Eleito como integrante da oposição, o prefeito de Caucaia, Vitor Valim (sem partido), não esconde a aproximação com o grupo político liderado pelo ministro Camilo Santana (PT). Mesmo com a movimentação, o gestor tem cenário favorável com a maioria esmagadora de aliados na Câmara Municipal, que crê em uma forte candidatura à reeleição em 2024.
Valim conseguiu reunir ao seu redor 22 dos 23 vereadores da Câmara de partidos como PSD, PSDB, PDT e até União Brasil, que deve lançar candidatura no município ano que vem. O principal nome que deve vir contra o prefeito é justamente o vice, Deuzinho Filho (União Brasil), já citado pelo presidente estadual do partido, Capitão Wagner, como uma opção do município.
Em março, Deuzinho saiu do Republicanos e, além de se filiar ao União Brasil, assumiu o comando do diretório municipal, juntamente com foco no pleito. A indicação causou desconforto nos vereadores da legenda, que alegavam não terem sido consultados na decisão. Segundo Deuzinho e Wagner, a situação foi superada e haverá liberdade para que os parlamentares deixem o partido caso não concordem com os rumos para a articulação no município.
Presidente da Câmara, Dr. Tanilo (PDT) vê um momento crescente de Valim após a aproximação com o arco de aliança petista, vitorioso no Executivo estadual e federal. “O prefeito tem uma base muito forte na Câmara, são 22 dos 23 vereadores, apoiando seus projetos. Está alinhado com o governador, votou no Lula, então ele tem tudo para crescer no cenário tanto municipal quanto estadual e federal”, avaliou.
“Se Deus quiser, os recursos estão chegando e vai melhorar sem sombra de dúvidas a vida do povo de Caucaia”, completou.
O cenário favorável deve acompanhar o prefeito no movimento eleitoral, acredita o vereador J Wellington (PSD). O parlamentar projeta que, além de Valim, dois ou três nomes despontem no pleito. “O prefeito Vitor Valim tem 22 vereadores da base aliada, eu acredito que a maioria, em massa, vem apoiando ele e com certeza (apoiarão) ano que vem”, disse.
O vereador, no entanto, foi cauteloso em definir possíveis aliados do prefeito, que ainda está sem partido. “Eu acredito que deva sair o atual prefeito que vem para a reeleição, mais uns dois ou três, mas a política é só próximo ano, quando deve começar as articulações, não posso dizer nada sobre mim nem sobre o prefeito, porque está um pouco distante ainda, mas eu acredito que ele venha para a reeleição”, afirmou.
O PSD é casa do ex-prefeito Naumi Amorim, derrotado justamente por Valim nas últimas eleições. Embora a legenda esteja se aproximando de Elmano, o presidente estadual da legenda Domingos Filho ressaltou a figura de Naumi como liderança no município.
Domingos foi vice na chapa de Roberto Cláudio (PDT) e era fiador de Érika Amorim (PSD), mulher de Naumi, como candidata ao Senado. “Minha liderança é Naumi e Erika Amorim, a partir daí, (as decisões) são tocadas e comandada por eles”, disse Domingo em março.
Na mesma linha seguiu o vice-líder do Governo, Sávio Nascimento (PSDB), que destacou o tempo até a eleição. Mesmo assim, projetou a presença de Valim no pleito. “Ele vem para a reeleição e acredito que vem desempenhando um trabalho, não um trabalho eleitoreiro, é um trabalho contínuo e com resultados no município”, disse.
O PSDB também tem histórico no município e lançou candidaturas nas duas últimas eleições: a hoje deputada estadual Emília Pessoa, em 2020, e o irmão dela, Eduardo Pessoa, em 2016.
Única parlamentar que não integra a base, Enedina Soares (PT) lembra que a dinâmica da política favorece para que os prefeitos tenham a maioria na Câmara.
“Eles têm uma grande base na Câmara que já atravessa gestões aqui. É muito comum. Em nenhum momento, me coloquei como oposição à gestão municipal, mas acaba que essa metodologia que a gestão utiliza acaba nos colocando em uma posição crítica a esse método e à forma como são construídas as coisa, destaca a vereadora.
O PT é um nome cogitado para a filiação de Valim, que já recebeu convite da legenda e afirma aguardar a indicação de Camilo para bater o martelo. “O cenário está bem impreciso, há várias especulações, mas se o próximo prefeito não for ele, também vai ter o apoio da base, se não renovar a Câmara”, ressaltou Enedina.