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Início de 2° ano do governo Lula enfrenta crise de imagem e comunicação
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Início de 2° ano do governo Lula enfrenta crise de imagem e comunicação

|cartola|Declarações do presidente se tornaram alvos de duras críticas da ala bolsonarista, ligando o alerta dentro do governo
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O segundo ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) logo de início enfrentou algumas crises culminando com a queda de aprovação e imagem desgastada por questões nacionais e um improvável peso do cenário externo.

No momento de turbulência perante a opinião pública, Lula reconheceu que o governo está do que foi prometido. Em entrevista concedida ao SBT na segunda-feira, 11, o presidente afirmou que usará as pesquisas para mudar a estratégia.

"Você utiliza a pesquisa como instrumento de ação e mudança da sua estratégia de governo", declarou o presidente. "Eu tenho certeza absoluta que não tem nenhuma razão para o povo brasileiro me dar 100% de popularidade porque ainda estamos muito aquém daquilo que prometemos", disse o presidente da República.

Momento de difícil trato

Para o cientista político, Antônio Fernandes, as falas de Lula são usadas como crítica principalmente nas redes sociais e são justamente as recentes declarações internacionais, relacionadas a Israel e Venezuela que são usadas contra o petista.

"Algumas falas do presidente podem acabar servindo como combustível, principalmente no ambiente virtual, para manter em alta críticas da oposição. Na agenda internacional é que vemos com maior incidência declarações que acabam municiando a oposição ao governo", afirmou.

Antônio acredita que a chave do Governo Federal para limpar essa imagem e crescer em aprovação é a agenda econômica, deixando de lado as pautas ideológicas, uma vez que o presidente não tem maioria no Congresso Nacional para tocar uma agenda mais progressista.

"A aposta do governo é na agenda econômica. Não por acaso, boa parte dos esforços do Executivo no Congresso têm sido relacionados a essa temática, com um certo 'distanciamento' de pautas consideradas morais ou de costumes, até pela minoria instalada no Legislativo", explicou.

Resquícios da polarização de 2022

O também cientista político Eduardo Grin afirmou que a queda de aprovação de Lula se dá por fatores objetivos e de percepção. Para ele, parte dos atuais resultados são explicados pelo fato de o presidente ter sido eleito por pessoas que não o apoiavam em si, mas eram contrários ao governo de Jair Bolsonaro (PL).

"Tem fatores objetivos e tem também fatores de percepção, então parte disso se explica porque a vitória de Lula em 2022 não foi apenas do PT e dos seus aliados de esquerda, mas foi também uma soma daqueles eleitores que rechaçavam Bolsonaro", declarou.

"Esse, digamos, cordão sanitário em defesa da democracia se fez valer contra a alternativa golpista e autoritária do Bolsonaro", afirmou Grin, acrescentando que, com o desenrolar do governo, o presidente passa a receber visão crítica de quem até votou nele, mas não se identifica politicamente.

"Fato é que Lula, ao longo do ano de 2023, manifestou algumas posições que não necessariamente convergem nesse eleitorado mais de classe média conservador, eleitorado que nunca foi petista", completou.

Eduardo Grin explica que, em uma sociedade polarizada, o grupo de apoiadores mais radicais do bolsonarismo passa a ficar restrito e Lula não tem sabido se comunicar bem com essa parte da população, que está em torno de 20%.

Para ele, o governo tem dado munição gratuita, com declarações polêmicas e escorregadias em assuntos que são comentados e explorados pela direita, para o bolsonarismo e seus apoiadores criticarem

"Nas parcelas da população mais conservadoras, ocorre a perda de possibilidade de conquistar votos importantes nesses segmento. É nesse cenário que se acende uma luz amarela para o governo num momento ruim", disse Eduardo.

 

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