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Como foi o dia de paralisações nos serviços no Ceará
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Como foi o dia de paralisações nos serviços no Ceará

Prefeituras decretaram ponto facultativo em órgãos e entidades da administração municipal, exceto serviços essenciais
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Movimento de Prefeituras na Assembleia Legislativa, nesta quarta-feira, 30 de agosto (30/08) (Foto: Vítor Magalhães)
Foto: Vítor Magalhães Movimento de Prefeituras na Assembleia Legislativa, nesta quarta-feira, 30 de agosto (30/08)

Prefeitos e representantes de gestões municipais no Ceará realizaram manifestação nesta quarta-feira, 30, em frente à Assembleia Legislativa do Ceará (Alece). Prefeituras de mais de 170 municípios do Estado aderiram à paralisação contra a redução dos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). O POVO realizou um giro pelas sedes dos Executivos e outros órgãos de Eusébio, Maracanaú e Caucaia e constatou paralisações.

Mais informações ao vivo:

Em Eusébio, a reportagem visitou a sede da Prefeitura que estava em obras. Os funcionários que trabalhavam na reforma informaram que “nada estava funcionando” devido à paralisação.

Posteriormente, O POVO foi à sede da Secretaria de Finanças (Seinf) do municípios, onde constatou um aviso colado na porta, informando que os serviços estavam paralisados nesta quarta-feira, 30, devido ao ponto facultativo decretado pela Prefeitura.

Escolas municipais tiveram aulas suspensas nesta quarta-feira, 30, o que foi avisado na véspera pelos professores. No aviso, na porta da Seinf, era informado apenas que serviços essenciais de “saúde, transporte e segurança” funcionariam normalmente.

A reportagem identificou ainda uma moradora do município tentando entrar na Seinf para resolver uma pendência relacionada ao Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana (IPTU). Em conversa com a reportagem, ela reclamou do fechamento.

“Vim pagar o IPTU e queria saber da possibilidade de receber algum desconto. Não tenho como saber, porque não tem atendimento e amanhã não estarei no Eusébio”, declarou, acrescentando que não estava sabendo da paralisação antes de se deslocar ao local.

Em Maracanaú, O POVO esteve no Palácio das Maracanãs (sede do governo), onde não havia movimentação de população. Duas pessoas que faziam a segurança do espaço informaram que, devido à paralisação, apenas a Procuradoria Geral do Município (PGM) estava funcionando no momento em que a reportagem passou.

Na sede da Procuradoria de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) de Maracanaú, o atendimento ocorria normalmente. Em conversa com pessoas no local, foi relatado que o órgão abriu “em respeito ao consumidor”, devido a dinâmica própria de agendamentos para atendimento na unidade. No entanto, foi informado que o Procon fecharia às 14 horas.

“O Procon tem audiências e nós seguimos um calendário. Para que as audiências sejam canceladas, fazemos isso com vários dias de antecedência. Como a paralisação foi informada de última hora nós não fizemos o cancelamento (do atendimento) para não prejudicar as partes, principalmente o consumidor”, relatou uma pessoa, acrescentando que todos que estavam agendados para serem atendidos nesta quarta-feira, foram atendidos.

Serviços essenciais como UPAs e posto de saúde, além da guarda municipal e outros estavam funcionando no município, como foi recomendado pela Associação dos Municípios (Aprece), que atuou na articulação da paralisação desta semana.

Na sede da Prefeitura de Caucaia, O POVO conversou com uma pessoa que estava no portão e confirmou haver paralisação do atendimento no local, onde estão o gabinete do prefeito, a PGM e a Secretaria da Infraestrutura (Seinfra).

Na porta da Prefeitura, estava colado um aviso de que, em razão do movimento de prefeitos, o atendimento ao público estaria suspenso na quarta-feira. A gestão informou ainda que o município parou apenas o atendimento ao público e que serviços essenciais estavam funcionando normalmente, inclusive as escolas.

