O ministro da Educação, Camilo Santana (PT), lamentou a aproximação do ex-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) com políticos bolsonaristas do Ceará, a exemplo do deputado federal André Fernandes (PL), candidato derrotado no 2º turno das eleições para prefeito de Fortaleza. O petista destacou que a vida e os eleitores darão as "respostas" sobre as decisões tomadas pelos adversários.
“Eu não falo os motivos disso, é lamentável, mas enfim, cada um toma suas decisões", afirmou o ministro na quarta-feira, 21, após participar de debate na Câmara sobre o novo marco regulatório do ensino online. E acrescentou: "Sempre eu digo, caberá a vida e aos eleitores que nos julgam dar as respostas. Os eleitores têm dado as respostas".
Ex-ministro e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes se reuniu recentemente com lideranças cearenses bolsonaristas do PL e do União Brasil, e sinalizou a construção de uma aliança contra o PT nas eleições de 2026.
Ele disse que, apesar de no ponto de vista nacional haver diferenças "às vezes incontornáveis", há convergências entre eles para "salvar o Ceará".
Ao lado do deputado estadual Alcides Fernandes, pai de André Fernandes, que por sua vez é um dos principais defensores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Câmara, Ciro afirmou que vê no bolsonarista "todos os dotes e qualificações", "um homem decente, de fé" para o Senado em 2026.
Ele desconversou sobre a possibilidade de se lançar pela aliança em formação como candidato ao governo do Estado. Em conversa reservada, porém, deu esperanças de que pode concorrer mais uma vez ao Palácio da Abolição, caso seu nome aglutine mais apoios.
Diante dessas movimentações, perguntado sobre uma eventual candidatura de Ciro, o governador Elmano de Freitas (PT) desconversou. "Eu estou primeiro preocupado em garantir as entregas que o nosso governo se comprometeu com o povo cearense. Então estou muito focado de entregar tudo aquilo que nós nos comprometemos. E o processo eleitoral eu prefiro me reportar a ele quando for 2026", declarou.
O governador disse que, enquanto a oposição quer discutir sobre as eleições, ele e o Governo estão focados na discussão sobre as entregas. "Então acho que quem é do governo, a regra é trabalhar, trabalhar, não parar de trabalhar e deixar para discutir a eleição quando chegar o momento adequado", afirmou.
Ele afirmou manter diálogos frequentes com o senador Cid Gomes (PSB), irmão de Ciro, e ressaltou que conta com o apoio dele na busca pela reeleição ao Palácio da Abolição em 2026. Segundo o petista, a palavra do senador basta e é o suficiente, mesmo diante da possibilidade de o irmão Ciro Gomes disputar o Palácio da Abolição no ano que vem.
"Eu tenho tido conversas regulares com o senador Cid. Ele diversas vezes durante o mandato, e hoje pra mim basta a palavra do senador Cid. O senador Cid já disse publicamente que apoia a possibilidade de colocarmos o nosso nome para a reeleição, ele apoiará a nossa reeleição", disse na terça-feira, 20.
"E pra mim pelo histórico e pelo conhecimento que eu tenho do Cid, a palavra dele pra mim é suficiente e total", completou.
Cid Gomes deu declarações públicas do seu apoio à reeleição do Elmano. "E do nosso compromisso de ajudar o seu governo e de trabalharmos um futuro que, para mim, o natural é sua candidatura à reeleição. Conte comigo", disse o senador no início do ano.
Elmano esteve em Brasília, onde participou de encontro com prefeitos cearenses, promovidos pela Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece). Na chegada ao evento, ele conversou com o correspondente do O POVO em Brasília, João Paulo Biage. Já Camilo foi entrevistado enquanto deixava a Comissão da Educação da Câmara dos Deputados. (Com Guilherme Gonsalves)