Em encontro relâmpago no começo da noite de ontem, o comando nacional do PDT anulou todas as mais de 20 cartas de anuência concedidas a deputados estaduais, federais, suplentes e vereadores durante reunião conduzida pelo senador Cid Gomes, também nessa quarta-feira, 8.
"A executiva nacional do PDT, de forma unânime, deliberou pela nulidade das cartas de anuência concedidas na reunião do diretório. São declaradas nulas para todos os efeitos", respondeu o presidente interino da legenda, deputado André Figueiredo.
Ainda de acordo com ele, a agenda de cúpula do PDT, antes prevista para a noite de ontem, quando seria analisado processo de intervenção na célula estadual do partido no Ceará, foi adiada para hoje pela manhã, com início a partir das 11h30.
"Exaurido o prazo de defesa concedido na intimação da comissão de ética (para defesa de Cid), continuaremos essa reunião da executiva nacional amanhã (hoje)", complementou Figueiredo.
O dirigente acrescentou também que, no curso da discussão a ser feita no âmbito nacional, "será incorporado ao relatório (da comissão de ética) o agravante que foi essa reunião no Ceará, que concedeu de forma descabida carta para todo mundo".
Presente à rodada de debates entre pedetistas em Brasília, o presidente licenciado do PDT, ministro Carlos Lupi, limitou-se a afirmar que a legenda "tomou as medidas cabíveis para quem não cumpre estatuto, programa e regras do partido".
Mais cedo nessa quarta, Cid Gomes, que preside o PDT cearense, liderou assembleia extraordinária da executiva estadual que resultou na aprovação de permissão formal para que 50 prefeitos, além da quase totalidade das bancadas de parlamentares trabalhistas, deixem a agremiação sem risco de perda de mandato.
Espécie de saída à Evandro Leitão, que já havia obtido chancela para se desfiliar da agremiação, ao menos 13 deputados estaduais e outros cinco federais cumpriram o mesmo roteiro.
Ao final da votação dos pedidos de anuência, apreciados um a um pelo diretório local, Cid avaliou, em coletiva de imprensa, que "há uma notória perseguição da direção nacional do partido, que hoje é exercida por um dos interessados aqui".
"Estamos nos preparando para ingressar na Justiça pedindo a nulidade de todo esse processo", continuou Cid. O senador então relatou que, "como isso tudo caracteriza perseguição", referindo-se à intervenção da nacional e a outros atos, "durante a reunião um deputado solicitou (a carta), e foi seguido por muitos outros".
Conforme apuração do O POVO, o parlamentar que abriu a fileira de solicitações de anuência foi Salmito Filho, hoje secretário do Desenvolvimento Econômico (SDE) do governo de Elmano de Freitas (PT).
"No final das contas", ressaltou Cid, "cinco deputados federais solicitaram, cada uma delas foi discutida, posta em votação e aprovada. E 13 deputados estaduais em exercício e mais alguns suplentes também pediram".
Para o senador e dirigente, trata-se de "número significativo de pessoas que pedem ao diretório, e o diretório compreendeu coletivamente que há razões de sobra para dar a essas pessoas a carta".
Leia mais na página 8
Senador
Cid argumentou ainda que não descarta a saída da legenda, no entanto, reiterou que qualquer decisão nesse sentido será definida em consonância com os membros do grupo. "Tenho uma prática de nunca tomar decisões sozinho".
QUEM PEDIU CARTA DE ANUÊNCIA
Deputados estaduais
Romeu Aldigueri
Guilherme Landim
Sérgio Aguiar
Osmar Baquit
Marcos Sobreira
Oriel Nunes
Jeová Mota
Lia Gomes
Salmito Filho
Antônio Granja
Bruno Pedrosa
Guilherme Bismarck
Tin Gomes
Helaine Coelho
Deputados federais
Eduardo Bismarck
Mauro Filho
Robério Monteiro
Idilvan Alencar
Leônidas Cristino
Nilson Diniz
Vereadores
Julio Brizzi
Ana Paula