A frágil coesão do grupo liderado por Ciro Gomes (PDT), até agora em aliança com a federação PSDB /Cidadania, é o maior obstáculo político de José Sarto até agora no caminho da reeleição, considera a cientista política Monalisa Torres. Ela aponta que Cid conseguia manter as relações políticas, no mínimo, viáveis, sem que se chegasse a um estado de ruptura. É um trabalho que Ciro não consegue desempenhar.
"Ele conseguia ponderar essas diferenças internas e acomodar os aliados de forma que a coesão interna fosse mantida. Agora, a gente tem configuração diferente. Configuração em que essa frágil coesão interna não é mais uma realidade", afirmou a cientista social.
"Dada essa nova configuração, vejo cada vez mais o grupo do Ciro isolado, com a dificuldade de montar um grupo que seja competitivo para disputar as eleições, muito embora a gente saiba que a força da máquina não possa ser desconsiderada, desprezada. Tanto que o Sarto ainda tem o apoio de muitos vereadores de Fortaleza", ponderou.
Nesta oportunidade, disse Monalisa, a máquina terá pela frente um desafio considerável nas duas esferas, além da municipal. "Um governador que tem o apoio do presidente, que são ambos partidários, que querem lançar um candidato também competitivo para disputar as eleições da Capital, do principal colégio eleitoral do Estado. Então, há um grupo como o do Ciro, do Roberto Cláudio, do Sarto, que está se isolando e com dificuldades de costurar uma coalizão que possa ser competitiva mais lá na frente."
Assim como Monalisa, Uribam Xavier também vê fragilidades em torno do "projeto Sarto", sobretudo do ponto de vista partidário, ainda que entenda que o prefeito tenha meios de atenuá-las: no jargão político, "a máquina".
"Essa fragilidade partidária, de alguma forma, vai minar a base de apoio dele que são os vereadores, que têm muita importância na disputa local. Todavia, a candidatura dele é competitiva do ponto de vista do controle que ele tem da máquina e, é claro, alguns setores da sociedade que se sentem beneficiados pela ação da Prefeitura", avalia o cientista político, segundo quem o fator de maior dificuldade eleitoral para Sarto será a postulação petista, apoiada pelos governos Estadual e Federal.