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Javier Milei toma posse e promete "choque" na economia da Argentina
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Javier Milei toma posse e promete "choque" na economia da Argentina

| NOVO PRESIDENTE | Milei falou da "herança" que seu governo receberá das gestões passadas, admitiu que haverá inflação e projetou "nova era" para o País. Bolsonaro e aliados marcaram presença no evento
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 Milei toma posse como novo presidente da Argentina, herdando tragédia na área econômica (Foto: EMILIANO LASALVIA / AFP)
Foto: EMILIANO LASALVIA / AFP Milei toma posse como novo presidente da Argentina, herdando tragédia na área econômica

A Argentina tem um novo presidente. O economista ultraliberal Javier Milei foi empossado na manhã de ontem, 10, em cerimônia realizada no Congresso argentino. A vice-presidente, Victoria Villarruel, também tomou posse. Milei fez o juramento à Constituição e recebeu a faixa presidencial e o bastão das mãos do antecessor, o peronista Alberto Fernández.

Minutos após tomar posse, Milei quebrou o protocolo e discursou na escadaria do prédio, para apoiadores que acompanhavam a cerimônia do lado de fora. Juntos estavam chefes de Estado e outras lideranças. Dentre os chefes de Estado estavam Lacalle Pou (Uruguai), Viktor Orbán (Hungria), Volodymyr Zelensky (Ucrânia), Gabriel Boric (Chile). O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL) também esteve ao lado de Milei.

Durante o discurso, Milei falou da "herança" que seu governo receberá das gestões passadas, admitiu que haverá inflação no início do governo, mas prometeu uma "nova era" de crescimento e desenvolvimento no País. "Hoje damos por terminada uma longa e triste história de decadência e começamos o caminho da reconstrução do nosso país", disse.

Embora tenha falado de diversos temas, Milei dedicou boa parte do seu discurso à questão econômica. Afirmando que "no hay plata" (não há dinheiro), o ultraliberal prometeu ajuste fiscal e tratamento de choque. Ele projetou dias difíceis, a curto prazo, e prometeu que será feito um "ajuste ordenado que recairá sobre o Estado" e não sobre o setor privado.

Ainda segundo Milei, "nenhum governo recebeu uma herança pior" do que o atual. A inflação anual da Argentina passa dos 140% no acumulado até outubro. O novo mandatário culpou as gestões anteriores e projetou que o problema não se resolverá rapidamente.

"Mesmo se deixarmos de emitir dinheiro hoje, continuaremos a pagar os custos do caos monetário. Vamos pagar por isso com a inflação", disse, acrescentando que "cem anos de fracasso não se desfazem num dia, mas um dia começa e hoje é esse dia". Para Milei, este será um último momento de dificuldade antes de colher frutos.

Após o discurso, o presidente desfilou em carro aberto até a Casa Rosada (sede do governo). No percurso, ele desceu do veículo em alguns momentos para cumprimentar apoiadores que o cercavam. Na Casa Rosada, se encontrou com a nova chanceler Diana Mondino e cumprimentou os líderes mundiais que compareceram à posse (ver quadro).

Entre os agentes internacionais que acompanhavam Milei na posse chamou a atenção, de um lado, a presença de Bolsonaro e de Orban, que compõe uma liga ultradireita global. Bolsonaro tem aproveitado os holofotes da posse do colega para se colocar em evidência no cenário internacional. Com direito a caminhadas públicas e cumprimentos à multidão que acompanhava o evento, o ex-presidente brasileiro marcou sua passagem por Buenos Aires.

Do outro lado, chamou atenção a presença de Gabriel Boric, presidente do Chile, que compõe a esquerda sul-americana. Desde que assumiu, em 2022, Boric tem reforçado postura mais estadista e menos ideológica na seara internacional.

Quem também chamou a atenção, mas pela ausência, foi o presidente Lula (PT), que foi convidado formalmente por Milei, mas não compareceu. O Brasil foi representado pelo chanceler Mauro Vieira. A relação entre Lula e Milei não é boa, uma vez que durante a campanha argentina, rusgas foram criadas quando Milei acusou Lula de "comunista" e "corrupto".

Agora, o governo Argentino terá início com amplos desafios na área econômica e uma equipe já reduzida desde o princípio, com apenas nove ministérios anunciados: Economia, Justiça, Infraestrutura, Interior, Segurança, Saúde, Defesa, Relações Exteriores e Capital Humano.

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