A indicação de candidatos a vices em chapas dos municípios é processo delicado que passa por diversas articulações políticas. Quebra de tratos, desgaste político, decisões judiciais e até “sumiços” são algumas das causas que mudaram o jogo político em, pelo menos, 16 municípios e vão colocar prefeitos e vices em lados opostos nas eleições logo mais em outubro.
Em algumas prefeituras, a disputa será cara a cara: a mesma chapa que foi eleita em 2020 será adversária. Em outros municípios, na maioria dos casos porque o prefeito não pode ir para reeleição por estar no segundo mandato, os indicados dos atuais gestores terão de enfrentar os vice que agora querem ser alçados ao cargo máximo municipal.
E nesses quatro anos, a dinâmica local proporcionou rompimentos e situações curiosas. O roteiro é quase o mesmo, prefeito e vice entram em rota de colisão durante a gestão e, com a aproximação do pleito, procuram reunir apoio para se fortalecerem e emplacarem como candidatos.
Fatores “externos” também foram catalisadores de rompimentos que vão consolidar embates entre prefeitos e vices. Em Santa Quitéria e Acopiara, os gestores eleitos foram afastados no âmbito de operação do Ministério Público do Ceará (MPCE) por irregularidades nos governos. A ausência também intensifica o afastamento. Sem os prefeitos de Limoeiro do Norte e Tianguá, ambos alvo do MPCE por “sumiços” ao longo de meses, o apoio dos grupos políticos dos vices evaporou.
O POVO mapeou a política dos municípios que vão colocar frente a frente prefeitos e vices e conta como está o jogo político nas cidades.
Eleito pela oposição em 2020, Vitor Valim (PSB) chegou ao poder em chapa com o vice Deuzinho Filho (União Brasil) para derrotar o na época prefeito Naumi Amorim (PSD), que tinha apoio da máquina pública estadual. Quatro anos depois, o cenário deu uma guinada de 180º, condizente com a adesão de Valim ao grupo do ministro Camilo Santana (PT).
O prefeito não irá para a reeleição e confirmou ao O POVO que pretende se aposentar da vida pública, nem sendo candidato nem assumindo cargo público. Ele lançou o ex-secretário de Articulação Política do governador Elmano de Freitas (PT), Waldemir Catanho (PT), como candidato a sucessor.
Deuzinho permaneceu na oposição e se colocou como pré-candidato pelo União Brasil. Está firmado um acordo entre ele, a deputada estadual Emília Pessoa (PSDB) e o ex-prefeito José Gerardo Arruda (PDT) para apoio mútuo em um segundo turno. No entanto, o próprio presidente do União no Ceará, o ex-deputado Capitão Wagner, avaliou que os diálogos estão evoluindo para que isso seja afunilado e haja redução do número de candidaturas de oposição ainda no primeiro turno.
Ele projeta que Emília e Naumi devem estar no segundo turno e considerou como “bem provável” que o trio siga unido desde o primeiro turno. "Eu acho que uma parte já se junta no primeiro turno. Até eu acho lá que o segundo turno, a preço de hoje seria Emília e Naumi”, disse.
O município enfrentou, além do racha entre o prefeito Frank Gomes (PDT) e o vice-prefeito Iranilson Lima (PP), conhecido como Nilsinho, o afastamento do prefeito por quase um ano. Na época, o vice, que exercia a função de prefeito, passou a ser alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal.
O prefeito titular foi afastado diversas vezes, na esteira de operação do Ministério Público. O afastamento começou em novembro de 2022 e teve duração de 180 dias. Com o fim do período previsto para maio de 2023, o gestor chegou a mobilizar uma carreata para promover o seu retorno ao cargo, mas uma decisão da Justiça prorrogou o afastamento por mais 180 dias.
Na época, a Câmara votou e rejeitou um processo de cassação de Frank. Já em setembro, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou recurso e manteve o prefeito afastado. Em novembro o afastamento não foi renovado e ele voltou ao cargo.
Nesse meio tempo, o vice foi alvo de CPI e foi alvo de pedido de cassação, arquivado por não atingir o número de votos necessários. O vice-prefeito alfinetou Frank e lembrou do tempo que o gestor passou afastado. “É crucial ressaltar que as denúncias feitas contra mim foram para tentar denegrir a minha imagem perante o povo e retirar o foco do que de fato é considerado imoral, que foram as ações do atual Prefeito afastado por um ano”.
