Reza o clichê que não existe vácuo na política. Se um ciclo se encerra, outro já se anuncia no horizonte. No caso do Ceará, a avaliação geral é de que o ex-governador Camilo Santana (PT) se constituiu como a principal liderança do estado neste momento.
Mas isso significa que o petista inevitavelmente irá consolidar um ciclo?
Para Monalisa Torres, professora da Uece, o hoje ministro da Educação vem se descolando dos Ferreira Gomes – leia-se Ciro – desde o ano passado, antes das eleições presidenciais, nas quais, como se sabe, ele não apoiou o pedetista, mas Lula.
“Até 2020, porém, Camilo estava muito alinhado aos Ferreira Gomes. Ainda que fosse um quadro importante e popular, era uma figura ligada aos irmãos. Isso muda completamente em 2022. A gente tem esse deslocamento, ele vai se destacando e levando com ele essa base eleitoral construída por Cid”, pondera Torres.
De acordo com ela, esse movimento não se completou, e Camilo está agora “construindo essa base própria”.
“Ele aproveitou parte da base construída por Cid e por ele mesmo. Tem alinhamento e uma imagem política própria”, avalia.
“Se teremos um ciclo camilista”, diz a pesquisadora, “com outro nome, outro modus operandi, a gente precisa acompanhar as próximas cenas para ver até que ponto o Camilo terá folego para ampliar essa base”.