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Aracati: Federação PT-PCdoB-PV desfaz coligação com oposição a Bismarck Maia e libera partidos
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Aracati: Federação PT-PCdoB-PV desfaz coligação com oposição a Bismarck Maia e libera partidos

O que ocorre em Aracati é uma disputa entre aliados do governo Elmano de Freitas. Ao desfazer a decisão, a federação alegou "descumprimento de diretrizes"
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CAETANO Neto (Republicanos) é opositor de Bismarck Maia (Podemos) (Foto: Reprodução/Instagram/FABIO LIMA/O POVO)
Foto: Reprodução/Instagram/FABIO LIMA/O POVO CAETANO Neto (Republicanos) é opositor de Bismarck Maia (Podemos)

A Federação Nacional Brasil da Esperança (Fé Brasil), composta pelos partidos PT, PCdoB e PV desfez a coligação com o opositor do prefeito Bismarck Maia (Podemos), o candidato Caetano Neto (Republicanos). Os partidos foram liberados para apoiarem informalmente o candidato que quiserem.

O PT estadual havia intervido e desfeito a parceria feita pelo PT municipal, junto da comissão provisória da federação em Aracati, afirmando que a sigla não apoiaria ninguém na disputa da cidade distante 147,13 km de Fortaleza. A orientação foi ignorada pelo PT de Aracati que firmou, em convenção no último dia 27, uma coligação com o Republicanos.

Após recurso, a decisão seguiu para a instância nacional. Em nota, assinada por Luciana Santos, presidente nacional da federação, foi alegado que a convenção eleitoral realizada pela comissão provisória “descumpriu diretrizes e decisões legitimamente estabelecidas no processo decisório da Federação”.

Ou seja, a princípio o PT municipal firmou aliança com Caetano Neto (Republicanos), que representa oposição ao prefeito Bismarck Maia (Podemos), cuja candidata à sucessão é a vereadora Roberta Cardoso (Podemos). Bismarck e o Podemos integram a base do Governo Elmano de Freitas (PT) a nível estadual.

Um dia antes da convenção petista no município, o PT Ceará encaminhou ao PT de Aracati que a coligação não deveria ser feita. O partido afirmou, na ocasião, que não apoiaria nenhum candidato a prefeito, liberando os filiados para fazerem campanha por qualquer dos nomes na disputa.

A sigla municipal não levou em consideração a decisão da estadual e, na convenção, manteve, junto da Federação, a aliança e chegou a encaminhar as atas para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A coligação com o Republicanos ainda consta no sistema.

Segundo o presidente da Federação no Ceará, Luís Carlos Paes, é neste ponto que a federação nacional entra, determinando, conforme quis o PT Estadual, que os partidos não iriam se coligar oficialmente, mas estavam liberados.

“Grande maioria vai apoiar os opositores [de Bismarck]. Foi o que decidimos na convenção, mas oficialmente, não há coligação. Possivelmente, a informação será atualizada nos próximos dias no TSE”, diz o presidente.

Além de reverter a decisão, a federação nacional mudou a composição da comissão em Aracati. A presidência fica com um filiado ao PCdoB, Antônio Alysson de Aguiar Paula, a primeira vice-presidência com um filiado ao PV, Walter Lima Frota Cavalcante e segunda vice-presidência com o PT, com Ivanilde Pereira da Silva.


Apoio a Caetano Neto era criticado pelo prefeito Bismarck Maia e comemorado por Zé Airton

O que ocorre em Aracati é uma disputa entre aliados do Governo Elmano de Freitas: Bismarck Maia, prefeito de Aracati, e José Airton Cirilo (PT), deputado federal natural da cidade e articulador da política local.

O PT de Aracati, a princípio teria chapa própria, mas decidiu retirar a pré-candidatura da vice-prefeita Denise Menezes e apoiar o ex-vereador Caetano Neto (Republicanos). O diretório petista no Município fez duras declarações ao prefeito Bismarck, citando “modelo patrimonialista de uma oligarquia familiar”, e defendeu fazer parte de uma frente ampla. O prefeito devolveu as críticas.

