O senador Cid Gomes (PDT) prometeu nesta quinta, 9, que seu grupo entrará na Justiça para questionar o processo da Comissão Nacional de Ética da sigla que determinou intervenção e findou na nomeação de uma comissão provisória com 13 nomes. Os indicados são aliados do deputado federal André Figueiredo (PDT), com quem o senador trava uma batalha pela presidência.
"Devemos dar entrada hoje (ontem) numa ação judicial pedindo a nulidade de um processo que foi feito de forma completamente irregular, ilegal, da Comissão de Ética. No dia 27, foi votada a intervenção no PDT, depois que eles cuidaram de instituir um processo. Até hoje ninguém sabe o motivo", afirmou.
A contestação deve ser acompanhada de movimentações que preparam terreno para uma possível debandada de seus aliados. Ele afirmou que irá pedir que vereadores do PDT, alinhados a ele em municípios do interior, peçam aos seus diretórios municipais cartas de anuência para terem a possibilidade de deixar o partido antes da janela partidária. Segundo ele, a movimentação será para organizar os aliados em outras legendas, diante da "postura" da Executiva Nacional.
"Os mais urgentes são os vereadores, tem a história da janela, mas em março, daqui para lá, se a gente não resolver, ocupam os partidos. Eu tô enfrentando esse problema na minha cidade (Sobral), nós temos lá oito vereadores do PDT, a recomendação que eu vou dar é que peçam ao seu diretório municipal para dar a anuência", afirmou.
E seguiu: "Sempre dizendo que nós estamos sendo perseguidos, não estamos sendo respeitados por uma direção autoritária inconsequente e que não respeita os princípios básicos da democracia". A saída não seria imediata, mas os parlamentares teriam uma "segurança" jurídica caso queiram migrar para outros partidos. "Isso é que vai nos dar força e essa decisão ela tem que ser tomada de forma coletiva, nós estávamos até agora nessa novela partidária, mas vamos começar a pensar o passo seguinte".
Prefeitos também são a prioridade do momento. Na próxima terça, 14, Cid irá se reunir com os chefes dos Executivos filiados ao PDT e possíveis candidatos nos municípios. Nos cálculos do grupo, uma possível migração deixará o partido com apenas sete prefeitos alinhados a André.
O deputado, inclusive, foi alvo de duras críticas do senador. O ministro da Previdência e presidente licenciado da sigla, Carlos Lupi, também recebeu torpedos. Cid afirmou que não dialogará mais com a direção nacional da sigla.
"Para mim, agora não há mais diálogo com a direção nacional. Se o Lupi me ligar agora, eu não atendo, porque eu não respeito mais. Se o André me ligar, eu não atendo, porque não respeito mais. Eles não são democratas. Eles não têm a menor noção do que é democracia, de respeitar a vontade da maioria", afirmou, em entrevista após participar, em Fortaleza, de debate na 26ª Conferência da União Nacional de Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale).
"Se não nos querem no PDT, porque fazem tanta questão sobre a concessão de cartas de anuência? Uma coisa paradoxal", disse ainda. (Colaborou Laura Lima/Especial para O POVO)