Em entrevista ao O POVO News ontem, o padre Júlio Lancellotti afirmou que o idoso de 72 anos que o ameaçou de morte estava sob efeitos de remédio e bebida alcoólica.
"Esse (homem) que tinha levado o bilhete me ameaçando disse que tinha tomado um remédio para labirintite e depois álcool em cima e por isso acabou escrevendo bilhete", contou durante o programa.
O religioso denunciou, no último fim de semana, ter recebido a denúncia, que estava grafada com caneta. A mensagem, entre outras ofensas, chamava-o de "padreco" e dizia que ali não era "partido político".
Em seguida, acusava o padre de ser "defensor dos direitos dos bandidos" e "petista vagabundo" e que "usava o povo" para se favorecer.
Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que o idoso deixa o bilhete na porta da igreja. Interpelado pela polícia, que havia aberto investigação, ele admitiu a ameaça, mas sustentou que não considerava atentar contra a vida de ninguém.
Padre Júlio, porém, fez boletim de ocorrência. Segundo ele, não era a primeira vez que lhe dirigiam esse tipo de ataque, exatamente por causa da natureza do seu trabalho.
Lancellotti atua com pessoas em situação de extrema vulnerabilidade social, sem casa e dependentes químicos.
No domingo, após divulgar a ameaça pelas redes, o sacerdote recebeu apoio de usuários, que manifestaram solidariedade.
Nas plataformas digitais, o religioso tem milhões de seguidores. Apenas no Instagram, por exemplo, o número chega a 1,5 milhão.
Essa audiência se multiplicou principalmente depois da pandemia da Covid-19, período no qual padre Júlio podia ser visto intercedendo junto a autoridades pelos direitos de pessoas que estavam nas ruas.
Dividido entre a paróquia São Miguel Arcanjo e a Pastoral do Povo de Rua, o padre era visto então ajudando a desfazer obstáculos físicos que impediam que moradores utilizassem o espaço público para se abrigar.
Ainda na entrevista ao O POVO News, ele defendeu uma política contra as drogas lastreada na prevenção e na oferta de serviços, além da ampliação da assistência.
"Não há um método infalível. Temos que aumentar a rede de Caps e Caps AD para prevenir essa questão e também entender por que grande parte dos nossos jovens acaba enveredando por esse caminho", apontou.
Conforme o padre, é preciso entender o quanto "o uso de drogas está ligado à frustração e à falta de possibilidades".
"Muitas vezes", continuou, "o uso é marcado pela frustração e violência. Nenhuma medida isolada e sozinha vai resolver".