Mensagens que constam na investigação da Operação Venire indicam interlocução do major Ailton Barros em "tratativas para golpe" não só com o ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid, mas também com o ex-assessor especial da Casa Civil Elcio Franco.
Em áudio, o coronel que foi número 2 do Ministério da Saúde na gestão de Eduardo Pazuello no auge da pandemia diz que o então comandante do Exército Freire Gomes "teria medo das consequências" de uma eventual tentativa golpista.
Em áudio, cuja transcrição foi divulgada com exclusividade pela jornalista Daniela Lima, da CNN Brasil, nesta segunda-feira, 8, o coronel que foi o número 2 teria afirmado: "Olha, eu entendo o seguinte: é Virgílio. Essa enrolação vai continuar acontecendo. O Freire não vai. Você não vai esperar dele que ele tome a frente nesse assunto, mas ele não pode impedir de receber a ordem. Ele vai dizer, morrer de pé junto, porque ele está mostrando. E está com medo das consequências, pô. Medo das consequências é o que? Ele ter insuflado? Qual foi a sua assessoria. Ele está indo para a pior hipótese. Qual é a pior hipótese. Ah deu tudo errado, o presidente foi preso e ele foi chamado a responder".
O coronel segue, ensaiando uma eventual autodefesa para o comandante do Exército: "Eu falei ó, eu, durante o tempo todo diz que [trecho initeligível] contra o presidente. Falei que não. Falei ó, durante o tempo todo [ininteligível] contra o presidente. Falei que não, que não deveria fazer. E pronto. Vai para o Tribunal de Nuremberg desse jeito. Depois que ele me deu a ordem por escrito, eu comandante da força tive que cumprir. Essa é a defesa dele, entendeu? Então sinceramente é dessa forma que tem que ser visto".
O interlocutor de Elcio é o major Ailton Gonçalves Moraes Barros que é considerado peça-chave no "êxito" de fraude na carteira de vacinação da mulher do tenente-coronel Mauro Cid. Além disso, o militar que foi expulso do Exército está na mira da PF por trocar mensagens com "tratativas de um golpe de Estado".