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Sarto critica "polarização raivosa" na disputa eleitoral de 2024: "Alinhamento cego"
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Sarto critica "polarização raivosa" na disputa eleitoral de 2024: "Alinhamento cego"

Prefeito de Fortaleza disse ainda que "incorpora sentimento" da população ao cobrar melhoria na segurança pública
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SARTO participou de série de entrevistas da Rádio O POVO CBN com pré-candidatos (Foto: Yuri Allen/Especial para O Povo)
Foto: Yuri Allen/Especial para O Povo SARTO participou de série de entrevistas da Rádio O POVO CBN com pré-candidatos

A disputa para a Prefeitura de Fortaleza, neste ano, está marcada por uma “polarização raivosa”, de acordo com o prefeito José Sarto (PDT). As declarações foram dadas em entrevista à Rádio O POVO CBN, na manhã desta quinta-feira, 2. Na ocasião, o gestor ainda disse que, ao tecer críticas à segurança pública no Ceará, estaria “incorporando um sentimento” da população fortalezense.

Questionado se estaria construindo uma candidatura baseada no combate a uma “hegemonia do grupo político do PT”, o gestor afirmou ser crítico à narrativa de “nós contra eles”, que provocaria polarização e “alinhamento cego” no cenário atual.

“Acho que sobre essa polarização raivosa, a população de Fortaleza está muito atenta a isso e não vai cair nessa esparrela. De trocar o debate de projeto para: 'você é X, eu sou Y, nós contra eles'. Fortaleza merece um projeto para Fortaleza. [Do contrário], meio que se dogmatiza a política. Esse alinhamento cego, sem vislumbrar críticas, mesmo externas e internas”, diz Sarto.

E completou: “A população vai perceber quem tem condições de formar essa Fortaleza uma Fortaleza só. Quem tem condições de dialogar e unir.”

Apesar das declarações, Sarto chegou a falar mais uma vez de uma “hegemonia”, se referindo indiretamente ao PT, que hoje ocupa a Presidência da República, o Governo do Ceará e a presidência da Assembleia Legislativa (Alece). Esse tipo de conjuntura, para o prefeito de Fortaleza, “não é benéfica nem para quem a defende”.

“Alinhamento cego, não é benéfico nem para o hegemônico. Grandes impérios sucumbiram com a hegemonia. Radicalização não é saudável nem para quem quer. O grupo hegemônico fica acima do bem e do mal”, disse.

Além disso, Sarto questionou o apoio do PT a candidatos, antes opositores, no interior do Estado. “Candidatos que eram bolsonaristas e agora estão no PT. Mudou o PT? Não sei, é uma coisa esquisita. Essa coisa do centro de gravidade do poder precisa ser avaliada com cuidado porque o poder passa”, afirmou o gestor, pouco após o fim da participação na Rádio.

O prefeito tem protagonizado momentos de fortes críticas à gestão do Governo do Estado, comandado pelo petista Elmano de Freitas, cujo candidato para a Prefeitura é Evandro Leitão (PT). Mesmo acumulando desavenças há tempos, com a proximidade das eleições, o tom das declarações dos dois gestores têm aumentado de ambos os lados.

O discurso de contrahegemonia vem sendo defendido pelos apoiadores de Sarto. Em outra ocasião, o prefeito chegou a afirmar que a perspectiva de um “triplex” (Camilo, Elmano e Evandro) não seria razoável. Antes, Sarto ainda havia concedido outra entrevista à Rádio O POVO CBN, na qual afirmou que Fortaleza não podia ser "uma subsecretaria" do Estado.

Prefeito diz que “incorpora sentimento” da população ao cobrar segurança

Um dos últimos pontos de troca de acusações entre Prefeitura e Governo do Estado circulou sobre a responsabilidade quanto à segurança pública no Ceará. O estopim foi o assassinato de um servidor ocorrido no Instituto José Frota (IJF), no dia 23 de abril.

Pouco depois, Sarto se pronunciou, alegando que a “paralisia” do Governo do Ceará em relação ao combate de facções consiste em “cumplicidade”. O comentário foi respondido por Elmano minutos depois, desencadeando uma troca de declarações sobre o tema.

“É inaceitável a violência em Fortaleza continuar do jeito que está. Hoje mais uma vez vivemos momentos de horror. Dois assassinatos brutais. A paralisia do Governo de Estado no combate às facções não parece ser apenas incompetência, mas também cumplicidade”, escreveu Sarto, em seu perfil nas redes sociais.

Em relação a essa declaração inicial, Sarto afirmou, nesta quinta-feira, que consistiu em um momento de indignação com a segurança pública e que acredita ter incorporado o sentimento do fortalezense em relação à insegurança.

“Quem me conhece sabe que procuro ter um equilíbrio, é meu estilo de ser. Mas naquele dia, ao sair de casa, foi o sexto ou sétimo episódio de morte em Fortaleza, tirando o crime brutal do IJF. [..] Foi um momento de indignação. Creio que minha fala incorporou muito do sentimento do fortalezense com a segurança pública”, disse.

O prefeito ainda citou que o papel da Prefeitura, nesse tópico, seria de propiciar políticas públicas de segurança preventiva. “Dar escola de qualidade, passe livre, requalificação dos espaços urbanos. Além de já ter feito objetivamente um concurso para mil guardas municipais”, afirmou.

