Oscar Rodrigues (União), prefeito de Sobral, município distante 233,78 km de Fortaleza, criticou o funcionamento do Consórcio de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da Região Metropolitana de Sobral (CGIRS-RMS), após episódio em que a cidade foi impedida de depositar resíduos no local devido a dívida de mais R$ 1,2 milhão: “Prejuízo para as cidades”.
A fala ocorreu em entrevista ao portal O Sobralense nessa quarta-feira, 16. O gestor avalia que o consórcio não é “coisa boa”, já que algumas das 19 cidades que participam são distantes. “Tem cidade bem longe de Sobral e vem deixar o lixo aqui em Sobral, então quanto é que ele gasta só de combustível para vir a Sobral? Soma isso no final do mês. Então é um prejuízo. Então esse consórcio do lixo traz prejuízo para as cidades”, apontou.
Na segunda-feira, 14, a Prefeitura de Sobral foi impedida de descartar o material de caminhões de lixo do município na associação após acumular três meses de dívidas que somaram mais de R$ 1,2 milhão.
Outro ponto levantado por Oscar Rodrigues é que Forquilha, município em que o prefeito Edinardo Filho (PSB) é também presidente do CGIRS-RMS, deixa “grande parte do lixo, traz um pouquinho para Sobral, aí vai pagar pouco”. “Aí o preço dele é igual ao meu? É, mas ele manda bem pouquinho, o resto está lá, mandaram uns vídeos com lixo adoidado lá. Quer dizer, eu acho injusto isso”, comenta.
Sobre a separação dos resíduos no município, Edinardo nega os apontamentos de Oscar Rodrigues. “Forquilha, todo o lixo da coleta pública é destinado ao consórcio. Todo o lixo. Agora, algumas empresas, algumas pessoas, ainda jogam lixo no antigo lixão”, rebateu o gestor.
Ele continua: “Inclusive partiu de mim, da gestão municipal (...) uma nova lei para endurecer mais ainda o poder de fiscalização, de multar quem for pego colocando lixo em local inadequado. Deixo claro isso e é totalmente mentira a história de que Forquilha só manda uma parte”.
A dívida foi parcelada e o acesso da Prefeitura ao CGIRS-RMS foi normalizado. "Eles propuseram um parcelamento da dívida e a gente aceitou. E foram reabertos novamente os portões para Sobral”. A primeira parcela foi paga e agora a Prefeitura deve pagar a parcela mais a mensalidade.
Oscar Rodrigues chegou a levantar a hipótese de deixar o consórcio. “Ele deverá ser corrigido ou então eu vou sair do consórcio do lixo, eu vou procurar fazer o meu próprio lixo”, declarou. Oscar também relacionou a questão com problemas de gestões anteriores.
“Eu sei que eu vou ser muito cobrado porque eu fiz muitas críticas e faço, eu vou ser muito cobrado, mas o meu tempo é muito pequeno, muito pequeno para fazer uma gestão corrigindo problemas anteriores, por exemplo, aqui em Sobral o lixo é todo colocado a céu aberto, então é outro protesto meu. Eu já tenho muitos caminhões recolhendo lixo na cidade”, contou.
Sobre o rompimento com a associação, Edinardo Filho explica que “não é fácil sair do consórcio”. “Foi feito em TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) junto ao Ministério Público para a criação do consórcio. Os municípios não podem sair assim do consórcio. Eles vão depositar o lixo deles onde? Não existe outro consórcio, outro aterro na região. E hoje para conseguir uma nova licença demora tempo, é muito caro”, rebate.
“Tanto que 19 municípios fazem o rateio disso, mas é uma opção dele (Oscar). Ele tem que se entender com o Ministério Público, com a Justiça, não é comigo. Acho totalmente inviável essa possibilidade (de deixar o consórcio), porque quando ele for realmente sentar e botar no papel esse plano dele, vai ver que economicamente, financeiramente, é totalmente inviável”, completa Edinardo Filho.
O presidente do consórcio esclarece que “não tem lixo a céu aberto no consórcio. O prefeito Oscar não conhece, o qual eu já convidei e, hoje pela manhã novamente, convidei para ele conhecer o consórcio, saber como funciona cada etapa. Não tem lixo a céu aberto no consórcio. Todo o processo é feito rigorosamente dentro das leis ambientais”.
O gestor afirma que a Prefeitura e o consórcio estão dialogando, “depois do problema a Prefeitura abriu diálogo, coisa que não tinha aberto até então, desde janeiro, dessa gestão”.