O senador Cid Gomes (PDT) disse acreditar em uma reconciliação política com o irmão, o ex-ministro e ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT). A relação dos dois está abalada desde as eleições de 2022, em meio ao racha que encerrou a aliança de 16 anos entre o PT e o PDT.
Na época, Cid e Ciro ficaram em lados opostos na condução do processo eleitoral, e o ex-ministro chegou a dizer que a briga com os irmãos ia "sangrar até o fim dos meus dias".
"Acredito, espero e desejo que isso aconteça. Ciro sempre foi uma referência na política que sempre segui com toda convicção porque a gente pensa parecido na grande maioria das coisas, na grande maioria dos problemas, na resolução, nas definições de soluções. Aqui e acolá a gente diverge", apontou. A fala aconteceu ontem, 12, em entrevista à rádio O POVO CBN Cariri.
O senador tem adotado postura de não comentar sua relação pessoal e familiar com o irmão Ciro, mas revisitou os episódios da escolha do nome que disputaria o Governo do Ceará em 2022.
Cid defendia que a aliança com o PT fosse mantida e Izolda Cela, então no PDT e hoje sem partido, fosse a indicada, enquanto Ciro foi o principal fiador do nome do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio.
Cid afirmou que a estratégia de lançar RC foi equivocada e prejudicou até a campanha de Ciro à Presidência no Ceará. O senador disse que já tinha projetado, internamente, que o racha prejudicaria o partido. Ele ressaltou mais uma vez ter se resguardo e evitado avaliar publicamente o processo para não acentuar o conflito com o irmão.
"Como aconteceu de fato, não era só uma previsão, um prognóstico. Eu imaginava que esses setores do partido iam considerar a decisão que tomaram como equivocada. Foi inclusive ruim para o Ciro. Ele sempre teve, em todas as suas candidaturas, a maioria dos votos no Ceará. E eu acreditava que em outro modelo poderia ter uma votação bem melhor", ressaltou Cid.
Ciro teve, em 2022, seu pior resultado em eleições presidenciais. Ele ficou em quarto lugar, com 3% dos votos válidos. Foi a primeira vez que ele não terminou uma eleição presidencial como o candidato mais votado no Ceará, ficando atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair
Bolsonaro (PL).
Mais recentemente, Cid e Ciro voltaram a estar em lados opostos dentro do partido que dividem. O senador desde julho fazia movimentações para assumir a presidência estadual do PDT, carregando a ideia de que era preciso retomar a aliança com o PT.
O cargo era historicamente ocupado pelo deputado federal André Figueiredo (PDT), a quem Ciro, em evento no Ceará, defendeu no posto em detrimento do irmão. A sigla, que ainda enfrenta divergências sobre o tema, deve ter mais um episódio na segunda-feira, 16, quando está marcada reunião.