Em março deste ano, Nilsinho anunciou a pré-candidatura. “Lembram daquela época em que tive a honra de ser prefeito por um período? Foi um tempo de grandes avanços para nossa cidade”, ressaltou. Ele tem compartilhado registros recebendo o apoio de Zezinho Albuquerque, um dos líderes do PP.
Frank está em seu segundo mandato e não pode ir para a reeleição. Em 2023, teve direitos políticos foram suspensos por cinco anos pela Justiça. Ele abriu diálogo sobre a sucessão e já teve reunião com o PSB e o Podemos. O POVO entrou em contato com ele, mas não houve retorno.
Em Itapipoca, o embate será cara a cara. Tanto o prefeito Felipe Pinheiro (PT) quanto a vice Jocélia Lígia (PRD) confirmam intenção de concorrer ao cargo de prefeito. A chapa está em no primeiro mandato junta. Eles já haviam anunciado, desde 2023, que estavam rompidos e que seriam adversários este ano.
Felipe segue no PT e, a partir da sigla, vem galgando apoios. Em março, reafirmou a pré-candidatura e deu indicativos da preferência de que Nildo Teixeira (PT), atual secretário de Relações Institucionais do Município, seja o candidato a vice-prefeito. No entanto, a vaga tem sido pleiteada por outros partidos da base governista, que inclui partidos como MDB e Republicanos.
Já Jocélia migrou para o PRD, do qual é vice-presidente. Antes filiada ao MDB, ela chegou a ser cotada para vice na chapa de Elmano de Freitas (PT) para o Governo do Ceará, mas agora faz parte de um grupo que se organiza na oposição, como PDT, União Brasil e PSDB. O campo, no entanto, conta com a candidatura de João Barroso (PSDB), que tenta voltar a ser prefeito e pode minguar as chances da vice-prefeita.
Na terra de Padre Cicero, Glêdson Bezerra (Podemos) e Giovanni Sampaio (PSB) não irão se enfrentar diretamente, mas estarão em lados opostos no pleito. Glêdson, mesmo com o reposicionamento do Podemos, não perdeu espaço e segue trabalhando para desbancar tradições em Juazeiro do Norte. O Município nunca reelegeu prefeito, mas o Glêdson está disposto a tentar quebrar a escrita.
O diálogo tem sido para unir, no campo da oposição, partidos como PDT e União Brasil. O principal adversário será o deputado Fernando Santana (PT), ex-aliado do prefeito. Os dois vêm trocando farpas sobre um acordo pactuado entre eles de um apoio de Gledson a Fernando em 2022, em troca de um este ano.
No meio do jogo, o vice-prefeito Giovanni Sampaio (PSB) rompeu com o prefeito e havia anunciado, ainda no ano passado, a pré-candidatura. No entanto, ao O POVO, o gestor recuou e ressaltou que sua movimentação era vinculada ao nome de Fernando. Ou seja, só prosseguiria caso a candidatura do petista não fosse confirmada.
“Eu condicionei a minha candidatura à questão de Fernando não ser candidato. Então o (ex) deputado Arnon Bezerra, (ex-deputado) Pedro Bezerra, (ex-vice-prefeito de Juazeiro do Norte) Luiz Ivan, a família Bezerra, (ex-deputado) Nelinho (Freitas), (ex-deputada e candidata em Juazeiro do Norte em 2020) Ana Paula Cruz, eu, todos já estamos fechados com o Fernando Santana”, ressaltou.
Giovanni rompe com o segundo prefeito seguido. Ele foi eleito vice do antecessor, Arnon Bezerra, em 2016, mas rompeu com ele e passou a compor a chapa como vice de Glêdson em 2020.
A dupla chegou ao cargo em eleições suplementares em dezembro de 2021. A união durou pouco mais de um ano, já que em meados de 2023, o vice Albano Severo (União Brasil) começou diálogo com o ex-prefeito Marquinélio Tavares (PSD) e ensaiou pré-candidatura no campo da oposição. Dr George (MDB) vai tentar a reeleição.
