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Bolsonaro nega trama golpista e fala em "pacificação" e "anistia"
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Bolsonaro nega trama golpista e fala em "pacificação" e "anistia"

Ex-presidente e lideranças que o apoiam convocaram o ato após Bolsonaro ser alvo da operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal (PF), neste mês
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Ato convocado por Bolsonaro na Paulista beste domingo, 25 (Foto: NELSON ALMEIDA / AFP )
Foto: NELSON ALMEIDA / AFP Ato convocado por Bolsonaro na Paulista beste domingo, 25

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi o último a discursar em ato realizado na Avenida Paulista, em São Paulo (SP), neste domingo, 25. Ao lado de líderes políticos e religiosos aliados, como governadores, parlamentares e pastores, o ex-mandatário fez um apelo por “pacificação” e defendeu “anistia” para pessoas envolvidas nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.

No início do discurso, Bolsonaro ressaltou sua trajetória política, lembrou do episódio da facada, em 2018, e das ações de seu governo (2019–2022) e de seus ministros à época. Na sequência, disse que 2022 é “página virada” na sua história e agradeceu aos apoiadores.

“Teria muito a falar. Tem gente que sabe o que eu falaria, mas o que busco é a pacificação. Passar uma borracha no passado, buscar uma maneira de nós vivermos em paz, não continuarmos sobressaltados, é, por parte do parlamento brasileiro, buscar uma anistia para os pobres coitados que estão presos em Brasília. Não queremos mais que seus filhos sejam órfãos de pais vivos. A conciliação. Nós já anistiamos no passado quem fez barbaridade”.

Bolsonaro então pediu ao Congresso um projeto de anistia para as pessoas envolvidas nos ataques do 8 de janeiro.

“Pedimos aos 513 deputados, 81 senadores, um projeto de anistia para que seja feita a justiça. E quem, porventura, depredou patrimônio, que nós não concordamos com isso, que pague. Mas essas penas fogem ao mínimo da razoabilidade. Não podemos entender o que levou poucas pessoas a apelarem tão drasticamente. Esses pobres coitados que estavam lá no dia 8 de janeiro de 2023”, disse o ex-mandatário sobre os apoiadores dele.

Dirigindo-se à multidão, Bolsonaro voltou a agradecer pela presença dos apoiadores no ato e reforçou pautas em comum aos grupos que estiveram na Paulista.

“Vocês nos trazem energia, esperança e garra para vencer. Não queremos o socialismo, o comunismo, a ideologia de gênero para nossos filhos. Nós queremos respeito à propriedade privada, o respeito à vida desde a sua concepção. Não queremos liberação das drogas. Mas para isso, devemos trabalhar todo dia, dentro de casa, no trabalho, com vizinhos e amigos”.

O ex-presidente e lideranças que o apoiam convocaram o ato após Bolsonaro ser alvo da operação Tempus Veritatis (hora da verdade, em latim) da Polícia Federal (PF) neste mês. A PF apura a participação do ex-presidente em suposta articulação para dar um golpe de Estado com o intuito de interferir nas eleições de 2022, quando Bolsonaro foi derrotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O ex-gestor reforçou que estaria sendo perseguido desde que venceu a eleição de 2018. “Sabemos o que foi o período de 2019 a 2022, e conhecemos agora como está difícil vencer nesse país, com o que temos a nos governar nesse momento. Levo pancada desde antes da eleição de 2018, passei quatro anos perseguido enquanto presidente e essa perseguição aumentou quando deixei a Presidência", disse.

E seguiu: "Saí do Brasil, e essa perseguição não terminou. É joia, questão de importunação de baleia, dinheiro que teria mandado para fora. É tanta coisa que eles mesmo trabalham contra si. A última agora, ‘Bolsonaro queria dar um golpe’. Desde 2019 sempre ouvia isso. O que é golpe? Tanque na rua, arma, conspiração. Trazer classes políticas para o seu lado, empresariais. Nada disso foi feito no Brasil".

Bolsonaro minimiza minuta "de Estado de Defesa"

Na fala, Jair Bolsonaro mencionou arquivo que passou a ser conhecido como "minuta do golpe". "E fora isso, por qual motivo ainda me acusam? O golpe é porque tem uma minuta de decreto de Estado de Defesa. Golpe? Usando um dispositivo da Constituição? Tenha a santa paciência. Deixo claro, estado de sítio começa com o presidente convocando os conselhos da República e da Defesa. Isso foi feito? Não", argumentou.

Bolsonaro então concluiu: "O segundo passo, após o presidente ouvir os conselhos, ele manda uma proposta para o Parlamento analisar e decidir se o presidente pode ou não editar um decreto de estado de sítio. O estado de defesa é similar. Agora querem entubar a todos nós que um golpe estava em gestação. Creio que está explicada essa questão".

A ex-primeira-dama agradeceu aos presentes por se deslocarem até o local e iniciou a fala agradecendo a Deus. “Somos gratos por esse dia, pelo seu amor e cuidado. Deus é maravilhoso e tudo que ele faz. Não tem como não se emocionar, vendo o exército de Deus nas ruas, o exército de homens e mulheres patriotas que não desistem da sua nação”.

E seguiu: “Quantos viajaram? Dias, quilômetros para estar aqui e aqui fica meu agradecimento a cada um por saírem das suas casas, da zona de conforto, para dizer que somos um povo de bem, que defende valores e princípios cristãos. Que ama essa nação e aprendeu a acreditar que ela tem promessas que vão se cumprir”, pontuou.

Michelle defende Bolsonaro

No início do evento, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro fez discurso e uma oração para os presentes. Ela alegou que Bolsonaro estaria sofrendo ataques, injustiças e perseguições desde que ganhou projeção nacional, na esteira do processo eleitoral que terminaria com Bolsonaro eleito em 2018.

“Em um momento tão difícil da história. Desde 2017 estamos sofrendo porque exaltamos o nome do Senhor no Brasil. Porque meu marido foi escolhido e ele declarou que era Deus acima de todos. E se é difícil com Deus, com certeza é impossível sem ele. E quantos ataques, injustiças”, comentou.

Michelle continuou a falar, lembrando da gestão do marido e em tom crítico a adversários políticos.
“Eu não pedi para estar aqui, o Senhor nos colocou à frente desta nação. Aprouve a Deus nos colocar na Presidência da República, para a gente trabalhar e fazer a verdadeira justiça social na vida dos que mais precisam. E hoje o povo brasileiro sabe a diferença de um governo justo, ímpio", argumentou.

A ex-primeira-dama disse ainda que uma "semente foi plantada" no País. "Vamos colher um Brasil abençoado e próspero. Nossa nação é rica, abençoada, só está sendo mal administrada”, concluiu.

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