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Acusado de matar Marielle, Ronnie Lessa fecha acordo de delação premiada
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Acusado de matar Marielle, Ronnie Lessa fecha acordo de delação premiada

Ex-policial Ronnie Lessa fez acordo com a PF para delação premiada sobre a execução de Marielle Franco, informa colunista
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Marielle Franco, vereadora do 
Rio de Janeiro assassinada em 2018 (Foto: RENAN OLAZ/DIVULGAÇÃO)
Foto: RENAN OLAZ/DIVULGAÇÃO Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro assassinada em 2018

O ex-sargento da Polícia Militar do Rio de Janeiro Ronnie Lessa, apontado como autor dos disparos que mataram a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, fechou acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF).

As investigações sobre o crime, ocorrido em 2018, estão próximas do fim. Neste mês, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, afirmou, em entrevista à rádio CBN, que o inquérito deve ser concluído no primeiro trimestre deste ano.

A informação sobre a delação de Ronnie Lessa foi divulgada pelo jornalista Lauro Jardim, colunista do O Globo. Porém, o relato ainda precisará ser homologado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Ronnie Lessa teria sido o atirador responsável pelos disparos que mataram a parlamentar e o motorista, segundo relatou o também ex-policial militar Élcio de Queiroz, que fez acordo de delação premiada com a PF e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), em 2023. Foi o primeiro acusado pelo crime a assumir a coparticipação no assassinato.

No depoimento, Élcio confessou que dirigiu o carro usado na execução e narrou que Lessa efetuou os disparos com submetralhadora.

Lessa está preso desde 2019 e foi expulso da PM em fevereiro de 2023, por descumprimento de preceitos éticos e estatutários de membros da corporação.

A arma usada na execução de Marielle nunca foi encontrada. Na mesma semana em que ele foi preso, a Divisão de Homicídios do Rio encontrou 117 fuzis incompletos na residência de um amigo de Lessa.

Além de Ronnie, outras pessoas ligadas a ele foram presas, como a esposa, Eliane, condenada por destruição de provas. A acusação seria de desaparecer com as armas. Investigadores acreditam que a submetralhadora usada na execução de Marielle e Anderson pode estar no fundo do mar da Barra da Tijuca.

Ronnie Lessa é descrito por quem conviveu com ele como atirador de ótima pontaria e com hábil manejo de armas de fogo. Foi guarda-costas do contraventor Rogério Andrade. Em 2009, o ex-policial foi vítima de atentado a bomba. Teve parte da perna amputada e foi reformado por invalidez.

A delação de Élcio revelou ainda a suposta participação do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, que teria sido responsável por vigiar a vereadora.

Ele teria ainda dado apoio à execução do crime e ajudado a ocultar provas, como destruir o carro e se livrar das armas.

Conforme o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, o carro usado para esconder as armas que estavam em apartamento de Ronnie Lessa pertencia a Suel.

As investigações têm um panorama de como o crime foi cometido, mas esperam ainda chegar ao nome dos mandantes do atentado.

De 2018 a 2023, o trabalho da Polícia Civil do Rio de Janeiro foi marcado por acusações de tentativa de obstrução e pelas trocas na condução. Só em 2022, dois delagados presidiram o caso.

A Polícia Federal abriu inquérito sobre o caso Marielle após a chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao poder. Em fevereiro de 2023, o então ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, determinou a entrada da PF no caso, em colaboração com o Ministério Público do Rio.

O inquérito que apura os assassinatos foi enviado ao STJ em outubro do ano passado após surgirem novas suspeitas sobre a participação no crime do conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão. A investigação tramitava na Justiça do Rio de Janeiro.

A mudança de foro se deu porque Brazão voltou a ser alvo da Justiça depois de ter sido citado no acordo de delação premiada de Élcio Queiroz.

O assassinato de Marielle e Anderson Gomes ocorreu em 14 de março de 2018, quando o carro em que ambos estavam foi alvejado por tiros na região central do Rio de Janeiro, após deixarem evento do Psol. Uma assessora sobreviveu ao atentado.

Marielle Franco foi a quinta vereadora mais votada do Rio de Janeiro nas eleições de 2016. Ela era moradora do Complexo da Maré e atuava como defensora dos direitos humanos, com foco na população negra, mulheres e pessoas LGBTQIA .

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