Veja as prefeituras cearenses que aderiram à paralisação

    1. Abaiara
    2. Acaraú
    3. Acopiara
    4. Aiuaba
    5. Alcântaras
    6. Altaneira
    7. Alto Santo
    8. Amontada
    9. Antonina do Norte
    10. Apuiarés
    11. Aquiraz
    12. Aracati
    13. Aracoiaba
    14. Ararendá
    15. Araripe
    16. Aratuba
    17. Arneiroz
    18. Assaré
    19. Aurora
    20. Baixio
    21. Banabuiú
    22. Barbalha
    23. Barreira
    24. Barro
    25. Barroquinha
    26. Baturité
    27. Beberibe
    28. Bela Cruz
    29. Boa Viagem
    30. Brejo Santo
    31. Camocim
    32. Campos Sales
    33. Canindé
    34. Capistrano
    35. Caridade
    36. Cariré
    37. Caririaçu
    38. Carnaubal
    39. Cascavel
    40. Catarina
    41. Catunda
    42. Caucaia
    43. Cedro
    44. Chaval
    45. Choró
    46. Chorozinho
    47. Coreaú
    48. Crateús
    49. Crato
    50. Croatá
    51. Cruz
    52. Deputado Irapuan Pinheiro
    53. Ererê
    54. Eusébio
    55. Farias Brito
    56. Forquilha
    57. Fortim
    58. Frecheirinha
    59. General Sampaio
    60. Graça
    61. Granja
    62. Granjeiro
    63. Groaíras
    64. Guaiúba
    65. Guaraciaba do Norte
    66. Guaramiranga
    67. Hidrolândia
    68. Ibaretama
    69. Ibiapina
    70. Ibicuitinga
    71. Icapuí
    72. Icó
    73. Iguatu
    74. Independência
    75. Ipaporanga
    76. Ipaumirim
    77. Ipú
    78. Iracema
    79. Irauçuba
    80. Itaiçaba
    81. Itaitinga
    82. Itapajé
    83. Itapiúna
    84. Itarema
    85. Itatira
    86. Jaguaretama
    87. Jaguaribara
    88. Jaguaribe
    89. Jaguaruana
    90. Jardim
    91. Jati
    92. Jijoca de Jericoacoara
    93. Juazeiro do Norte
    94. Jucás
    95. Lavras da Mangabeira
    96. Limoeiro do Norte
    97. Madalena
    98. Maracanaú
    99. Maranguape
    100. Marco
    101. Martinópole
    102. Massapê
    103. Mauriti
    104. Milagres
    105. Milhã
    106. Miraíma
    107. Missão Velha
    108. Mombaça
    109. Monsenhor Tabosa
    110. Morada Nova
    111. Moraújo
    112. Mucambo
    113. Mulungu
    114. Nova Olinda
    115. Novo Oriente
    116. Ocara
    117. Orós
    118. Pacajus
    119. Pacatuba
    120. Pacoti
    121. Pacujá
    122. Palhano
    123. Palmácia
    124. Paracuru
    125. Paraipaba
    126. Paramoti
    127. Pedra Branca
    128. Penaforte
    129. Pentecoste
    130. Pereiro
    131. Pindoretama
    132. Piquet Carneiro
    133. Pires Ferreira
    134. Poranga
    135. Porteiras
    136. Potengi
    137. Potiretama
    138. Quiterianópolis
    139. Quixadá
    140. Quixelô
    141. Quixeramobim
    142. Quixeré
    143. Redenção
    144. Reriutaba
    145. Russas
    146. Saboeiro
    147. Salitre
    148. Santana do Acaraú
    149. Santana do Cariri
    150. São Benedito
    151. São Gonçalo do Amarante
    152. São João do Jaguaribe
    153. São Luís do Curu
    154. Senador Pompeu
    155. Senador Sá
    156. Solonópole
    157. Tabuleiro do Norte
    158. Tamboril
    159. Tarrafas
    160. Tauá
    161. Tejuçuoca
    162. Tianguá
    163. Trairi
    164. Tururu
    165. Umari
    166. Umirim
    167. Uruburetama
    168. Uruoca
    169. Varjota
    170. Várzea Alegre
    171. Viçosa do Ceará

Entenda por que municípios do Nordeste fazem paralisação hoje

O movimento de paralisação das prefeituras ocorre após queda de 34% no Fundo de Participação dos Municípios (FPM) em relação ao período igual do ano anterior.

De acordo com a Confederação Nacional de Municípios (CNM) as prefeituras receberam no dia 10 de agosto a primeira parcela do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Foram destinados R$ 5.663.235.940,25 às 5.568 prefeituras, considerando a retenção do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Sem a retenção, o montante é de R$ 7.079.044.925,31.

No entanto, de acordo com levantamento realizado pela CNM a partir de dados da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) existe a probabilidade de haver uma redução de 23,56%, quando o valor do repasse é deflacionado.

