O Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) marcou para o dia 6 de julho de 2025 a eleição suplementar de Senador Sá, distante 280 quilômetros de Fortaleza.
A decisão foi tomada nesta segunda-feira, 12, em sessão híbrida do TRE-CE e ocorre diante da cassação dos diplomas do prefeito Bel Júnior (PP) e da vice Professora Maria (PP) por abuso de poder político e econômico nas eleições de 2024.
Além disso, o Tribunal já havia determinado a inelegibilidade Bel Júnior pelo período de oito anos.
O cerne do caso é o evento "Cavalgada do Bel", realizado em 17 de agosto de 2024, durante a campanha eleitoral. Em um primeiro julgamento, foi explicitado que a ocasião contou com a distribuição de camisas e bonés alusivos às cores do partido de Bel, o Progressistas, além da emissão sonora de músicas de campanha.
A programação teve apresentação de cinco artistas regionais e distribuição de comidas e bebidas, além da disponibilização de uma ambulância para a cobertura do evento. Também houve uma passeata com paredão de som exibindo frases a favor do então candidato do PP.
Em janeiro, o TRE-CE já havia determinado a cassação do mandato do prefeito de Senador Sá, mas o julgamento foi anulado por questões formais. Na época, o Tribunal reverteu decisão de primeira instância, decidindo pela destituição da chapa e pela realização de uma nova eleição.
Já em abril, a Corte Eleitoral, quando o caso foi julgado novamente, determinou, por unanimidade, mais uma vez, a cassação dos diplomas do prefeito Bel — além da inelegibilidade dele por oito anos — e da vice Professora Maria.
Os membros do TRE-CE concluíram que os candidatos eleitos cometeram abuso de poder político e econômico na realização do evento "Cavalgada do Bel".
O Tribunal acatou denúncia da coligação da candidata derrotada Zilma Araújo (PSB) em Senador Sá. A Corte compreendeu, novamente, que o evento, representou benefício eleitoral para a chapa vencedora. Na época, o prefeito publicou vídeo em que alegava que os "ritos do TRE não foram colocados da forma correta". Ele projetava recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em casos semelhantes, a Corte superior tem sido favorável a suspender a ocorrência de eleição até a análise dos recursos.
"Mais uma vez atropelaram a legislação. Nós vamos recorrer no TSE para que a gente possa comprovar, primeiro, que os ritos não foram legais, e, segundo, que somos inocentes. Uma cavalgada como esta que é feita todo ano em Senador Sá", disse o gestor após ser cassado em março.
Ele apontou que, mesmo se novas eleições forem realizadas, "estaremos ao lado de vocês, junto com vice-prefeita, os vereadores, a população. Para mostrar que a democracia tem que ser feita traves do voto", disse ainda.
O POVO procurou o TRE-CE para saber mais detalhes da eleição suplementar em Senador Sá, bem como Bel Júnior, via assessoria de imprensa, para comentar o assunto. Não houve retorno até o fechamento.