Agora principal liderança do PSB no Ceará, o senador Cid Gomes afirmou em entrevista ao O POVO, em Brasília, que não vê grandes diferenças entre seu último partido, o PDT, e o atual. Ele considera as legendas de centro-esquerda programaticamente parecidas. "Eu acho que os dois partidos têm nos seus programas, nas suas histórias, nos seus estatutos, muito em comum. Não enxergo grande diferença".
Na mesma entrevista, Cid disse que Fortaleza terá papel emblemático na retomada da aliança entre seu grupo e o PT no Ceará, interrompida no contexto eleitoral de 2022. A junção destas forças teve início em Sobral, em 1996, para depois ser compreendida por todos como uma aliança estadual. Sobre estas bases partidárias, Cid foi vitorioso na corrida eleitoral ao Palácio da Abolição, em 2006.
As projeções ideais, segue Cid, é de que os dois partidos estejam unidos em todos os 184 municípios do Ceará, o que ele diz saber que não ocorrerá. O plano municipal, disse, é onde se localiza a "fratura exposta" das divergências políticas, o que não necessariamente reflete entendimentos nacionais ou estaduais.
"Nosso objetivo, vamos estimular é que essa aliança se reproduza. Vai existir em 184 municípios? Claro que não. (...) Mas o que eu puder fazer para reproduzir ao máximo essa aliança, e para mim Fortaleza é emblemática. Se a gente não tiver aliança em 183 municípios, mas tiver uma aliança em Fortaleza, isso já é um indicador de que essa coisa terá sequência", disse Cid.
Em 2022, o condomínio político liderado por PT e PDT teve fim no Estado. Pedetistas lançaram a candidatura de Roberto Cláudio (PDT) ao Governo do Ceará. Antipáticos ao ex-prefeito de Fortaleza, petistas romperam a aliança.
Cid isolou-se na Serra da Meruoca, visando atuar como elo das forças no segundo turno que não aconteceu. Elmano de Freitas (PT) venceu a disputa em primeiro turno com o apoio do atual ministro da Educação, Camilo Santana, e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Questionado sobre ser ou não candidato a prefeito de Fortaleza, Cid desconversou. A devolutiva foi similar ao ser indagado sobre a ex-governadora Izolda Cela (PSB).
"Tudo o que eu penso em relação a política, penso e procuro exercer na prática, é de que quando a gente precipita a história com nomes a gente acaba atrapalhando. Você cria, óbvio, afinidades, mas cria também bloqueios, objeções, né? Então, o que eu penso é que a gente deve definir um projeto para Fortaleza. Acho que tem que se discutir o que se deseja para Fortaleza, o que se está incomodado com a gestão de Fortaleza, o que se deseja avançar. Na sequência, definir aliança e, por último, o melhor nome que possa representar essa aliança e fundamentalmente o projeto", disse Cid.
"Então, discussão de nomes para mim é antecipar, embora a cultura seja muito essa. Pode ver, minha vida inteira foi assim, né? O que eu sempre procurei fazer foi projeto, aliança e nome, por último, como consequência, não o contrário", complementou. (colaborou João Paulo Biage, correspondente O POVO em Brasília)