No entanto, em janeiro, ele desistiu da pré-candidatura, como anunciou em comunicado. "Depois de muito analisar, percebi que este não é o momento certo para mim, nem sempre ter propósito é suficiente para se lançar no meio político de hoje”, disse. Seguiriam com ele o PSD, PCdoB e PP, que vinham apoiando seu nome, além do próprio União Brasil.
Após a decisão, o grupo que atua na oposição se mobilizou ao redor do ex-prefeito Marquinélio, que foi eleito em 2020, mas teve seu diploma cassado e se tornou inelegível por oito anos pela prática de abuso de poder econômico e fraude em contratações. Ele anunciou que PSD, PT, União Brasil, Agir, PDT e Progressista, selaram acordo em torno das pré-candidaturas a prefeito e vice-prefeito no município de Barro. Os nomes são Vinícius Laurindo e Rivaldo Benício.
“A oposição no Barro está unida com o propósito e compromisso de construir um futuro promissor para a nossa cidade, promovendo o bem-estar de cada cidadão. Juntos, podemos alcançar grandes conquistas e construir um futuro de progresso e desenvolvimento, ressaltou.
*A chapa foi eleita em eleições suplementares no fim de 2021
Em Santa Quitéria, o rompimento entre o prefeito e o vice aconteceu em janeiro de 2023. Na época, Lígia Protásio (PP) usou as redes sociais para criticar o prefeito Braguinha (PSB) e anunciar que iria se afastar politicamente. Na gravação, ela fala sobre "ingratidão" com grupo político.
A relação dos dois vinha desgastada e foi acirrada com o processo eleitoral de 2022. Ela alega que foi “gradativamente podada” de suas funções e disse que ela e sua família foram “vítimas de um estelionato eleitoral”. No início de abril, Braguinha foi afastado a pedido do MPCE por suspeita de corrupção.
Entre idas e vindas na cadeira de chefe do Executivo, prefeito e vice foram trabalhando seus nomes e preparando o campo para concorrer um contra o outro em outubro. Serão adversários por siglas e grupos políticos que são alinhados em nível estadual. Lígia foi filiada ao PT e terá o apoio da cúpula petista, como o deputado federal e líder do Governo Lula na Câmara dos Deputados, José Guimarães, e o presidente do partido no Ceará, Antonio Alves Filho.
Na outra ponta, está Braguinha, que é presidente municipal do partido no município, e seguirá filiado para a disputa nas eleições. Ele, ao lado do senador Cid Gomes (PSB), realizaram grande evento para filiação de lideranças municipais. Cid confirmou que o evento também funcionou como um lançamento da pré-candidatura de Braguinha.
O prefeito foi mais cauteloso e ressaltou que outros dois nomes podem ser lançados como o nome dos partidos aliados. “Aquele que estiver melhor pode ser o candidato. Eu tenho que estar preparado, estamos nos preparando. Dizer assim ‘eu sou o candidato”. Temos que estar sempre preparados”, avaliou.
O Município enfrentou uma série de atipicidades que acentuou o rompimento entre a chapa eleita em 2020. O prefeito Antônio Almeida Neto (MDB) foi afastado três vezes, sendo alvo de investigação do MPCE em processo sobre supostas irregularidades na contratação de servidores terceirizados.
A vice Ana Patrícia (Republicanos), quando assumiu pela segunda vez, fez pronunciamento criticando o prefeito e o grupo político. “Se hoje estou aqui, não foi uma escolha minha. Se hoje estou substituindo um prefeito que, pela segunda vez, está sendo acusado de corrupção, não fui eu, foi a Justiça”, afirmou. Ela também escancarou problemas no MDB, legenda onde era filiada.
Hoje vice-prefeita, já que o emedebista voltou ao cargo, ela se filiou ao Republicanos, hoje sob a liderança de Chiquinho Feitosa, e é pré-candidata. Antonio Almeida não pode disputar reeleição. Era cotado que fosse Will Almeida (MDB), sobrinho do prefeito, ex-vereador e hoje superintendente do Departamento Regional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) do Ceará. Ele confirmou que tinha colocado seu nome à disposição e que o prefeito o endossa.
No entanto, o deputado federal Eunício Oliveira (MDB) anunciou a ex-secretária de Saúde de Acopiara, Fábia Almeida (MDB), como pré-candidata à Prefeitura, firmando o nome da base do atual prefeito, tio dela.
