Pesquisadora vinculada ao Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem-UFC), Monalisa Torres destaca que as histórias dos ciclos políticos têm de ser analisadas dentro dos contextos nos quais estão inseridos. Como exemplo disso, Torres cita Juraci Magalhães e o rompimento com Ciro Gomes quando um estava na Prefeitura e outro assumiria o Governo do Estado.

"A gente tem momentos de racha da base que antes andava unida. Vejo algo semelhante no que aconteceu agora, mais recentemente, com o grupo que congregava Ciro Gomes, Cid Gomes, José Sarto, Roberto Cláudio, enfim", diz Monalisa.

Ela considera haver hoje um cenário que já foi comum no Ceará, "de o grupo do governador antagonizar com o grupo da Prefeitura".

"Se o Cid conseguiu em alguma medida mudar esse panorama elegendo o Roberto Cláudio, aí você tinha um alinhamento completo entre o Governo Federal, o Governo do Estado e o Governo da Capital. Com a ruptura da base, você tem uma nova configuração. Um cenário, inclusive, em que a base governista do Governo do Estado está se remodelando dado o surgimento de outro grupo, o surgimento de uma nova liderança. Aí coloco a figura de Camilo Santana como esse líder que emerge a partir de 2022 e se coloca como principal liderança do PT e a nível estadual, agora tentando atrair forças para construir a sua base política. Então, temos uam configuração bastante diferente daquela que RC experienciou durante seus dois mandatos", complementou Monalisa, também professora de Teoria Política da Universidade Estadual do Ceará e doutora em Sociologia pela UFC.

Ciente de que a briga entre estes atores se converte em fragilidades políticas com repercussões eleitorais, Sarto disse publicamente, em abril deste ano: "Justo na minha vez, logo quando eu sou prefeito, vocês vão brigar? Criou-se um clima de fracasso absoluto da diplomacia política que quem perde é o Ceará e a população de Fortaleza. Fracasso total".