A filiação de Evandro Leitão (PDT) ao PT está longe de ser unanimidade entre políticos do partido. Com três outras pré-candidaturas petistas - dos deputados Luizianne Lins, Larissa Gaspar e Guilherme Sampaio -, a chegada do pedetista já com ares de pré-candidatura promete acirrar debate interno da militância da sigla.
Em conversas reservadas com O POVO, alguns petistas mostraram preocupação, sobretudo com "blocão" de prefeitos do Interior que deve acompanhar Evandro com a mudança. Muitos inclusive disputam ou já disputaram localmente com o PT nos municípios. "Vai chegar uma ruma de coronéis ao partido, e a portas fechadas", diz um petista.
Defensor da candidatura de Luizianne Lins pelo partido, o superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Ceará, Deodato Ramalho (PT) fez críticas duras não só à filiação de Evandro, como ao processo de migração em massa como um todo.
"Independente de quem seja o nome, acho muito ruim a filiação de lideranças que anunciem que podem se filiar a qualquer partido, de A a Z. Isso já é perigoso, quer dizer que a consistência programática é praticamente nula, porque se eu admito que posso ir para partido de qualquer matiz ideológica, eu mostro que não tenho ideologia nenhuma", diz.
"Não é porque é um bom moço, não é isso. Não é pelo Evandro em si, mas acho que a história nos mostra que filiações que ocorrem assim dessa forma, de modo casuístico, acabam lá na frente prejudicando o partido, que tem uma linha programática bem definida, de esquerda", continua Deodato, que foi vereador de Fortaleza.(Carlos Mazza)