Joeni Holanda (PP) e Karine Aquino (PSB), juntos em 2020, irão se encontrar em lados opostos este ano. Além do desgaste entre os grupos políticos, o rompimento passaria também pela montagem da chapa e por espaços na gestão. "Tenho direito de escolher um vice, assim como eles têm o direito de lutar pela gestão, não acho nada demais, não tem necessidade de ficar faltando com respeito", disse o prefeito em declaração no passado.
Ao O POVO, no ano passado, a vice disse que havia o compromisso de manter a mesma chapa em dois mandatos, mas foi comunicada pelas redes sociais que o prefeito escolheu outro nome para ocupar o cargo na próxima eleição. Segundo ela, não houve contato do prefeito. Agora, ambos estão como pré-candidatos após mudarem de partido: o prefeito migrou para o PP e a vice foi para o PSB.
O prefeito está em tratativas para receber o apoio do União Brasil e do PT, além do PP. Já Karine deve contar com a força de sua família já que é filha do ex-prefeito do município, Adelmo Aquino. Os dois vem compartilhando registros no Palácio da Abolição com Elmano e outros nomes da gestão. O POVO entrou em contato com a vice-prefeita para saber como está sua articulação, mas não houve retorno até o fechamento desta reportagem.
Não anda bem a relação da prefeita Ana Flávia Monteiro (PSB) e o vice Mano da Melancia (PRD). A prefeita trabalha sua reeleição no PSB, sendo parte do grupo que deixou o PDT seguindo os passos do senador Cid Gomes. A movimentação tem sido atrair vereadores, como aconteceu com o presidente da Câmara Municipal, Jarbas Nascimento, para siglas aliadas. O parlamentar se filiou ao PSB, mas o Republicanos também tem sido espaço para nomes próximos.
Mesmo com o afastamento, conforme o presidente do PRD, há diálogo para uma possível retomada de acordo, mas o vice tem se apresentado como pré-candidato e ainda avalia os cenários no município. Para Lins, há “tempo para avançar” nos diálogos e ressaltou que há “conjunturas e fatores” que vão medir se a candidatura do vice vai vingar. O vereador aponta, no entanto, que há um bom retorno popular ao nome de Mano e há um bom cenário.
Em Massapê, a disputa deve ter contornos pessoais, com o racha que levou a prefeita Aline Albuquerque a deixar o PP, presidido pelo irmão, o deputado AJ Albuquerque, para se filiar ao Republicanos. Lá, ela como pré-candidata à reeleição, contará com PT, PSB e o Solidariedade na coligação.
Em evento repleto de aliados, ela anunciou o apoio das siglas e apontou que “trouxe ainda mais força e união para nossa amada cidade”. “Com o apoio do nosso povo, vamos seguir avançando juntos, transformando Massapê em um lugar melhor para todos”, escreveu ela em suas redes sociais.
O embate familiar veio à público após um vídeo do deputado criticando a irmã, ao lado de Luiz Carlos, o vice-prefeito, ser veiculado nas redes sociais. O desentendimento teria sido motivado por um suposto cancelamento da cessão de um veículo utilizado pelo vice-prefeito para levar populares para atendimento médico em outras cidades. Para pôr fim à discussão, AJ foi à cidade dar um carro de presente ao hoje adversário de Aline.
O vice deve ser candidato ao mesmo cargo que já ocupa, mas desta vez com o ex-secretário de esportes de Fortaleza e vice-presidente do PSDB, Ozires Pontes, como candidato a prefeito. Ao O POVO, o ex-secretário confirmou que PT, PDT, PSD, União Brasil, além do PP, estão o apoiando. A composição com Luiz Carlos foi uma indicação do próprio PP, com as bênçãos de AJ Albuquerque.
Em Limoeiro do Norte, o rompimento é acompanhado do sumiço do prefeito José Maria Lucena (PSB). A vice-prefeita, Dilmara Amaral (PRD), atualmente no exercício da função de prefeita, rompeu relações com Lucena e afirmava existir dificuldade de contato com ele.
