O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator do inquérito sobre os atos golpistas de 8 de janeiro, determinou ontem que a Polícia Federal interrogue o general da reserva Marco Edson Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O depoimento deve ocorrer hoje.
G. Dias virou alvo de inquérito um dia após ter sido o primeiro ministro demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O motivo foi a postura dele e de seus comandados, majoritariamente militares da ativa das Forças Armadas, durante a invasão e depredação do Palácio do Planalto.
A CNN Brasil veiculou imagens das câmeras do Planalto que mostram o G. Dias e sua equipe passivos diante de extremistas que circulavam no corredor de acesso ao gabinete presidencial. O ministro foi cobrado por não ter dado voz de prisão, tampouco adotado uma postura mais contundente contra os criminosos.
A equipe responsável por guarnecer o Planalto apontou uma saída pela escada, cumprimentou golpistas e ofereceu água. Segundo o general, eles foram encaminhados para o segundo andar, onde seriam presos.
"A imprensa veiculou gravíssimas imagens que indicam a atuação incompetente das autoridades responsáveis pela segurança interna do Palácio do Planalto, inclusive com a ilícita e conivente omissão de diversos agentes do GSI", escreveu Moraes na decisão
Ontem, o presidente tentou minimizar o impacto da demissão do amigo G. Dias, seu antigo colaborador em matéria de segurança. Lula negou ter ficado chateado. "Ele saiu por vontade própria", disse o petista ao jornal Valor Econômico.
G. Dias participou ontem de reuniões no Ministério da Defesa. Ele conversou em separado com o ministro José Múcio. Depois, encontrou seu substituto, o interino Ricardo Cappelli. Além deles, participou das conversas o comandante do Exército, general Tomás Paiva.
Cappelli faz estudos sobre o GSI e pretende discutir a reformulação da pasta com Lula quando ele retornar da viagem a Portugal e Espanha. "Vim aqui ouvir o comandante e o ministro sobre a situação do GSI. Vamos fazer tudo com tranquilidade, equilíbrio e firmeza", afirmou o interino.
O futuro do GSI é acompanhado de perto no Exército. "Qualquer tipo de reformulação é decisão de Estado, decisão política. A gente apoia de maneira tranquila", disse Paiva.
Segundo ele, nem todos os militares do GSI foram identificados nas gravações de 8 de janeiro. "Compete à Justiça verificar onde a pessoa vai ser processada, seja na esfera comum ou militar", disse Paiva.