Logo O POVO+
Fux diz que Constituição não permite intervenção militar e nem encoraja ruptura democrática
Politica

Fux diz que Constituição não permite intervenção militar e nem encoraja ruptura democrática

| STF | O pleno da corte começou a julgar os limites constitucionais das Forças Armadas e sua posição frente aos Três Poderes
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
O ministro Luiz Fux, durante a segunda parte da sessão de hoje (23) para julgamento sobre a validade da prisão em segunda instância do Supremo Tribunal Federal (STF). (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil O ministro Luiz Fux, durante a segunda parte da sessão de hoje (23) para julgamento sobre a validade da prisão em segunda instância do Supremo Tribunal Federal (STF).

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou em plenário virtual nessa sexta-feira, 29, o julgamento que trata sobre os limites constitucionais da atuação das Forças Armadas e a hierarquia da instituição militar frente aos Três Poderes.

Os ministros têm até o dia 8 de abril para registrar seus votos no sistema. O relator do caso, Luiz Fux, já deu a sua posição ontem, afirmando que a Constituição não permite ruptura democrática.

O ministro ressaltou que a carta magna não autoriza o presidente da República recorrer às Forças Armadas contra o Congresso e o STF e que também não concede aos militares a atribuição de moderadores de eventuais conflitos entre os Três Poderes.

Para Fux, o poder das Forças Armadas é limitado e se exclui da interpretação constitucional de que tenha permissão para agir e possa ser utilizado para "indevidas intromissões".

De acordo com o relator, o emprego de militares para a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) serve ao enfrentamento de grave e concreta violação à segurança pública interna, embora não se limite às hipóteses de intervenção federal e de estado de defesa e sítio.

Até o fim da análise, o julgamento pode ser suspenso por pedido de vista ou para que seja discutido no plenário físico.

"Qualquer instituição que pretenda tomar o poder, seja qual for a intenção declarada, fora da democracia representativa ou mediante seu gradual desfazimento interno, age contra o texto e o espírito da Constituição", disse o ministro em seu voto, acrescentando ser urgente "constranger interpretações perigosas que permitam a deturpação do texto constitucional e de seus pilares e ameacem o Estado Democrático de Direito".

O presidente do STF, o ministro Luís Roberto Barroso, acompanhou o relator da ação, Luiz Fux, sobre os limites da atuação das Forças Armadas, votando contra a possibilidade de uma "intervenção militar constitucional".

A ação foi apresentada pelo PDT em 2020, questionando pontos da lei de 1999 que regula o emprego das Forças, como, por exemplo, as atribuições do presidente da República frente ao pedido do uso das Forças pelos demais Poderes.

O pedido para que a corte analise a questão tem como pano de fundo declarações do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores com interpretações sobre o artigo 142 da Constituição, que, segundo eles, facultaria aos Poderes pedir intervenção militar em casos necessários para o restabelecimento da ordem.

A ação do PDT pede esclarecimentos sobre a previsão constitucional de atuação das Forças Armadas, que, dentre um dos pontos, é a diligência para garantir a lei e ordem restrita a situações extraordinárias de defesa da autonomia federativa, tanto do Estado brasileiro, bem como das instituições democráticas, sendo vedado o seu emprego em atividades ordinárias de segurança pública.

O que você achou desse conteúdo?