Pela primeira vez desde 2016, Capitão Wagner (União Brasil) não é consenso na oposição em Fortaleza, analisou o pesquisador Cleyton Monte, cientista político e professor.
Segundo ele, a derrota do bolsonarismo e a emergência do lulismo abriram espaço para novos atores nesse campo, a exemplo do deputado estadual Carmelo Neto (PL).
"A direita está dividida. Neste momento não há consenso em torno do Capitão Wagner, diferentemente das outras eleições, em que havia praticamente uma tomada de decisão prévia", afirmou Monte.
Prévia, nesse caso, significa que a escolha de Wagner em 2020, por exemplo, deu-se num ambiente em que sua liderança e potencial eleitoral eram incontestáveis.
De acordo com Monte, o quadro agora é diferente. Além de Carmelo, há ainda o deputado federal André Fernandes, também do PL e hoje membro da CPI mista dos atos golpistas de 8 de janeiro - um movimento estimulado pelo próprio parlamentar.
"Carmelo e Fernandes estão se movimentando. A candidatura de Wagner não vai ser tão fácil. Tendo candidatura, poderemos ter outra numa perspectiva mais à direita", sugeriu o analista, que não descarta mais de um postulante disputando voto nessa raia do conservadorismo.
Dentro do PL, os dois deputados vêm inclusive medindo forças indiretamente, numa corrida por domínio dessa agenda - Carmelo teria mais interlocução com segmentos importantes do eleitorado, enquanto Fernandes é nome mais próximo da cúpula do partido, o que naturalmente inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro.
De modo que, caso haja disputa, o deputado levaria vantagem na tentativa de se apresentar como um representante local do bolsonarismo e aquele que estaria mais próximo da plataforma do ex-presidente.