O primeiro repasse do FPM referente ao mês de agosto é composto pela arrecadação do Imposto de Renda e Imposto Sobre Produtos Industrializados (IR e IPI) entre os dias 20 a 30 de julho.

A Confederação reforçou que o primeiro decênio do mês de agosto foi 20,32% menor se comparado aos R$ 8,8 bilhões repassados no mesmo período em 2022. A justificativa dada pela entidade é de que houve uma redução de 8% na arrecadação do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ), o que equivale a R$ 5,1 bilhões, e um aumento de 56% nas restituições do IR, cerca de R$ 4,3 bilhões. 

Levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM) mostra que 61% das prefeituras do Brasil terminaram o primeiro semestre no vermelho.

O ato tem como objetivo pressionar o Congresso Nacional e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL 30-08-2023: fotos do Protesto das Prefeituras na Assembleia. (Foto: Yuri Allen/Especial para  O Povo)
FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL 30-08-2023: fotos do Protesto das Prefeituras na Assembleia. (Foto: Yuri Allen/Especial para O Povo)

Greve de prefeitos: o que os gestores municipais reivindicam? Entenda

Mais de 80 gestores municipais estiveram presentes na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) na manhã desta quarta-feira, 30, para uma manifestação contra a redução dos valores repassados aos municípios por meio do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

Mais informações ao vivo:

A iniciativa, que conta com a colaboração de 171 cidades cearenses e municípios de outros 16 estados do país, tem como objetivo chamar a atenção do Governo Federal e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os prefeitos reivindicam um reajuste no montante, disponibilizado pela União e repassado às prefeituras. O valor é utilizado na prestação de serviços básicos à população.

Conforme explicou o presidente da Associação dos Municípios do Ceará (Aprece) e prefeito de Chorozinho, Júnior Castro, a redução no FPM ocorreu quando “ninguém esperava”, uma vez que, no primeiro decênio de agosto, o valor sofreu uma queda de 23,56% em comparação ao mesmo período do ano passado.

“Como foi algo que ninguém esperava, aconteceu em julho e agosto, a gente tem receio de que isso possa continuar acontecendo, por isso que a gente está fazendo esse movimento, para que desperte logo a atenção, ligue o alerta, porque se continuar, infelizmente teremos serviços agravados”, explicou Júnior.

Ele pontuou que a redução nos repasses afeta diretamente na vida dos servidores e da população e que alguns municípios do Ceará e dos estados estão atrasando a folha de pagamento dos funcionários por falta de verba.

“Municípios que pagavam no dia 30 estão pagando salários no dia 10, e municípios que pagavam dia 10 não estão conseguindo pagar integralmente a folha do dia 10, fica uma parte pro dia 20, outra pro dia 30”, completou.

Caso o intuito da paralisação das prefeituras não seja alcançado, a União disponibilizará aos municípios um auxílio financeiro para custear os serviços básicos prestados à população.

“O governo está estudando um auxílio financeiro, assim como já aconteceu em outros momentos de crise, que viria para amenizar essa situação da queda no FPM. A gente está otimista, isso (o movimento) é algo apartidário, não tem nada a ver com gestão A ou B, ou que passou ou que está. Isso reflete algo que está acontecendo a muito tempo”, disse o presidente da Aprece.

De acordo com o deputado estadual Renato Roseno (Psol), o ato realizado pelos gestores é de suma importância para a autonomia dos municípios, uma vez que, “as cidades aumentaram as responsabilidades”.

“É ele (município) que faz a saúde, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), é ele que executa a educação, do infantil à nona série, é ele que executa a assistência social e é ele que faz toda a zeladoria da cidade, então é fundamental”, disse o deputado.

Ele acrescentou que um auxílio de emergência deve ser fornecido às cidades de menor porte, uma vez que, 173 dos 184 municípios cearenses possuem benefícios assistenciais superiores à arrecadação própria.

“Seria um auxílio emergencial aos municípios, ou seja, você criaria um complemento para os municípios que não têm arrecadação própria”, seguiu. “Dos 184 municípios cearenses, em 173, o que entra de Bolsa Família e Benefício de Prestação Continuada (BPC) é maior que o que o município arrecada”.

