Após demonstrações do senador Cid Gomes de que pretende presidir o PDT no Ceará, o ex-prefeito Roberto Cláudio minimizou a fala do correligionário e elogiou o atual dirigente da sigla, o deputado federal André Figueiredo.
"O mandato do André vai até dezembro (de 2023). O partido tem muitos nomes, de diferentes envergaduras e diferentes perfis. É natural esse tipo de manifestação (de Cid). Vamos aguardar, vamos dar tempo ao tempo", respondeu RC durante evento da sigla no último sábado, 27, em Fortaleza.
No início de maio, depois de agenda no Ceará, Cid descartou a possibilidade de sair do PDT, enfatizando que pleiteava o posto de direção estadual do trabalhismo.
"Tenho a pretensão de vir a presidir o partido. Quem tem essa motivação não está pensando em sair", declarou o ex-governador, acrescentando que ele representaria hoje "o sentimento majoritário do PDT aqui no Ceará em relação aos assuntos cearenses".
Ao lado do atual chefe do Executivo da capital cearense, José Sarto, RC, que comanda o diretório municipal da agremiação e se mantém afastado de Cid desde as eleições de 2022, destacou qualidades de Figueiredo em meio às dificuldades que o partido enfrenta no estado.
"O André tem sido uma figura extremamente sensível para lidar com esse momento do partido", frisou o pedetista, citando como exemplo dessas desavenças internas o fato de que "a gente teve já uma banda do partido que não votou com o partido para presidente ou governo".
Ainda segundo RC, "um pedaço importante do partido já não seguiu a diretriz partidária, e, acabada a eleição, havia uma divisão, e há ainda, sobre posicionamento político em relação ao governo do Estado: se o PDT deveria seguir na base de apoio do governo, se deveria fazer oposição ou se manter independente".
Diante desse impasse, a legenda liberou a bancada estadual para aderir à base do governador Elmano de Freitas (PT), assegurando a RC, por outro lado, a prerrogativa de se apresentar como oposição, papel que de fato vem desempenhando desde 1º de janeiro.
Essa decisão salomônica, por assim dizer, de contemplar tanto forças governistas quanto oposicionistas, reflete uma tentativa de equilíbrio que Figueiredo tem tentado garantir dentro do PDT, argumentou o ex-prefeito de Fortaleza.
"O André é alguém que, pela habilidade e capacidade de diálogo com todas essas diferentes posturas do partido, tem sido capaz de preservar o PDT unido e junto, respeitando a diversidade dos posicionamentos naturais pelo que aconteceu na última eleição. É um trabalho de responsabilidade e apropriado ao momento que ainda vive", avaliou RC.
A proximidade do calendário eleitoral, no entanto, vem pressionando a sigla trabalhista. Na Assembleia Legislativa (Alece), por exemplo, dez dos 13 deputados pedetistas postulam que a força partidária se alinhe com o Abolição. Um dos principais nomes nesse bloco é Evandro Leitão, presidente da Alece e cotado para concorrer à sucessão de Sarto.
Apenas três parlamentares não comungam desse entendimento: Queiroz Filho, Antônio Henrique e Cláudio Pinho. Do trio, dois estavam com RC no sábado na abertura da série de encontros do partido com vistas a 2024: Queiroz e Antônio Henrique, ex-presidente da Câmara de Vereadores de Fortaleza.