A morte da estudante Jéssica Canedo acendeu debate que mobilizam as principais correntes da política brasileira.
Deputados bolsonaristas começaram campanha para que as pessoas deixem de seguir o perfil de fofocas de celebridades Choquei, nas redes sociais.
Na base do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a movimentação é para regular plataformas e punir páginas de Internet que divulguem fake news.
O deputado federal Célio Studart (PSD) apresentou projeto de lei para aumentar a pena do crime de induzir ou instigar o suicídio, com foco em páginas e pessoas que divulguem informações falsas na internet. A medida propõe alterar o artigo 122 do Código Penal brasileiro.
"Iremos propor projeto de lei que pune, desmonetiza e impede contrato com páginas que divulguem fake news, resultando em induzimento ao suicídio. Basta!", explicou o deputado em publicação no X (antigo Twitter). Ele batizou a iniciativa de Lei Jéssica Vitória.
A também deputada federal cearense Luizianne Lins (PT) defendeu aprovação "urgente" do projeto de lei 2.630/2020, conhecido como Lei das Fake News.
"É preciso que haja responsabilização pela morte da jovem vítima de fake news, que teve vida, sonhos e projetos interrompidos", disse a parlamentar, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
O projeto enfrenta resistência sobretudo entre parlamentares bolsonaristas, que criticam possível uso da lei para "censurar" páginas de direita. Depois da morte de Jéssica Canedo, no entanto, as redes sociais foram tomadas por uma nova leva de pressão pela aprovação, principalmente na esquerda e centro-esquerda.
Já no campo bolsonarista, o perfil Choquei é o alvo. Entre os parlamentares que pedem o boicote à página estão o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).
Os bolsonaristas têm se posicionado contra a página por entenderem que o perfil realizava postagens favoráveis ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e criticava demasiadamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Flávio, um dos filhos de Jair Bolsonaro, politizou a questão em uma postagem, chamando a página de "perfil lulista" que "propagou fake news expondo a jovem Jessica, apesar dos apelos de sua mãe para que parassem, e colaborando para seu trágico e lamentável suicídio. Para de seguir esses imundos", pediu.
Jéssica Vitória Canedo, 22 anos, teve a morte comunicada pela família na última sexta-feira, 22. Dias antes antes, ela publicou mensagem no Instagram revelando que estava sofrendo ataques nas redes sociais.
A onda teria começado após páginas de fofocas - como a Choquei - divulgarem imagens falsas que indicariam um relacionamento entre ela e o humorista Whindersson Nunes.
No dia 18 de dezembro, o Choquei chegou a publicar prints de um suposto bate-papo entre a estudante e o humorista. As mensagens, no entanto, foram negadas tanto por Jéssica quanto pelo humorista.
Com Isabelle Maciel