Em dois anos de investigações, o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou 371 pessoas por envolvimento nos atos golpistas de 8 de Janeiro de 2023, dentre as quais figuram 70 criminosos foragidos, conforme levantamento em consulta ao Banco Nacional de Mandados de Prisão.
Pelo menos um deles é cearense: Romario Garcia Rodrigues, 34 anos. Militante bolsonarista de Fortaleza, ele fugiu para Argentina, passou por Chile, Peru e, em dezembro, estava na Colômbia. O objetivo era ir aos Estados Unidos.
Romário é acusado dos crimes de atos terroristas, inclusive preparatórios; associação criminosa; abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; ameaça; perseguição, e incitação ao crime.
Ele foi um dos mais de 1,4 mil participantes dos ataques golpistas que foram detidos. Ficou preso por cerca de dois meses em 2023 e teve liberdade concedida pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. Em novembro de 2024, ele quebrou a tornozeleira eletrônica e fugiu para a Argentina com grupo de militantes bolsonaristas. Eles seguiram pelo deserto do Atacama, no Chile, e chegaram a Santa Rosa, no Peru, em 19 de novembro.
Depois que o STF pediu a extradição do grupo, eles saíram da Argentina e seguem em rota de fuga.
Nas redes sociais, Romário se orgulhade ter sido, segundo ele, o “primeiro gay nordestino a tomar café da manhã" com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A maioria dos golpistas foragidos foi julgada e condenada no início de 2024, entre fevereiro e abril, mas segue em liberdade dois anos após a intentona contra os Três Poderes. Somente 27 pessoas tiveram seus mandados de prisão expedidos na reta final do ano, nos meses de novembro e dezembro. Também constam na lista réus com ordens de prisão preventiva não cumpridas.
Antonio Marcos Ferreira Costa foi condenado em março de 2024 e teve o mandado de prisão expedido no dia 24 de abril do mesmo ano. Oito meses depois, as autoridades policiais ainda não o localizaram para prendê-lo.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Costa por tentar "depor, por meio de violência e grave ameaça, o governo legitimamente constituído". Os ministros do STF aceitaram a denúncia e o condenaram a 14 anos de prisão.
A denúncia ainda afirma que o golpista esteve no Palácio do Planalto, onde "destruiu e concorreu para a destruição, inutilização e deterioração de patrimônio da União, fazendo-o com violência à pessoa e grave ameaça, emprego de substância inflamável e gerando prejuízo considerável para a vítima".
Com mandado de prisão expedido em abril do ano passado, Marileide Marcelino da Silva foi acusada de invadir o Congresso e destruir diversos itens do patrimônio público, incluindo obras de arte e um veículo da marca Jeep. O seu julgamento foi finalizado no dia 12 de abril e culminou em uma condenação a 14 anos de prisão.
"Assim agindo, Marileide Marcelino da Silva tentou, com emprego de violência e grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos Poderes Constitucionais, bem como depor o governo legitimamente constituído, buscando a tomada do poder por militares e a implantação de uma ditadura", denunciou a PGR.