeito de hoje era o vice de ontem. Ele assumiu o cargo então nós já tínhamos essa afinidade e um conjunto de trabalhos. Para a gente [vereadores] não tem dificuldade nenhuma com a relação da Câmara", finalizou.
Auxílio de docentes
Na sessão desta quarta-feira, logo após assinatura do termo de posse, os vereadores aprovaram a revogação do projeto que reduziu valor do auxílio-deslocamento dos docentes. A mensagem foi alvo de polêmica após ser aprovada na Câmara, sendo alvo de protestos por parte de movimentos sindicais.
"Na gestão até semana passada era questão financeira do município. Caindo STM, ICMS, os repasses todos diminuindo. Era uma maneira que a gestão anterior achava que iria conformar, sendo que quando foi feito na ponta do lápis não compensou. Eu como prefeito determinei para revogar. Com os professores e meu primeiro ato como prefeito dessa cidade é a revogação daquela lei (do Auxílio Deslocamento)", afirmou o Rafael Marques. (colaborou Mariana Lopes/especial para O POVO)