Após ser eleito presidente da Comissão de Educação na Câmara, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmou que pretende convocar o ministro da Educação, Camilo Santana, para discutir o Plano Nacional de Educação.
“Caso (a discussão do Plano Nacional de Educação) vá direto para o plenário, a comissão poderá trazer audiências públicas, subcomissões, até mesmo convocação do ministro (Camilo Santana) para poder ser, ali, não somente confrontado, mas ter o debate rico para que a gente tenha um melhor aproveitamento nas decisões que nós, deputados, iremos fazer.”
Nikolas também revelou que pretende colocar em pauta de debate o que ele nomeia como “doutrinação” dos estudantes nas instituições de ensino.
“Queremos discutir a doutrinação que acontece nas escolas e na universidade. Vejo que é importante escutar os alunos, escutar as instituições, os professores, para que a gente veja o que está acontecendo nas instituições do nosso país”, reforçou.
O deputado também quer levar para a comissão a discussão acerca do homescholing (ensino domiciliar) e a “gameficação”, modalidade em que jogos digitais são utilizados para complementar o ensino.
O Partido dos Trabalhadores (PT) e o Governo Federal demonstram preocupação com o trabalho de Nikolas à frente da Comissão. Deputados da base temem que o parlamentar usará o colegiado como palco para polemizar e repercutir suas pautas conservadoras nas redes sociais.
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, minimizou, em entrevista à CNN Brasil, as derrotas do governo no que diz respeito ao comando das comissões permanentes da Câmara dos Deputados. Além da Comissão de Educação, a de Constituição e Justiça - mais importante da Câmara - será presidida por uma parlamentar bolsonarista neste ano.
"Não houve falha do governo com relação às comissões, tem uma ordem", argumentou, na mesma linha da presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), que afirmou que o Executivo não tinha gerência sobre as indicações.
"As comissões são uma definição em função do tamanho das bancadas, tem uma ordem de pedida, nada pode mudar essa ordem, então não tem nenhuma falha dos membros ali, do líder do governo porque tem uma ordem predefinida e cada bancada escolhe os seus membros. Cada bancada partidária mostra com qual cara quer aparecer em determinado tema", afirmou Padilha.
O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, indicou Nikolas Ferreira para a Comissão de Educação; Caroline de Toni (SC) para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ); Pastor Eurico (PE) para a Comissão de Previdência Assistência Social, Infância, Adolescência e Família; e o Coronel Alberto Fraga (DF) para a Comissão de Segurança.
Padilha dedicou sua fala principalmente à indicação de Nikolas Ferreira. De acordo com o ministro, a partir de agora o deputado não é mais o presidente "do seu celular e do seu mandato" e espera que ele "compreenda isso".
"Eu torço para que ele possa trabalhar enquanto colegiado nessa comissão para manter o alto nível que sempre teve a Comissão ... para mim seria muito ruim a Comissão de educação ser transformada em um palco de lacração", conclui.
Em uma derrota para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) foi eleito presidente da Comissão de Educação, por 22 votos favoráveis e 15 votos brancos.
Petistas alegam que o PL quebrou o acordo estabelecido e fez a indicação de última hora para tentar barganhar com o PT pela vice-presidência no colegiado de Saúde.
Como mostrou o Estadão, o governo trabalhou para a mudança na indicação e pediu para que nenhum deputado marcasse presença para não haver quórum. A sessão, que deveria iniciar às 15h30min, apenas começou por volta das 19h30min.
Essa é outra derrota para o PT. Mesmo com o governo tentando barrar, o PL conseguiu eleger Carol de Toni (PL-SC), uma das mais fervorosas oposicionistas, para a Comissão de Constituição e Justiça, a principal comissão da Câmara.
Com pouco menos de um ano de atividade como deputado federal, Nikolas é um dos deputados que compõem a linha de frente de parlamentares apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que provocam governistas.
Em um dos principais episódios, que rendeu uma representação feita pelo PT no Conselho de Ética, Nikolas colocou uma peruca, disse ser "deputada Nikole" e pregou contra o feminismo no plenário da Câmara.
Samia Bomfim (Psol-SP) diz que Nikolas não poderia assumir a função em razão de ser réu por transfobia após expor uma adolescente transexual de 14 anos nas redes sociais, em 2023.
Ele divulgou um vídeo no canal do YouTube, em que criticava a presença de uma aluna transexual em um banheiro feminino de uma escola da cidade.
No vídeo, intitulado "travesti no banheiro da escola da minha irmã", o deputado expôs o nome do colégio e mostrou o momento em que a aluna foi questionada pela irmã dele, também menor de idade, dentro no banheiro feminino. O pedido foi indeferido pelo presidente em exercício da sessão instaurada, Moses Rodrigues (União-CE).
Siga o canal de Política do O POVO no WhatsApp