Se o encontro do diretório municipal do PT no último fim de semana servir de termômetro político, a conjuntura interna na legenda hoje parece mais simpática a uma filiação de Evandro Leitão do que era em agosto passado.
Naquele mês, ao menos quatro nomes petistas se colocaram como pré-candidatos à Prefeitura de Fortaleza na esteira do movimento de saída de Evandro do PDT, cuja principal garantia era uma carta de anuência concedida por Cid Gomes, presidente do partido no estado.
A entrada da deputada federal Luizianne Lins no xadrez eleitoral, por exemplo, foi imediatamente interpretada como sinal de que, se efetivamente tinha pretensão de ingressar no PT para concorrer ano que vem, Evandro teria de antecipar filiação e se submeter aos ritos partidários.
Nos dias que se seguiram, a ex-prefeita fez gestos eloquentes tanto ao governador Elmano de Freitas (PT) e ao ministro Camilo Santana (Educação) quanto ao próprio Evandro.
Numa de suas declarações, a deputada afirmou que o PT não era “partido de aluguel”. A manifestação, que se deu durante lançamento oficial de sua pré-candidatura, em 15 de setembro, tinha endereço certo.
Nesse período, Camilo se manteve em silêncio sobre as arestas partidárias, e Elmano evitou tratar do assunto. Ambos, como se sabe, estão estreitamente afinados na construção de uma solução de consenso para a corrida pela sucessão de José Sarto (PDT) na Capital.
Entre membros da aliança ouvidos em reserva pela reportagem, Evandro seria, hoje, esse nome da predileção do maior leque de forças governistas, do MDB a alas numerosas do PT, reunindo apoios de parlamentares como Francisco de Assis Diniz, um dos mais eloquentes na defesa da candidatura do ainda pedetista.
O nome do presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) foi citado algumas vezes no encontro do PT de sábado, 11, ora como apenas “Evandro”, ora como “companheiro Evandro”, a depender do grau de simpatia de quem o mencionava.
Luizianne, que ainda mantém grande ascendência no diretório municipal, também foi mencionada, sobretudo em razão dos dois mandatos à frente da Prefeitura sem os quais o PT em Fortaleza, conforme avaliações de petistas, não teria hoje a expressividade que tem.
No geral, os discursos de membros do colegiado se concentraram, porém, na necessidade de construção de uma candidatura de unidade não só dentro do PT, mas no bloco aliancista como um todo, que inclui outras legendas no âmbito da federação (PV e PCdoB) e fora dela (PSD e PP).