Ex-candidato à Presidência, Ciro Gomes (PDT) criticou ontem o governador Elmano de Freitas (PT) pela criação de secretarias estaduais em sua gestão na esteira da reforma administrativa levada a cabo pelo petista ainda no início do ano.
"Lula tem 34 ministérios. Dos Direitos Humanos, dos 'índios', dos negros. Elmano copiou aqui. Mandou pra Assembleia a criação de 15 secretarias no Ceará. Pelo amor de Deus!", declarou o pedetista durante palestra na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE), em Fortaleza.
"Quinze secretarias novas no Ceará", repetiu Ciro em seguida, acrescentando que "tem a dos Direitos Humanos, dos Quilombolas, dos Indígenas e a de não sei de quê".
"Quer dizer que não é importante? Não, é muito importante. Mas, caramba, ele criou a Secretaria de Interlocução Religiosa no Ceará e nomeou meu amigo Walter Cavalcante, um católico empedernido. Os umbandistas: e a minha religião? Tem que criar uma secretaria da religião da umbanda", ironizou o ex-ministro.
Walter Cavalcante, porém, é designado na estrutura do Governo do Estado como assessor especial de Assuntos Institucionais, função ligada à Casa Civil, cuja titularidade é de Max Quintino.
Não há, dentro do organograma da gestão do governador, uma "Secretaria de Interlocução Religiosa" ou uma pasta dedicada exclusivamente aos quilombolas.
As demais menções de Ciro estão corretas. O novo modelo do Executivo estadual contempla uma Secretaria dos Povos Indígenas, comandada por Juliana Alves; uma dos Direitos Humanos, a cargo de Socorro França; e outra da Igualdade Racial, chefiada por Zelma Madeira.
Antes de Ciro, o ex-senador Tasso Jereissati (PSDB), de quem o ex-ministro tem se reaproximado, já havia criticado o que considerou como retrocesso no aumento da máquina pública do estado.
Em março último, durante almoço com jovens empresários, o tucano acusou Elmano de adotar critérios de formação do secretariado "absolutamente políticos". Também sustentou que não há rumo no governo, apenas um projeto "político-eleitoral e cada vez mais nesse sentido fisiológico e clientelista".
Ciro, no entanto, vinha se mantendo mais distante do cenário local desde as eleições de 2022. Em outros eventos recentes na Capital, havia concentrado suas falas no governo de Lula, cuja política econômica é seu alvo frequente de seus discursos.
Nessa quarta-feira (21), no entanto, o pedetista investiu contra o sucessor de Camilo Santana (PT) e Izolda Cela (sem partido) no Governo.
Questionado pelo O POVO sobre o tema acerca do qual falaria no encontro - a segurança pública -, Ciro enfatizou que, nas "regiões da periferia das cidades do país inteiro, e o Ceará está absolutamente entregue a isso, é o terror das facções criminosas e a omissão absoluta da institucionalidade" que predominam. (colaborou Luiza Vieira/especial para O POVO)