Na primeira reunião ministerial do ano, nesta segunda-feira, 20, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enquadrou os ministros e reafirmou o poder do chefe da Casa Civil, Rui Costa, sobre atos normativos dos ministérios. Sem citar diretamente o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ele reclamou da medida da Receita Federal sobre o Pix que gerou uma crise para o governo e indicou que haverá um controle maior sobre as decisões das pastas.
"Daqui para frente é dedicação. Mais do que vocês já tiveram. Daqui para frente nenhum ministro vai poder fazer portaria que crie confusão para nós sem que essa portaria passe pela Presidência da República através da Casa Civil. Muitas vezes a gente pensa que não é nada, mas alguém faz uma portaria, faz um negócio qualquer e, daqui a pouco, arrebenta e vem cair na Presidência da República", disse Lula aos auxiliares.
Na semana passada, após onda de notícias falsas sobre tributação em operações com o Pix, o governo recuou e revogou uma instrução normativa da Receita que havia entrado em vigor no dia 1.º e obrigava as instituições financeiras a informar movimentações, inclusive pelo Pix, acima de R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para pessoas jurídicas.
O caso desgastou Haddad. Lula editou uma medida provisória para reforçar que a ferramenta de pagamentos não será taxada. No Palácio do Planalto, o recuo do Pix foi recebido com lamentação e reacendeu a preocupação sobre a comunicação do governo para se chegar a 2026, quando o petista pode disputar novo mandato.
A primeira reunião ministerial do ano ocorreu no momento em que o Planalto se reorganiza para os próximos dois anos de governo, visando às eleições de 2026. A nova gestão da comunicação, comandada por Sidônio Palmeira, terá como foco aumentar a popularidade do presidente.
O encontro ministerial, que durou cerca de sete horas, foi realizado na Granja do Torto, uma espécie de casa de campo da Presidência da República. A fala de abertura de Lula na reunião foi transmitida.
Lula afirmou que o governo precisa ter a compreensão de que a população trabalhadora não tem os mesmos desejos que a dos anos 1980, quando o PT foi fundado. "O povo com que estamos trabalhando hoje não é o povo dos anos 1980, que queria ter emprego com carteira assinada. É um povo que está virando empreendedor e precisamos aprender a trabalhar com essa nova formação do povo brasileiro", disse. (Agência Estado)