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Marina Silva é alvo de ataques no Senado e se retira de sessão
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Marina Silva é alvo de ataques no Senado e se retira de sessão

|Bate-boca| Ela chegou a ter o microfone cortado, além de ser sido alvo dos parlamentares. A ministra pediu que um senador pedisse desculpas e, com a negativa dele, se retirou da sala
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Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) recebeu a ministra de Estado do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, para discutir com os senadores a possível criação de uma unidade de conservação marinha na Região Norte (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) recebeu a ministra de Estado do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, para discutir com os senadores a possível criação de uma unidade de conservação marinha na Região Norte

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, abandonou nesta terça-feira, 27, a Comissão de Infraestrutura (CI)Senado após uma forte discussão com parlamentares. Ela foi convocada para tratar da criação de unidades de conservação marinha no Norte. O convite surgiu diante das dúvidas que a instituição dessas áreas impossibilitasse a exploração de petróleo na Margem Equatorial no Amapá.

Os parlamentares também queria esclarecimentos sobre as exigências feitas à Petrobras para obter a licença de exploração de petróleo na região, uma área marítima próxima à maior floresta tropical do planeta. A licença está em análise pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), um órgão autônomo vinculado ao Ministério do Meio Ambiente.

Após três horas e meia de debate e desentendimento com o senador Plínio Valério (PSDB-AM), a ministra se retirou da audiência. "Eu estou vendo uma ministra, não estou vendo uma mulher. A mulher merece respeito, a ministra, não", provocou o senador Plínio Valério. Marina respondeu: "Eu fui convidada como ministra e se ele não me respeitar como ministra, vou me retirar". Ela exigiu um pedido de desculpas e, como não foi atendida, retirou-se da audiência. Em março, Valério havia declarado que era difícil "tolerar" Marina Silva por várias horas "sem enforcá-la".

O senador Omar Aziz (PSD-AM), da base aliada de Lula, acusou a ministra de "atrapalhar o desenvolvimento do país" e citou o caso da rodovia amazônica BR-319, que liga as capitais estaduais Porto Velho e Manaus, no norte do Brasil, cuja pavimentação está paralisada há anos devido ao possível impacto ambiental negativo.

A ministra também discutiu com o presidente da comissão, o bolsonarista Marcos Rogério (PL-RO), a quem acusou de querer que ela fosse uma "mulher submissa", após ele silenciá-la várias vezes e mandar que ela "se ponha no seu lugar". O microfone dela chegou a ser cortado em alguns momentos. 

Enquanto o Brasil se prepara para sediar a conferência climática da ONU, a COP30, marcada para novembro em Belém, crescem as pressões políticas sobre Marina Silva, que se mostra contrária a um megaprojeto de exploração petrolífera, abertamente apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A ministra já havia deixado, em 2008, o segundo governo do então presidente Lula por dificuldades em implementar sua agenda ambiental.

"O que não pode é alguém achar que porque você é mulher, porque você é preta, porque você vem de uma trajetória de vida humilde, que você vai dizer quem eu sou e ainda dizer que eu devo ficar no meu lugar. O meu lugar é onde todas as mulheres devem estar", disse a ministra a jornalistas posteriormente.

A ministra recebeu o apoio de ministros do Governo Lula e da primeira-dama Janja. O presidente ligou para a ministra e prestou solidariedade. Após o episódio, Marina se encontrou com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) e abriu frente para o travamento do projeto que altera as regras do licenciamento ambiental. (Com Agência Estado e Agência Senado)

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