O governo Lula encaminhou ao Congresso Nacional na última quarta-feira, 24, o projeto de lei que altera o novo ensino médio, estabelecido em 2017. A principal mudança é a volta de disciplinas obrigatórias do antigo programa educacional e o aumento da carga horária da Formação Geral Básica.
A reforma do ensino médio, aprovada durante o governo de Michel Temer, eliminou e diminuiu a carga horária de disciplinas obrigatórias — Sociologia, Filosofia, Artes, Educação Física, Histórias e outras matérias — e passou a ofertar trilhas profissionais em cursos técnicos de pelo menos 800 horas.
Devido a críticas de especialistas e profissionais da educação, o Ministério da Educação (MEC) estabeleceu, no período de 9 de março a 6 de julho deste ano, uma consulta pública sobre a temática, assim como a realização de webinários, audiências públicas e seminários. O MEC é comandado pelo ex-governador do Ceará Camilo Santana (PT).
Sobre o processo de construção do projeto, o professor Maurício Manoel, diretor de assuntos jurídicos do Sindicato Apeoc e especialista em políticas públicas para a Educação, comentou que o MEC restaurou o Fórum Nacional de Educação e abriu diálogo com os professores das escolas públicas.
“E o principal, ouviu os mais capacitados no assunto: os professores das escolas públicas, os quais, após implantação e execução do ensino médio vigente, identificaram que ele deveria ser revogado urgentemente, pois representa um atraso para a educação das juventudes em inúmeros âmbitos, bem como desqualifica a educação e torna rasa a formação do estudante ao final do ensino médio”, comentou.
O professor ainda avaliou que a situação do novo ensino médio está “insustentável nas escolas, com queixas e reclamações de todos os que usufruem da educação pública”.
Em relação à nova proposta, Maurício destacou pontos positivos do texto, mas avalia que ainda são necessários ajustes.
“A proposta ainda precisa ser ajustada em alguns pontos específicos, mas já modifica para melhor, e muito, o atual ensino médio, imposto por meio de uma medida provisória. Dentre as principais melhorias, está o retorno de disciplinas que haviam perdido carga horária obrigatória, o fim das famigeradas eletivas ocupando espaço das disciplinas essenciais, a ampliação da carga horária mínima da formação geral básica”, acrescentou.
Em nota, o Todos Pela Educação avaliou que “há boas notícias” na proposta enviada, mas que o texto ainda pode ser aprimorado no Congresso Nacional.
“Há boas notícias. A principal é que, ainda que com ajustes e novas nomenclaturas, a essência da reforma original ficará mantida: aumento da carga horária diária, diversificação curricular e maior integração com a educação profissional”, comentou.
Sobre pontos negativos do projeto, tanto o professor Maurício, quanto o Todos Pela Educação, destacam o receio pelo tempo menor para os estudantes que optarem pela Educação Profissional e Tecnológica (EPT) integrada ao ensino médio. Nesse caso, a carga horário mínima das disciplinas obrigatórias é de 2.100 horas.
O projeto agora seguirá em tramitação na Câmara dos Deputados, em que será encaminhado para comissões temáticas, ou ainda em uma comissão especial, caso o presidente da Casa, Arthur Lira (PP) decida pela criação da mesma. Depois, seguirá para o Senado, e em caso de mudanças no texto, voltará para a Câmara.
Quando o Novo Ensino Médio foi estabelecido, foi definido cinco itinerários formativos: