Um dos entraves no processo é como promover a participação popular, conta Tarciane Soares, membro do Movimento das Comunidades Populares (MCP) e articuladora da comunidade Raízes da Praia, na região do Vicente Pinzon.
"Pode estar acontecendo ao lado da sua casa, mas se você não sabe o que é (o Plano Diretor), você não vai participar. Existia a participação de alguns movimentos, mas não havia a participação das pessoas, que era quem devia dizer os locais que não tem saneamento, não tem infraestrutura, porque elas que vão ser impactadas e não estavam sendo chamadas, não havia esse chamamento da prefeitura", afirma a moradora.
Segundo ela, os movimentos fizeram oficinas nos bairros para que as pessoas entendessem que é um momento importante para o futuro da cidade. "A comunidade não entende a perspectiva. Não entendem o que é uma Zeis não sabe o que é, às vezes mora em uma Zeis, mas não sabe", ressalta.
Mesmo que os termos técnicos afastem, as necessidades diárias fluem facilmente nas reuniões que vêm sendo realizadas desde o começo do ano. "Centro da cidade sumindo", "tempo de deslocamento sacrifica o trabalhador", "dificuldade de sobreviver da pesca", "conflitos de facções interfere o acesso às areninhas", "falta de reconhecimento de movimentos culturais" são algumas manifestações citadas em um dos fóruns mediados pela prefeitura.
"Os investimentos são sempre super concentrados na Beira Mar, em uma orla específica, e nos bairros tidos como nobre, as comunidades ficam desassistidas. É tudo muito complicado, pensam na política muito isolada, eles resolvem a moradia, mas não é um problema isolado", ressalta Taciane.