A ausência do prefeito se tornou investigação do Ministério Público (MPCE), que apurava se, devido à saúde do prefeito, outras pessoas estariam desempenhando as funções. O órgão pediu afastamento do gestor, mas ele acabou se licenciando e vem renovando a licença desde outubro do ano passado.
Dilmara não esperou outros prefeitos do PDT que migraram para o PSB e se filiou ao Republicanos. No entanto, conforme apurado em contato com nomes próximos a ela, ela deixou o partido ainda durante a época da janela partidária e hoje integra os quadros do PRD.
Ainda há diálogos sobre quem irá compor a chapa. Presidente do PRD no Ceará, o vereador Michel Lins apontou que Dilmara é “100%” pré-candidata e irá receber o apoio do PDT, Rede/Psol e Avante.
Já Lucena, como não pode se reeleger, será representado pelo grupo da filha, a deputada Juliana Lucena (PT). Ela já demonstrou apoio à suplente de deputado federal Maria José Maia (PSD), com as benção do ministro Camilo Santana (PT). A vice deve ser ocupada por alguém do PSB, até onde foi discutido, e o PT irá apoiar a chapa.
*O prefeito eleito pediu série de licenças e a vice tem atuado interinamente passado
Este é outro município em que o prefeito ficou ausente e foi preciso a abertura de um processo de investigação no Ministério Público. Além do sumiço de Luiz Menezes (PSD), havia suspeita de que a assinatura dele estaria sendo falsificada em documentos da Prefeitura. Ele foi afastado do cargo pela Justiça.
Em janeiro, por 10 votos a favor e 4 contrários, a Câmara Municipal de Tianguá aprovou a cassação do prefeito. Com isso, o então vice, Alex Nunes (PSB), que havia rompido com o prefeito eleito, assumiu permanentemente. O atual chefe do Executivo irá para a reeleição, turbinado com o apoio do senador Cid Gomes (PSB) e do deputado Junior Mano (PL).
A chapa do prefeito deve contar com o apoio de 12 dos 15 vereadores do Município e outros nomes, como o governador Elmano de Freitas, ministro Camilo Santana e o deputado líder do governo Romeu Aldigueri, conforme informou o vereador Zé Leôncio (PSB).
A legenda tem a maior bancada da Câmara com seis vereadores e outros seis parlamentares da base estão distribuídos em mais dois partidos aliados, o PP e o Republicanos. Ainda não é certo no se o grupo do prefeito cassado irá apresentar candidato ou dar apoio a alguma candidatura.
No entanto, a página do ex-gestor tem compartilhado diversas publicações ao lado da vereadora Magnólia Aragão (PSD). “Sinto orgulho de defender seu legado, dar continuidade aos seus princípios e me inspirar em seu espírito público diariamente. @drluizmenezes a história vai continuar”, disse em uma das diversas publicações compartilhadas.
*Após cassação do prefeito eleito, o vice tem atuado interinamente desde o ano passado
A sucessão da prefeita Rozário Ximenes (Republicanos) causou a dissidência do vice-prefeito Ilomar Vasconcelos (PT). A oposição consiste atualmente justamente no vice, nos vereadores Professor Jardel (PSB) e Sandra Coelho (PDT) e no deputado estadual Almir Bié (PP). Destes, os dois primeiros são pré-candidatos a prefeito, mas devem se unir em uma única chapa.
Conforme o vice, como mostrou O POVO, o rompimento entre esse grupo e Rozário se deu em 15 de março, com a retirada dos cargos ocupados pelo PT na gestão. Segundo o petista, a prefeita descumpriu acordo de que ele lideraria a sucessão.
Como candidato da base, Rozário lançou Kledeon Paulino (Republicanos), após negociação com Chiquinho Feitosa, presidente estadual do partido. A gestora apontou que a costura também foi conversada com Elmano e com Camilo, tendo o ministro, inclusive, participado de conversa com ela e com Chiquinho pelo telefone na época da janela partidária.
“Nós estávamos andando e fechando todos os partidos. Estou com candidatos bem firmes nos partidos, mas eu tive uma ligação”, afirmou. O diálogo aconteceu, segundo ela, para apontar que o candidato à Prefeitura teria que ser filiado ao Republicanos e que era preciso fazer uma migração entre os vereadores da base.