Confira a entrevista, na íntegra, abaixo

FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL 02-05-2024: Entrevista com o o prefeito José Sarto na rádio O POVO CBN. (Foto: Yuri Allen/Especial para O Povo)
FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL 02-05-2024: Entrevista com o o prefeito José Sarto na rádio O POVO CBN. (Foto: Yuri Allen/Especial para O Povo)

Sarto diz que manejo do lixo irá "melhorar e muito" depois das chuvas: "Vai valer a pena"

O prefeito José Sarto (PDT) comentou sobre o acúmulo de resíduos sólidos nas ruas de Fortaleza, cidade que conta com uma Taxa do Lixo implementada em meados do ano passado. Sarto citou mais uma vez a cobrança como uma “obrigação legal” de todas as capitais e disse que a situação atual deverá “melhorar e muito” com o fim do período chuvoso, por meio da implementação de um novo programa.

“Fomos surpreendidos com três anos de quadra chuvosa atípica. Aguarde, peço paciência. Aguarde terminar o período chuvoso, que temos um programa que vai resolver o problema de zeladoria. Terminada a quadra chuvosa, vou pedir um tempo ao fortalezense, que certamente as coisas vão melhorar e muito. Vai fazer valer a pena”, afirmou o prefeito, em entrevista à Rádio O POVO CBN. O bate-papo dá prosseguimento a conversas com todos os pré-candidatos à Prefeitura de Fortaleza.

Segundo Sarto, a taxa se torna necessária com a implementação do marco zero do saneamento, promulgado em 2020. No artigo 35, a lei determina que a não proposição de instrumento de cobrança pelo titular do serviço configura renúncia de receita e exige a comprovação de atendimento, pelo titular do serviço, do disposto na lei de responsabilidade fiscal. O prefeito já havia citado a determinação do marco em outras ocasiões.

Assim, nesta manhã, ele alegou que “não é com alegria que nenhum gestor” realiza a cobrança, mas por obrigação. “Se você não disser como fazer o manejo do resíduo sólido, você incorre no descumprimento da lei de responsabilidade fiscal. É bom que as pessoas saibam disso. Não é por querer, é obrigatório”, afirmou. 

Um levantamento de 2023 mostrou que, além de Fortaleza, 23 outras capitais contam com a Taxa do Lixo. Opositores do prefeito criticam que a taxa não leva em consideração o atual quadro de crise econômica vivido na cidade.

Questionado sobre as alegações de suspensão da cobrança pelos outros pré-candidatos, Sarto não comentou diretamente, dizendo apenas que, de todas as capitais: “só São Paulo não tem, pois conta com um orçamento enorme. Goiânia e mais uma também não têm.”

Sobre infraestrutura, o prefeito afirmou que estava aberto às demandas da população, mas também vinculou o conserto de buracos, por exemplo, a um período pós-chuva. “Se tapar buraco, o lixo vem para os esgotos. Vai melhorar muito depois da chuva. Parou a chuva? Me dê uns 30 ou 40 dias e você me cobra. Se não tiver tapado os buracos, pode cobrar”, afirmou.

Confira a entrevista na íntegra, abaixo

Pré-candidatos defendem o fim da taxa do lixo

Alguns pré-candidatos à Prefeitura de Fortaleza já se pronunciaram sobre a cobrança do manejo de resíduos sólidos.

Na última terça-feira, Técio Nunes (Psol), também em entrevista à Rádio O POVO CBN, chegou a afirmar que o prefeito pratica uma “política de multas” na capital cearense. Segundo ele, as taxas, incluindo a do lixo, consistem em uma tentativa de garantir a reeleição do atual gestor. Para o pré-candidato, a cobrança serve para “bancar Deus sabe o quê”, já que o lixo “segue amontoado na cidade de Fortaleza”, nas áreas nobres e na periferia.

Eduardo Girão (Novo) também falou diretamente que revogará a taxa, caso seja eleito. “É um anseio natural e justo da sociedade. Não tem cabimento. A gente tem que diminuir impostos. E pelas análises que temos feito do orçamento, é possível fazer isso. E também a gente começar a diminuir as questões de toma lá dá cá, de secretaria fechada, de gastos e inversão de prioridades. É um compromisso nosso (revogar a taxa) e acreditamos que muitas outras coisas serão possíveis com a desburocratização plena que queremos fazer”, afirmou.

Outro crítico é Capitão Wagner (União Brasil) que questionou, no início do ano, os resultados da Taxa do Lixo no balanço de 2023. Ele pontuou que a Prefeitura de Fortaleza arrecadou R$ 47 milhões com a medida, mas que as ruas da capital continuam poluídas.

Já o hoje petista Evandro Leitão avaliou, em agosto de 2023, negativamente a criação da Taxa, especialmente no contexto de sua criação - na pandemia de Covid-19. Ele, no entanto, afirmou que não sabia como estava o caixa da Prefeitura, “para que tenha algum tipo de explicação, de justificativa para tal”.

Em outra ocasião, Sarto já havia respondido as críticas dos opositores. Ao O POVO, ele citou a questão do Marco Legal e disse que “falar à distância é muito fácil". E acrescentou: "Qualquer prefeito ou prefeita que seja eleito terá uma procuradoria a lhe orientar juridicamente. Há uma necessidade de adequação. Não pense que é por vontade própria, por, eu diria, estar colocando uma sobrecarga sobre o fortalezense, que a gente faz isso". 

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