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Depoimento de hacker amplia suspeitas de ação golpista de Bolsonaro, que nega grampo em Moraes
Politica

Depoimento de hacker amplia suspeitas de ação golpista de Bolsonaro, que nega grampo em Moraes

| 8 de janeiro | Walter Delgatti Neto acusou ex-presidente de oferecer-lhe indulto em troca de invadir urnas eletrônicas. Bolsonaro admite reunião com hacker, mas nega que tenha grampeado ministro
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WALTER Delgatti Neto prestará depoimento hoje à Polícia Federal (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado WALTER Delgatti Neto prestará depoimento hoje à Polícia Federal

Como parte da espiral de ações policiais e suspeitas que atingem Jair Bolsonaro (PL) desde o início do mês, o hacker Walter Delgatti Neto acusou ontem o ex-presidente de lhe oferecer um indulto para que violasse medidas cautelares da Justiça e invadisse o sistema das urnas eletrônicas. Falando à Comissão Parlamentar Mista (CPMI) do 8 de Janeiro, "Vermelho" - como é conhecido - também afirmou que, numa conversa com Bolsonaro, ele teria dito que obteve um grampo do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Segundo o relato de Delgatti, o ex-presidente queria que ele assumisse a autoria do crime. A Polícia Federal intimou o hacker a prestar novo depoimento hoje, mas a defesa deve orientá-lo a ficar calado. Ao longo de 8 horas de depoimento à CPMI, Delgatti não apresentou documentos ou qualquer material que comprovasse as acusações.

A defesa de Bolsonaro informou que vai entrar com uma queixa-crime contra o hacker por "informações e alegações falsas, totalmente desprovidas de qualquer tipo de prova".

Bolsonaro desmentiu ontem as declarações de Delgatti. Em uma entrevista à Jovem Pan, o ex-presidente afirmou que o hacker estava "fantasiando" no depoimento para o colegiado e negou que teria conversado com ele sobre um grampo ao telefone de Alexandre de Moraes.

O ex-presidente confirmou que recebeu o hacker no Palácio da Alvorada em uma oportunidade. À CPMI, Delgatti disse que a reunião seria para organizar uma tentativa de mostrar que a urna eletrônica era passível de fraudes.

Para a rádio, Bolsonaro disse que pediu para que ele falasse com os membros do Ministério da Defesa que integraram a comissão eleitoral do TSE antes das eleições presidenciais de outubro.

"Ele está inspirado hoje. Teve a reunião e eu mandei ele para o Ministério da Defesa para conversar com os técnicos. Ele esteve lá (no Palácio da Alvorada e no Ministério da Defesa) e morreu o assunto. Ele está voando completamente. Tem fantasia aí. Eu só encontrei com ele uma vez no café da manhã (no Alvorada), e não falei com ele no telefone em momento algum. Como ele pode ter certeza de um grampo? Nós desconhecemos isso", disse o ex-presidente à Jovem Pan.

Pela manhã, a maior parte do tempo da sessão da CPMI foi composta por perguntas feitas por parlamentares alinhados ao governo. Após o intervalo, à tarde, os políticos da oposição fizeram questionamentos ao hacker. Segundo o ex-presidente, Delgatti ficou em silêncio ao ser confrontado pelos seus aliados e teria "se exaltado" anteriormente por estar "entre amigos".

O hacker, conhecido por vazar mensagens da Lava Jato, teve momentos de embate com o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) durante seu depoimento à CPMI. Ele chamou o ex-juiz da operação de "criminoso contumaz".

"Eu fui vítima de uma perseguição em Araraquara equiparada à perseguição que vossa excelência fez com o presidente Lula e integrantes do PT. Eu li as conversas de vossa excelência, li a parte privada, e posso dizer que o senhor é um criminoso contumaz. Cometeu diversas irregularidades e crimes", disse o hacker.

Moro rebateu: "O bandido aqui, que foi preso, é o senhor. O senhor é inocente como o presidente Lula, então?", afirmou. "Temos um depoente que é acusado e processado por diversos crimes de estelionato. Há sinais claros de que ele faz do crime a sua profissão", prosseguiu.

Diante da troca de ofensas, o vice-presidente da CPMI, senador Cid Gomes (PDT-CE), cobrou respeito de ambas as partes. (Agência Estado)

 

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