A chapa ficou restrita porque “Sandra montou um partido” e o “vice-prefeito montou um partido”. Segundo ela, a dupla também informou que iria conversar com Eunício Oliveira, presidente do MDB no Ceará, já que alguns vereadores deixaram o MDB para seguir em siglas aliadas no município.
O prefeito Bismarck Maia (Podemos) e a vice Denise Menezes (PT) estão rompidos desde 2022. Os dois estão no segundo mandato à frente da prefeitura de Aracati, mas a relação ficou estremecida por desgastes e piorou quando a vice se candidatou a deputada estadual.
Ela chegou a registrar boletim de ocorrência contra o filho do prefeito, Guilherme Bismarck (PDT), que foi secretário da Casa Civil na gestão do pai, alegando xingamentos da parte dele. Guilherme concorreu também a deputado estadual na mesma eleição. Ficou na suplência e atualmente exerce mandato. Ele, por sua vez, acusou a petista de ter sido homofóbica e afirmou que, ao longo da gestão do pai, manteve relação de carinho com Denise, mas disse que a vice agia com “interesses pessoais”.
O bloco do prefeito tem diversas figuras postas como pré-candidatos, como Ana Melo, secretária de Educação do município, os vereadores Xavier Maia (Podemos), Sergio Ricardo, Roberta Cardoso, (Podemos), Falcão Neto (Progressistas), entre outros.
Ao Jogo Político, o deputado federal Eduardo Bismarck (PDT), filho do prefeito, comentou que a discussão ainda está aberta e deverá ser escolhido aquele que “conhecer mais da máquina pública”. “O nome que nós vamos apoiar não é aquele nome que é mais perto ou melhor para o deputado Eduardo ou Guilherme ou para o prefeito. A gente tem a consciência de que temos de apoiar o nome que está mais disposto a trabalhar, conhece mais da máquina pública para fazer”, ressaltou.
Já o diretório municipal do PT de Aracati fechou unidade nas pré-candidaturas de Denise e Jonas Dezidoro, secretário executivo de Turismo no Governo do Ceará.
No município, PDT e PT não andam mais juntos. Neste mês de maio, a prefeita Simone Tavares (PDT) foi afastada por ação do Ministério Público do Ceará (MPCE), devido a suspeitas de irregularidades. No dia seguinte, o vice Renato Timbó (PT) foi convocado para assumir a gestão, o que durou apenas algumas horas. Isso porque, na tarde daquele sábado, 11, a Câmara Municipal decidiu pela extinção do mandato do vice.
A acusação foi o exercício irregular da advocacia. Como se decidiu pela extinção do mandato, não foi preciso votação no plenário, apenas decisão da presidência da Casa legislativa. O presidente da Câmara, atualmente na função de prefeito, está o vereador José Erivaldo (PDT), irmão da prefeita afastada.
O vice-prefeito é casado com a vereadora Brenda Freitas (PT) e ambos faziam oposição a prefeita afastada desde, pelo menos, 2023. Ainda no ano passado, após 12 anos sem candidatura a prefeito pelo PT em Caridade, o partido escolheu como pré-candidato Renato Timbó, que concorrerá as eleições municipais em 2024. A prefeita está no primeiro mandato e, em tese, poderia tentar a reeleição.
Já não andava bem a relação do prefeito Marcelo Machado (PSDB) e do vice Dr. Nenzé (PSB), mas o rompimento foi cimentado com o afastamento do gestor na quinta-feira, 16 de maio. Um dia antes da operação, o vice foi às redes sociais se defender de que seria ele o autor de denúncia que mirava Machado.
"Nunca fiz qualquer movimento para tirá-lo da Prefeitura de Crateús. Se o Marcelo tem algum problema, ele que vai resolver juntamente ao Ministério Público", disse em vídeo. No dia seguinte, Machado foi afastado e chegou a chorar alegando perserguição.
O ponto é que, filiado ao PSB, Dr. Nenzé declarou apoio à candidatura da senadora Janaína Farias (PT) à Prefeitura de Crateús, nas eleições deste ano. Já Machado está no segundo mandato e já vem de reeleição. O prefeito não anunciou apoio a ninguém, mas nomes próximos a ele, como o ex-chefe de gabinete, Dr. Gomes (PSDB), tentam se viabilizar.