O Prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), comentou o anúncio das iminentes saídas de pelo menos 43 prefeitos do PDT no Ceará, aliados ao senador Cid Gomes (PDT), que devem deixar a legenda para disputar as eleições de 2024.
Sobre o movimento dos então correligionários, Sarto foi sucinto ao responder: “Não se perde o que nunca se teve”.
O movimento ocorre na esteira de um racha interno entre o grupo de Cid e outra ala comandada pelo presidente nacional interino do PDT, deputado federal André Figueiredo e pelo ex-ministro Ciro Gomes (PDT), aliados de Sarto e do ex-prefeito Roberto Cláudio.
Sarto é um dos prefeitos que permanecerá na legenda para disputar a reeleição.
“Eu acho que não se perde o que não se tem. A gente não perde quando não tem. Na verdade, quem saiu já não era (alinhado com o partido). O PDT tinha apresentado uma candidatura (em 2022) discutida em dez encontros regionais, votada e aprovada em convenção, e alguns resolveram sair (agora)", declarou o gestor neste sábado, 18, durante a entrega de uma Escola Areninha, no bairro Messejana, em Fortaleza.
Durante o evento, Sarto discursou num palco e citou o cantor cearense Ednardo e a música Pavão Misterioso.
“Ontem estava ouvindo lá na CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza), a galera cantando Ednardo, Pavão Misterioso. Tem um monte de gente se juntando aí, igual pavão misterioso, aí tem um trecho que diz assim, ‘eles são muitos, mas não podem voar’. Eles são muitos. Partidos, gente que fica adulando o poder, não tem culpa se o poder muda. Mas a cidade de Fortaleza é diferente, é progressista, vanguardista. Eles podem ser muitos, mas não sabem voar”, disse em trecho do discurso.
Na ocasião, o prefeito ainda reforçou os laços com Figueiredo. “Tem gente que acha que o poder é etéreo, que o poder dá todos os direitos, mas o poder é tão passageiro (...) O presidente do PDT, André Figueiredo, é o cara que oferece resistência a um projeto de hegemonia imposta, não democrática, que quer se estabelecer (...) O André tem estabelecido um pilar contra essa hegemonia que quer se estabelecer no Ceará”, disse.
Na última sexta-feira, 17, Figueiredo falou ao O POVO sobre a saída dos prefeitos, alegando que o PDT já está “acostumado” com perdas e que tem força para ressurgir. “Disseram que quando o (Leonel) Brizola morreu, em 2004, o PDT se acabaria, o que nós vimos foi justamente o contrário. O PDT está na luta pela defesa da democracia e do país”, disse o dirigente durante evento na sede do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-CE).
Embora não negue o tamanho da perda, Figueiredo disse que o PDT já se articula com outros atores locais para manter a competitividade em 2024. “Se nós formos arimetizar a quantidade de prefeitos (de saída do partido) é um número considerável, nós não seremos mais o maior partido de Estado em quantidade de prefeitos, mas ao mesmo tempo, também, sabemos que em cada município existe um grupo político separado e estes que estavam em tese na oposição estão nos procurando”, complementou.