Entenda por que municípios do Nordeste aderiram à paralisação

O ato de paralisação das prefeituras ocorre após uma queda de 34% no Fundo de Participação dos Municípios (FPM) em relação ao período igual do ano anterior. De acordo com a Aprece, 171 prefeitos do Estado do Ceará aderiram à paralisação, que será realizada nesta quarta-feira, 30. O município de Meruoca chegou a confirmar participação, mas depois recuou. 

De acordo com a Confederação Nacional de Municípios (CNM) as prefeituras receberam no dia 10 de agosto a primeira parcela do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Foram destinados R$ 5.663.235.940,25 aos 5.568 entes locais, considerando a retenção do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Sem a retenção, o montante é de R$ 7.079.044.925,31.

No entanto, de acordo com levantamento realizado pela CNM a partir de dados da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) existe a probabilidade de haver uma redução de 23,56%, quando o valor do repasse é deflacionado.

O primeiro repasse do FPM referente ao mês de agosto é composto pela arrecadação do Imposto de Renda e Imposto Sobre Produtos Industrializados (IR e IPI) entre os dias 20 a 30 de julho.

A Confederação reforçou que o primeiro decênio do mês de agosto foi 20,32% menor se comparado aos R$ 8,8 bilhões repassados no mesmo período em 2022. A justificativa dada pela entidade é de que houve uma redução de 8% na arrecadação do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ), o que equivale a R$ 5,1 bilhões, e um aumento de 56% nas restituições do IR, cerca de R$ 4,3 bilhões.

Veja quais serviços funcionam nesta quarta-feira, 30

Prefeituras decretaram ponto facultativo em órgãos e entidades da administração municipal direta, autárquica e fundacional. São mantidos os seguintes serviços:

  • Hospitais e entidades do setor da saúde
  • Coleta de lixo
  • Segurança Pública

Além do Nordeste, outros cinco estados aderiram ao ato

A paralisação nacional contra a redução dos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) recebeu o apoio de mais cinco estados do Brasil, além dos nove do Nordeste. No Ceará, 172 gestores municipais aderiram ao movimento, que foi realizado nesta quarta-feira, 30.


Lideranças do PT se reúnem com entidades para conter 'greve' de prefeitos do Nordeste

Depois de prefeitos de 16 Estados anunciarem paralisações em atividades das prefeituras nesta quarta-feira, 30, para reivindicar mais repasses do governo federal, lideranças do PT e entidades fizeram reunião na tarde de ontem para conter a movimentação. No Nordeste, reduto petista, cidades de todas as nove unidades federativas da região aderiram ao protesto.

A ação, denominada "Sem FPM não dá, as prefeituras vão parar", tem o apoio da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Segundo a entidade, houve uma redução do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), no Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), e também atrasos em entregas de emendas parlamentares.

O encontro desta tarde tem como propósito discutir a possibilidade de acelerar a tramitação do Projeto de Lei Complementar nº 136/2023, que propõe uma injeção de R$ 27 bilhões aos Estados e ao Distrito Federal, para compensar a limitação da alíquota sobre o ICMS aprovada pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) em junho de 2022.

Se o projeto for aprovado, os municípios serão beneficiados, porque parte dessa compensação recebida pelos Estados terá que ser repassada para eles. O autor da proposta é o deputado Zeca Dirceu (PT-RS).

Um mês depois da limitação das alíquotas ser aprovada, o Congresso derrubou o veto de Bolsonaro à obrigação da União de compensar o que os Estados deixariam de arrecadar. Com isso, o governo voltou a ter que fazer o repasse.

A proposta de Dirceu fala em R$ 27 bilhões, mas especialistas ouvidos pela reportagem na época apontavam que o rombo podia chegar à casa dos R$ 70 bilhões.

Entenda o caso

Estão confirmadas para a reunião algumas entidades representativas dos municípios - Confederação Nacional de Municípios (CNM), Frente Nacional de Prefeitos (FNP) e Associação Brasileira de Municípios (ABM) - e alguns consórcios de governadores.

Uma das reclamações dos prefeitos é que os repasses do FPM têm sido feito com atrasos e em valores mais baixos do que em 2022. O FPM é um percentual do que a União arrecada em com Imposto de Renda (IR) e Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), por isso, não tem um valor fixo.

A proposta de lei complementar que foi discutida ontem na liderança do PT coloca o foco na questão para a limitação do ICMS aprovada durante o governo Bolsonaro. O projeto foi apresentado por Dirceu no dia 3 de julho e aguarda despacho do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para começar a tramitar.

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