Bismarck rebateu às críticas, dizendo que a movimentação do PT “fecha de vez” o quadro político da oposição. Ele disse que a sigla tinha sido beneficiada direta ou indiretamente pelo deputado Eduardo Bismarck (PDT), cassado em julho pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Forte opositor de Bismarck, o deputado José Airton se pronunciou sobre a decisão e reforçou a escolha do PT municipal. Ele chegou a afirmar ao O POVO que, no âmbito estadual, a tendência de apoio se repetiria, o que acabou não ocorrendo.

Em resposta, Bismarck citou Airton como “membro tradicional do PT”, que “conhece o partido e quem quer apoiar”, relembrando a parceria com os petistas nas duas ocasiões em que governou Aracati, o que teria ocorrido sem o apoio do deputado.

Deputado federal José Airton Cirilo (PT) e prefeito de Aracati, Bismarck Maia (Podemos) são antigos opositores na cidade
Deputado federal José Airton Cirilo (PT) e prefeito de Aracati, Bismarck Maia (Podemos) são antigos opositores na cidade

Aracati: Zé Airton cita troca de apoio do PT com Bismarck e prefeito projeta apoio de petistas

A decisão do PT de neutralidade em Aracati deve “ajudar” a base local do PT no município a seguir junto do bloco do prefeito Bismarck Maia (Podemos), que indicou Roberta Cardoso (Podemos) como candidata à sua sucessão. Em conversa com O POVO, o prefeito descartou o apoio de lideranças maiores, como a vice-prefeita, Denise Menezes (PT), e o deputado federal José Airton (PT), seu desafeto histórico, mas fala que nomes locais devem caminhar ao seu lado.

“Tem umas expressões, pessoas mais conhecidas que votam, devem votar, estão se expressando assim, na candidatura de oposição, mas acho que a maioria lá, a maioria de apreciadores, de admiradores e até mesmo de membros do PT, eu acho que deve ficar com a gente”, ressaltou.

E seguiu: “Acho eu, estou vendo isso agora, estou vendo no dia a dia, não falo das lideranças maiores (como) a vice-prefeita, o deputado federal, eles estão se manifestando e ficaram do outro lado, mas eu não vejo isso na base, no povo”.

Mesmo com a possibilidade de membros do PT no município poderem ter a “opção” de escolha de qual chapa apoiar, foi preciso que a sigla, em nível estadual, aprovasse a neutralidade, o que retirou o apoio à chapa de Caetano Neto (Republicanos). A decisão da sigla, conforme Zé Airton, veio na expectativa de uma troca de apoio, com preocupações em Fortaleza, onde o PT tem Evandro Leitão como prioridade.  

“O PT estadual, assim como o nacional, analisa do ponto de vista estratégico geopolítico os interesses do partido e houve uma solicitação muito forte do Podemos inclusive condicionando o apoio ao Evandro aqui à neutralidade lá em Aracati”, afirmou na sexta-feira, 2, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve no Ceará.

Ele ressalto que, embora o PT tenha adotado essa postura, os demais partidos da federação, PCdoB e PV, desejaram seguir com Caetano e ainda há um impasse, já que, em tese, o partido teria que seguir com a indicação dos demais partidos.

Em Fortaleza, uma espécie de apoio do Podemos ao prefeito José Sarto (PDT) chegou a ser anunciado, com a presença do prefeito no evento de convenção partidário da sigla. O próprio PDT nacional dava como certa a participação de Sarto em convenções de partidos aliados, citando, entre as siglas, o Podemos.

Apesar do anúncio da ida do gestor, ele não compareceu. Na data, Bismarck foi ao evento e ressaltou que o partido não irá se coligar com o bloco de Sarto, vai seguir posição de neutralidade e que segue na base do governo estadual. 

"Oficialmente, nós estamos neutros, o Podemos faz parte da base do governo. Isso serve para questões municipais em outros municípios, mas temos uma forte chapa de vereadores e a neutralidade abre espaço para as pessoas se manifestarem", poderou Bismarck.

Colaborou Thays Maria Salles, repórter do O POVO

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