As principais preocupações da Justiça Eleitoral do Ceará para o pleito de 2024 envolvem a disseminação de desinformação e a interferências de facções criminosas nas eleições municipais. As declarações são do presidente do TRE-CE, desembargador Raimundo Nonato da Silva Santos.
Segundo o magistrado, sobre as fake news e a utilização irregular de inteligências artificiais, foi alertado diretamente pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. O ministro esteve reunido com todos os presidentes de tribunais regionais do Brasil na última terça-feira, 12.
“Há um alerta para a deep fake, que é mais especializada com o uso de inteligência artificial. Essa fica mais difícil de se detectar, engana muito os eleitores”, comentou o desembargador, se referindo à tecnologia que sincroniza movimentos labiais e áudios ao rosto de alguém, fazendo parecer que a pessoa está falando algo que, na verdade, nunca disse.
O presidente do TRE-CE defende que, nesse ponto, o Ceará irá atuar por meio de um laboratório de inteligência dentro do Tribunal, em parceria com o poder público e com universidades, como a Universidade de Fortaleza (Unifor) e, futuramente, a Universidade Federal do Ceará (UFC). “Dá sim pra gente fazer o enfrentamento dessas questões de desinformação aqui no estado”, diz Raimundo Nonato.
As declarações do desembargador foram dadas nessa sexta-feira, 15, durante evento de inauguração do Fórum Eleitoral Ana Georgina de Andrade Sales, em Fortaleza. O prédio é anexo à sede do Tribunal no bairro Luciano Cavalcante.
Após a reunião de terça, Moraes inaugurou o Centro Integrado de Enfrentamento à Desinformação e Defesa da Democracia (Ciedde). O órgão contará com o apoio do Ministério Público Federal, da OAB, do Ministério da Justiça e da Anatel. O intuito é justamente o combate à desinformação eleitoral e às deep fakes.
Sobre o tópico das interferências de facções criminosas no pleito, o presidente do TRE-Ce afirmou que esta é uma preocupação real da Justiça, especialmente na disputa deste ano, de nível municipal.
“Estamos apurando a questão das facções. Estamos muito preocupados porque essas eleições são diferentes das gerais. A eleição municipal é muito acirrada e ficamos preocupados com a interferências de facções. Estamos trabalhando nisso”, disse, sem mais detalhes.
No fim de fevereiro, o secretário da Segurança no Ceará, Samuel Elanio, havia afirmado que considerava a constatação de interferência muito prematura, mas que a inteligência do governo estava investigando a existência delas.
"Está sendo feito um trabalho pelas inteligências no que se refere aos grupos criminosos e aos pleitos eleitorais desse ano. O que foi ventilado na imprensa não condiz com informações atuais, são antigas", disse em evento.
Pouco antes, o Estadão publicara reportagem relatando que ações de grupos criminosos foram detectada em investigações de diversos estados, incluindo o Ceará. A atuação aconteceria de olho na oportunidade de obter novos lucros e lavar dinheiro do tráfico de drogas em atividades lícitas. Por isso, os grupos estariam trabalhando para apoiar candidatos a vereadores e a prefeitos.