Em entrevista ao podcast Jogo Político, do O POVO, o presidente da comissão provisória do PDT no Ceará e o ex-senador, Flávio Torres, afirmou estar ocorrendo "uma troca de facas no pescoço" entre os trabalhistas e o PSB. A questão é sobre reciprocidade em duas capitais do Nordeste: o PDT apoiará a reeleição do prefeito João Campos (PSB) no Recife desde que a legenda socialista apoie a reeleição de José Sarto (PDT) em Fortaleza
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Neste momento, o apoio socialista a Sarto é improvável, com a legenda na esfera de influência do ministro Camilo Santana (Educação) e do governador Elmano de Freitas, ambos petistas. Atualmente, o PSB está sob controle do ex-deputado estadual Eudoro Santana, pai de Camilo.
"A Prefeitura mais importante que o PDT tem no Brasil é Fortaleza. Daí a questão com o PSB, porque a prefeitura mais importante que o PSB tem no Brasil é Recife. E Recife a vice é do PDT (Isabella de Roldão). Está havendo uma troca de facas no pescoço que é assim, 'se vocês não apoiarem o Sarto em Fortaleza, a gente não apoia o João Campos no Recife", afirmou Flávio Torres.
"Isso é para valer. É simples como isso. A proposta que o PDT fez ao PSB foi exatamente essa. Hoje não é momento de fazer uma federação. Será em 2026. Isso é o que está dando zebra, aparentemente. Está começando mal, está fazendo água", complementou.
O PT tem cinco pré-candidatos em Fortaleza: Artur Bruno, assessor especial de assuntos municipais do Ceará, cargo vinculado à Casa Civil do Ceará; Evandro Leitão, presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece); Guilherme Sampaio e Larissa Gaspar, deputados estaduais; e Luizianne Lins, ex-prefeita de Fortaleza e deputada federal.
Flávio Torres afirmou que espera até o dia 4 de fevereiro para saber quem de fato sairá e quem fica no partido. A data estipulada é a programada para filiação do grupo do senador Cid Gomes ao PSB.
Questionado sobre quantos filiados deverão sair e quantos permanecerão, ele respondeu: "Eu não sei e acho que pouca gente sabe. Eu acho que alguns deles ainda não sabem".
Ele aguarda a oficialização das desfiliações para ter um quadro definido. "Depois do dia 4 de fevereiro, que é a data, dessa vez é a terceira data que eles adiam. Estão dizendo que vão para o PSB. Tudo bem, quando eles forem, e quem tiver de sair, sair, nós vamos ter essa geografia real do partido no Ceará".
No caso de deputados estaduais que quiserem acompanhar o ex-governador, disse Torres, o procedimento da agremiação será o de pedir os mandatos deles na Justiça Eleitoral. "Porque pediram para sair, a gente não expulsou. Não houve nenhuma declaração do André Figueiredo pedindo para eles saírem, eles pediram para sair."
Estes parlamentares só irão se filiar ao PSB "se forem doidos", acrescentou Torres. A pretensão de Cid é levar consigo por volta de 40 prefeitos e 10 deputados estaduais. Estes defendem aproximação formal com o governo de Elmano de Freitas, com consequências, inclusive, nas eleições municipais deste ano.
Já Torres, Ciro Gomes, Roberto Cláudio e José Sarto são partidários de posição antagônica ao Palácio da Abolição. Conforme Torres disse ao Jogo Político, a deliberação do PDT foi por uma posição de independência em relação à gestão Elmano, de modo a respeitar os que preferem aderi-la.
Desimpedidos pela legislação de mudanças partidárias, prefeitos já poderiam "ter saído ontem", conforme Torres, assim como o senador Cid, por serem mandatos majoritários. Já vereadores terão janela no mês de março até o começo de abril quando poderão sair sem risco de perder mandato.
Dos mais de 50 prefeitos do PDT, 43 sinalizaram desfiliação. Torres projeta que permaneçam aproximadamente dez gestores municipais pelo Estado.