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Camilo, Elmano e Luizianne buscam espaço no PT para influir sobre 2024
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Camilo, Elmano e Luizianne buscam espaço no PT para influir sobre 2024

Pavimentando o caminho para a disputa do ano que vem, forças no PT ampliam espaço interno. É o caso, por exemplo, de grupo mais próximo de Camilo Santana
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LUIZIANNE LINS, deputada federal (Foto: Cleia Viana/Câmara dos deputados)
Foto: Cleia Viana/Câmara dos deputados LUIZIANNE LINS, deputada federal

A um ano e meio das eleições, o PT em Fortaleza começou a preparar o terreno para a disputa pela sucessão, fixando calendário de encontros e um alvo a partir do qual a legenda pode desgastar o governo de José Sarto (PDT): a taxa do lixo.

Contrário ao tributo, o partido passou a encampar abertamente uma campanha para suspender a cobrança, que começou em abril e tem reunido parlamentares de oposição, não apenas petistas.

Internamente, porém, o PT na capital cearense atravessa um rearranjo de forças políticas - ou de correntes, como a gramática da legenda costuma adotar.

Essa reconfiguração de pesos reflete um novo cenário, no qual o ex-governador do Estado e hoje ministro da Educação, Camilo Santana, detém grande capital e maior poder de ascendência.

Desde pelo menos 2006, quando se elegeu prefeita de Fortaleza pela primeira vez, Luizianne Lins tinha maioria folgada no diretório municipal, instância na qual são decididas ações relativas às táticas da sigla no âmbito local.

Essa hegemonia "luizianista" se estendeu por quase toda a década passada, ao longo da qual o PT assumiu o papel de adversário sistemático das gestões tanto de Roberto Cláudio (2013/2020) quanto de Sarto (2021/24).

Nesse período, o petismo no Ceará jamais deixou de postular candidatura ao Paço, lançando Elmano de Freitas em 2012 e Luizianne em 2016 e em 2020, nenhuma delas vitoriosa, mas sempre demarcando posição de enfrentamento ao grupo pedetista.

Ano que vem, lideranças da agremiação, tais como o deputado federal José Guimarães, já asseguraram que o PT apresentará novamente representante no pleito, que conta com outros dois pré-candidatos: Capitão Wagner (União Brasil) e Sarto, que vem reiterando a intenção de concorrer à reeleição.

Segundo petistas que conversaram com a reportagem, no entanto, a diferença é que agora, dentro do PT, não haveria mais uma maioria favorável a Luizianne na executiva, o que pode inaugurar um novo momento partidário, com ascensão de outros personagens.

O quadro, de acordo com essas fontes, seria de maior equilíbrio entre blocos, com mais presença de Camilo e do seu sucessor no Governo, Elmano de Freitas, além de outros atores importantes nessas tratativas, como o próprio Guimarães.

Questionado sobre a correlação interna na legenda e se a deputada e ex-prefeita ainda conservaria vantagem no diretório municipal, um parlamentar respondeu que "não".

Na leitura feita por esse representante, "nenhuma força isolada tem" hoje hegemonia na executiva de Fortaleza, presidida pelo deputado estadual Guilherme Sampaio.

Ainda conforme essa fonte, embora nenhum encaminhamento tenha sido feito até aqui com vistas a 2024 e seja cedo para discutir nomes, "tem de haver composição e acertos com as forças políticas" mais bem representadas no colegiado da sigla.

Independentemente disso, calcula esse petista, Elmano terá "muito espaço" em qualquer decisão, "porque ele é o governador e já foi candidato", e Camilo, pela força demonstrada na eleição de 2022 e pela posição ocupada neste momento.

Apenas três anos atrás, nas últimas eleições municipais, a situação era distinta. Então governador, Camilo não teve influência na escolha de Luizianne - pelo contrário, o chefe do Executivo defendeu desde o início a costura de uma aliança em torno de José Sarto contra Capitão Wagner.

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