Embora ainda não fale abertamente em deixar o PDT, o presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão (PDT), amplia a área de atuação para além dos limites do pedetismo no Ceará. Nas últimas semanas, o deputado passou a ser mais citado como possível candidato da base de Elmano de Freitas (PT) à Prefeitura de Fortaleza.
Em entrevista recente ao O POVO, Evandro admitiu "incômodo" na relação com o PDT, sobretudo após a diretoria do partido em Fortaleza confirmar postura de oposição ao Governo do Estado - o que ele chama de "contradição". "De fato incomoda, não só a mim como muitos colegas com quem tenho conversado", diz o deputado.
Desde então, crescem nos bastidores da política local conversas sobre alternativas partidárias para uma migração de Evandro e de outros políticos que pretendem seguir na base de Elmano na eleição de 2024. O caso, no entanto, só deve ter definições claras no ano que vem, quando ocorrerá janela partidária para candidatos nas eleições municipais.
O prazo distante, no entanto, não impediu que o ambiente eleitoral já antecipasse o debate envolvendo o destino do presidente da Assembleia, hoje bem quisto sobretudo pelos deputados estaduais da base aliada. Um dos movimentos ganhou força sobretudo na última semana, após De Assis Diniz (PT) fazer convite público para que Evandro se filie ao PT. O aceno foi feito durante o programa De Tudo um Pouco, com Felipe Pinheiro, e confirmado em entrevista ao O POVO.
"Acho que não podemos fazer esse debate na sua superficialidade, tem que ser na plenitude. Estou defendendo sim a tese do Evandro se filiar ao PT", diz De Assis. O líder do partido na Assembleia destaca ainda papel de Evandro na eleição de Elmano de Freitas em 2022, assim como "relação antiga de lealdade" do pedetista com o PT.
Outra possibilidade citada por aliados de Evandro inclui a migração do "bonde dos insatisfeitos" do PDT para o Republicanos, sigla hoje comandada pelo ex-suplente de senador Chiquinho Feitosa. No início do ano, a própria esposa do deputado, Cristiane Leitão, não só se filiou ao partido como também assumiu cargo de primeira-secretária do Diretório Estadual do Republicanos.
Outra opção para o grupo de Evandro no PDT seria o próprio PSB, que já "hospedou" aliados de Cid Gomes (PDT) até a eleição de 2014. Dirigente da sigla no Ceará, o ex-deputado Denis Bezerra diz que a posição para a eleição de 2024 ainda será debatida com "todos os atores" da política local, mas admitiu ver com bons olhos a possibilidade de pedetistas insatisfeitos migrarem para a sigla.
"Se isso porventura acontecer é um engrandecimento do PSB no Estado, um fortalecimento muito bom. E é claro que eu não vou ser óbice a nenhum tipo de diálogo nesse sentido", diz Denis. Em resposta, Evandro não descartou uma migração ao partido, mas exigiu em contrapartida uma declaração de alinhamento entre a sigla e o governo Elmano no Ceará.
Por último, estaria na "bolsa de apostas" dos pedetistas inclusive o Podemos, hoje em negociação com a base governista no Ceará. O partido, no entanto, é considerado "carta fora do baralho" por conta da diminuta fatia dele no Fundo Eleitoral e no Horário Eleitoral.
Recentemente reconduzido à presidência do PDT em Fortaleza, o ex-prefeito Roberto Cláudio falou na última semana sobre a possível migração de pedetistas para outros partidos. "Há uma lei eleitoral e há hoje uma decisão do diretório nacional do nosso partido que estabelece a proibição de mandatários que foram eleitos pelo partido, a não ser pela janela, possam tomar decisões pessoal de mudança de partido quaisquer que sejam".
A mensagem acabou tendo ares de "alerta" para ala de insatisfeitos no PDT, inclusive para Evandro Leitão. Nos bastidores, o entendimento é de que o pedetismo local deverá questionar na Justiça qualquer mudança partidária feita dentro dos prazos legais.