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Cearenses são contra aborto e se dividem sobre casamento gay, mostra pesquisa Opnus
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Cearenses são contra aborto e se dividem sobre casamento gay, mostra pesquisa Opnus

Pesquisa do instituto Opnus captou a opinião do cearense sobre temas que movimentam STF e Congresso
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Fachada do edifício sede do Supremo Tribunal Federal - STF (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil Fachada do edifício sede do Supremo Tribunal Federal - STF

O aborto foi colocado em pauta pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o que provocou intensa reação dos políticos. No Congresso Nacional, está em pauta o casamento entre pessoas do mesmo sexo, em resposta ao que decidiu anos atrás o STF. Pesquisa do instituto Opnus ouviu a população sobre temas comportamentais, algumas das questões que mais dividem a política brasileira hoje.

Pesquisa Opnus mostra que é pequena a parcela da população favorável a permitir o aborto em qualquer circunstância. Mas, há divisão entre aqueles que são a favor de proibir em todos os casos e os que acham que o aborto deve permanecer como está hoje na lei — permitido nos casos de estupro, anencefalia do bebê e gravidez de risco de vida para a gestante.

O Supremo começou a julgar, de forma virtual, no último dia 22 de setembro a ação que pretende descriminalizar o aborto feito por mulheres com até 12 meses de gestação. A votação foi suspensa a pedido do ministro Luís Roberto Barroso e a análise do texto será realizada presencialmente.

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Conforme a pesquisa Opnus, 49% dos entrevistados consideram que o aborto deve ser totalmente proibido. Há 42% que consideram que deve seguir permitido nos casos previstos em lei. E 6% entendem que deve ser permitido em qualquer circunstância.

Já o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo divide bastante as opiniões. Dos entrevistados pelo Opnus, 47% apoiam a liberação e 46% defendem a proibição.

De acordo com o cientista político Pedro Barbosa, diretor técnico do Instituto Opnus, a pesquisa mostra que a posição acerca do aborto é mais influenciada pelos valores religiosos que pelo aspecto de gênero.

Já o casamento homoafetivo é bastante influenciado pela idade. Entre os mais jovens, 63% defendem a liberação e 30% querem a proibição. No recorte entre os mais idosos, 63% são a favor de proibir e 27% se posicionam por manter a liberação. (Luíza Vieira e Guilherme Gonsalves. Colaborou Érico Firmo)

CAPA 02 - MACONHA USO MEDICINAL(Foto: adobestock)
Foto: adobestock CAPA 02 - MACONHA USO MEDICINAL

Maioria é contra liberar drogas, mas defende uso medicinal da maconha, diz pesquisa Opnus

A oposição à liberação da posse e do uso de drogas, inclusive maconha, alcança ampla maioria entre os cearenses entrevistados pela pesquisa Opnus. Disseram ser contra que a posse de drogas para uso pessoal deixe de ser crime 71% dos ouvidos na pesquisa. Houve 23% que se manifestaram a favor de a posse de entorpecentes deixar de ser crime.

O assunto entrou na pauta do Supremo Tribunal Federal (STF), que interrompeu o julgamento quando estava prestes a ser formada maioria pela descriminialização da posse para consumo pessoal.

A pesquisa Opnus também perguntou especificamente sobre a maconha. Manifestaram-se contra a liberação do uso por adultos 78% dos entrevistados, enquanto 17% foram a favor.

A situação se inverte quando se trata de uso medicinal da maconha. Nesse caso, 71% dos entrevistados se posicionaram favoravelmente e 25% foram contra.

A rejeição à liberação das drogas é majoritária independentemente da distribuição geográfica. Porém, na Capital, há um apoio maior à tese de permitir posse e uso.

Em Fortaleza, 28% acham que a posse de droga para uso pessoal deve deixar de ser crime. Percentual que é de 22% na Região Metropolitana de Fortaleza e 21% no Interior. Os que defendem que seja crime são 67% na Capital, 71% na Região Metropolitana e 74% no Interior.

Já os que são a favor do uso medicinal são 76% na Capital, 80% na Região Metropolitana e 67% no Interior.

"As pessoas fazem diferenciação. Embora ainda haja muito tabu na questão das drogas, quando se fala do uso medicinal, há abertura, embora seja também uma questão polêmica", afirmou o cientista político Pedro Barbosa, diretor técnico do Opnus. Há espaço, ele considera, para esse debate avançar.

O apoio ao uso exclusivamente medicinal da maconha é amplo independentemente de religião. Entre os evangélicos, é menor que a média, mas ainda amplamente majoritário — 66% favoráveis e 31% contrários. Entre os católicos, são 71% a favor e 24% contra.

"Os evangélicos, no conjunto da pesquisa, têm na maioria posição mais conservadora. Isso não significa que sejam absolutamente fechados ou que se possa colocar todos numa vala comum, como grupo homogêneo. Há diversidade de opiniões dentro desses grupos", explica Barbosa.

Da mesma forma, quando se trata de liberar a posse de drogas ou o uso de maconha por adultos, há maioria contrária independentemente de religião e mesmo entre os ateus. Ainda que, entre os evangélicos, o percentual dos que são contrários seja maior.

São 78% os evangélicos que entendem que o porte de drogas para uso pessoal deve ser crime, enquanto entre os católicos são 71%, 65% entre os que têm outras crenças e 60% dos ateus.

Pedro Barbosa salienta que, apesar do ambiente de polarização política, a pesquisa mostra convergência entre aqueles que se declaram eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de Jair Bolsonaro (PL) sobre várias das polêmicas. Embora haja diferenças de ênfase, com inclinação mais conservadora dos bolsonaristas e mais progressista dos lulistas, em geral a opinião majoritária de um grupo ou outro vai na mesma direção. (Érico Firmo)

Até eleitores de Bolsonaro apoiam condenações pelo 8/1

A maioria dos cearenses entrevistados na pesquisa do Instituto Opnus opina favoravelmente é condenação dos réus envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro em Brasília. Posicionaram-se favoravelmente às punições 65% dos entrevistados. Houve 23% que foram contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre os participantes dos ataques à sede dos Três Poderes.

Diretor técnico do instituto Opnus, o cientista político Pedro Barbosa, aponta a grande diferença na percepção do eleitorado sobre o assunto conforme o voto em 2022. "Entre os eleitores de Bolsonaro, ainda há maioria a favor da condenação, mas há muito mais eleitores que votaram nele e que são contra a condenação".

Dos que votaram no presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 72% são favoráveis às prisões e 18% são contra.

Até entre os que declaram voto no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), houve maioria pela condenação, ainda que abaixo dos que declaram voto em Lula. Foram 53% os que se posicionaram pelas condenações, e 36% contra.

Barbosa faz a diferenciação entre os próprios eleitores do ex-presidente. "Há eleitores que votaram em Bolsonaro que têm posições mais moderadas e outros que têm posições mais extremadas". (Guilherme Gonsalves)

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